Transportes - Parte 5: A motorizada

O Vietname é rico em motoretas e motoboys!
São milhões! ... de ambos!
Todas parentes das Zundapp e das Famel.



Como puderam perceber por estes 30 segundos, o meu único foco era conseguir que nenhuma me atropelasse, o que já me parecia ser uma tarefa bem difícil.
Até que...

Chegámos a Ninh Binh num autocarro-cama (como os que descrevo aqui). Sabíamos que o hotel reservado ficava próximo da paragem de autocarro (a recolha deste tipo de informação faz parte da preparação), mas era noite e a cidade pareceu-nos confusa (coisa estranha no Vietname...) e resolvemos pedir ao senhor da estação que chama-se um táxi. Não percebi as palavras que proferia mas os gestos com as mãos não enganavam. Devíamos esperar.  

Estávamos nós à espera do táxi quando apareceram dois rapazes nas suas motoretas. Nem ligámos. Mas afinal era para ligar porque estes seriam os nossos taxistas. Ainda disse que não era daquele tipo de táxi que estávamos à espera, mas serviu do mesmo. 
O senhor punha o dedo polegar para cima. Devia querer dizer que aqueles motoboys eram do melhor e era aquele transporte o adequado para nós... 

Como se diz no Alentejo, "não estava com elas todas na malhada", mas lá fomos. Eu com o meu motoboy e a minha amiga  com o dela.

Da esquerda para a direita: a minha mochila, o motoboy e eu (Foto minha)

A viagem para o hotel correu bem, apesar de me ter faltado mãos para segurar tanta coisa: o motoboy, o resto do farnel que trazia e o capacete (os vietnamitas têm um problema qualquer com os capacetes, ou então sou eu!... aquilo cai por todo o lado!). 
Pensámos que a nossa aventura em "Zundappes" estava terminada. Mas não, o melhor estava para vir!

O dia seguinte estava destinado a visitar Tam Coc, que não sendo longe da cidade, não dá para ir a pé. Vimos no hotel quanto custava o passeio, mas mochileiro que é mochileiro acha tudo caro e portanto não comprámos.
Disse à minha companheira de viagem "a gente faz isto por metade do preço!"


Tam Coc, um sítio muito bonito (Foto minha)



Em Tam Coc, os passeios são de barco e ao remo vai sempre uma mulher que rema com os pés (cada um rema com o que lhe dá mais jeito) (Foto minha)

Sem transporte para Tam Coc, o que fazíamos agora? Combinei com a minha amiga, iríamos na primeira coisa que nos aparecesse.
Ainda não tínhamos saído da porta do hotel e já estava parado um motoboy (era mais um motoman) a perguntar se queríamos os serviços dele.

Só que nós éramos duas e a motoreta era só uma...
Não havia problema nenhum!
Cabíamos os três!!
E fomos!

Aqui estou só eu mas garanto que fomos as duas na motoreta! (Foto minha)

 A partir desta altura, nós já éramos especialistas em Zundappes!

Tam Coc visitado, fomos para Hué numa viagem noturna (mais uma vez num autocarro-cama).
Mal dormidas, começámos a caminhar até que... mais um motoboy se aproxima. Aqui já nem era um motoman. Era mais um motoold!

Ainda pensou um pouco sobre se caberíamos os três...
Claro que cabíamos!
E lá vamos nós, mas só depois do senhor pedir a um amigo um capacete extra! (que a segurança está em primeiro lugar...)


Eu com o motoold e o raio do capacete que caia por todo o lado (Foto minha)


A coisa correu tão bem que, à despedida, pensámos "e se contratássemos o senhor para amanhã?" O pensamento foi o seguinte: "o senhor já é entradote na idade e de certeza que não se põe a fazer avarias connosco na motorizada". Ah pois....
Depois de uma negociação algo difícil, tínhamos contratado o motoold para as 7 da manhã do dia seguinte, junto à porta do hostel. Mas sem capacete para mim, que ter de segurar o capacete com as mãos só atrapalha!
E às 7 da manhã lá estava ele à nossa espera! 
Tínhamos uma longa caminhada para fazer até aos túmulos que queríamos ver.
Agora é que começava a aventura!

A disposição na motoreta foi a de sempre:
- Motoboy (neste caso motoold) à frente, no comando do acelerador.
- Eu no meio, no comando do motoboy.
- A amiga atrás, no comando do trânsito, dos sinais de trânsito e de mim!

Primeiro há que sair da cidade. 
Transito caótico; cruzamentos em que tem prioridade quem avança primeiro; coisas com luzes a que chamamos semáforos a enfeitar os cruzamentos!

E vruumm ... toca a acelerar!
Diz a amiga: Ai que o homem vai passar o vermelho! Estava vermelho! Ai que a gente vai bater! Socorro! 
Digo eu para a amiga: Fecha os olhos!
Digo eu para o motoold: Slow, slow, danger, danger!
Mas... nem a amiga fechava os olhos, nem o motoold andava devagar...

Vruuummm! acelerava o motoold.
Estas tangentes e estas curvas devem impressionar as estrangeiras!
Vruumm! Vruumm!

Depois de sair da cidade, e quando pensávamos que o perigo tinha acabado, a coisa piorou... é que nada é melhor do que ir por um atalho!

Dizia a amiga: Mas onde é que o homem nos leva?
Dizia eu: o túmulo deve ficar no meio do mato.
E lá vinha mais um caminho de terra batida cheio de sulcos e nós os três numa zundapp que ameaçava parar no meio do nada a qualquer momento.
Ai que a motoreta não aguenta com a gente!

Vruumm, vruumm acelerava o motoold!
Ai Jesus, ai Santo António! Dizia eu (dá-me para a religiosidade quando vejo as coisas mal paradas).

E pronto... depois de vales (e valas) e montes lá chegámos ao túmulo mais distante.
Agora era só caminhar novamente para a cidade, com mais duas paragens para ver templos e túmulos.

Mas quando parámos no primeiro templo/túmulo pensámos: como é que a gente vai descobrir o nosso motoold no meio de centenas de motoboys e respetivas zundapps?


Os túmulos reias ficam em jardins imensos ou uma série de construções que os Reis preparavam e tinham como refúgio em vida (Foto minha)



Túmulo de Minh Mang (Foto minha)

Túmulo de Minh Mang (Foto minha)

Túmulo de Khai Dinh (Foto minha)

Túmulo de Khai Dinh (Foto minha)

Túmulo de Khai Dinh (Foto minha)

Não foi preciso procurar o nosso motorista. À saída de cada templo lá estava ele a acenar-nos, todo sorridente.

No final tivemos um bónus. O nosso motoold levou-nos a uma igreja católica.
Afinal deve ter percebido os meus "Ai Jesus, Ai Santo António".


Igreja de Nossa Senhora, bónus dado pelo nosso motool (Foto minha)

O que é certo é que pagámos praí um terço do que os espanhóis (que tínhamos encontrado em Tam Coc e voltámos a encontrar aqui) pagaram por um táxi convencional e de certeza que nos divertimos mais do que eles.


Estou um bocadinho tímida a fazer o V de vitória... (Foto minha)

Sãs e salvas chegámos ao ponto de partida!


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