Irão - Roteiro

O Irão foi um dos países mais fantásticos que visitei até hoje.
Porquê?
Porque é feito pelas pessoas mais simpáticas, afáveis e sedentas de contactar com estrangeiros que conheci.
Lá não é Cristiano Ronaldo que sai da boca das pessoas, quando dizemos que somos de Portugal. É Carlos Queiroz. Até chamam a família toda para tirar uma fotografia com as portuguesas!
Como me lembrei de ir ao Irão?
Dos muitos sites e páginas de Facebook sobre viagens que acompanho, tirei uma conclusão. Quem nunca visitou o Irão diz para não ir, que é perigoso, cheio de extremistas. Quem já foi só diz bem. Fui para ver com os meus olhos. Não se fica a conhecer um país em oito dias, mas depois de lá ir incluo-me no segundo grupo.

A viagem foi realizada em 2014, feita através de uma agência de viagens mas não em excursão. Éramos apenas duas pessoas, sempre acompanhadas por uma guia e um motorista. Um verdadeiro luxo que hoje sei não ser preciso mas que na altura não sabia. Por isso, não vou contar como fizemos as viagens ou como foram feitos os transferes entre os aeroportos e os hotéis. Fomos sempre de carro e tínhamos sempre alguém para nos trazer ou levar ao aeroporto.

O circuito que comprámos apenas incluía o pequeno-almoço, mas o almoço fizemos sempre acompanhadas pela guia e em restaurantes sugeridos por ela. O jantar fizemos sempre sozinhas e num sítio escolhido por nós. Escolhemos sempre um restaurante o mais "local" possível, o que não é difícil, uma vez o Irão não é propriamente um país turístico.

Deixo aqui o nosso roteiro. Pode ser que se entusiasmem com este fantástico país. Muitas coisas escaparão porque já foi há algum tempo e não sabia que um dia iria escrever sobre o percurso.

Dia 1 - Voo de Lisboa para Teerão, com escala em Istambul
A história começa logo na viagem, porque encontrámos uma pessoa nossa conhecida que viajava também para o Irão. Mas disso falarei noutro artigo.
Vamos aos outros acontecimentos durante a viagem. Até Istambul nada de nota. Aí embarcámos para Teerão e também tudo normal. Mas quando nos aproximávamos de Teerão algo aconteceu...
...todas as mulheres puxaram do seu lenço e taparam a cabeça. Achámos que às estrangeiras não seria exigido tal rigor. No entanto, quando vimos que NINGUÉM tinha a cabeça a descoberto, lá nos rendemos e quando saímos do avião já tínhamos o cabelo coberto pelo lenço.

Chegámos a Teerão já de noite. Ainda demos uma voltinha nos arredores do hotel mas o dia ficou-se por aí.

Dia 2 - Visita à cidade de Teerão
Começámos o dia pela visita ao Museu Nacional do Irão que conta a história do país. Fomos ao Palácio de Golestan, um antigo palácio real, património mundial da UNESCO. Percorremos um mercado (faz parte) e visitámos o Museu Abgineh, conhecido como museu da cerâmica e vidro. Mas o que mais me impressionou, a par do Palácio de Golestan, foi mesmo o tesouro iraniano. Este tesouro está numa caixa forte de um banco e não é possível tirar fotografias. Comparei-o ao de Inglaterra, que tinha visto há uns anos. Na descrição, a guia disse-nos que era o maior tesouro... depois do da coroa inglesa. Bem me parecia!

Além do que contei neste artigo sobre o vestuário, começámos logo em Teerão a perceber que as mulheres e sobretudo as crianças, que têm menos "filtro", olhavam muito para nós (os homens são muitíssimo mais discretos). Perguntámos à guia porquê. Porque são estrangeiras, respondeu. E nota-se? perguntámos (o tom de pele é quase o mesmo, tínhamos lenço e vestíamos segundo as regras). Olhou para nós e riu-se... parecia que sim!

Tínhamos lido que, em público, não era permitido contacto físico entre homens e mulheres. Durante a tarde, a guia encontrou um amigo e zás... sai um aperto de mão!
Quando o amigo se foi embora, disse-lhe que em Portugal teríamos cumprimentado com dois beijos mas que ali tinha ficado espantada por terem dado até um aperto de mão. Respondeu-me que não estava ninguém "do governo" (polícia dos costumes) a ver e por isso tinha apertado a mão ao amigo. Ao longo da viagem iria ouvir muitas vezes a frase: "No Irão faz-se tudo o que se faz na Europa desde que ninguém veja".

Já de noite voámos para Shiraz.

Fotografias do dia:

Palácio de Golestan

Palácio de Golestan

Palácio de Golestan

Mercado em Teerão

As ruas de Teerão não são propriamente calmas...

Dia 3 - Shiraz, Persepolis, Necropolis e Naqsh-e Rajab, Shiraz
Durante a manhã visitámos a Casa Qavam, uma casa tradicional e histórica do séc. XIX, e a mesquita Vakil; fomos à Madraseh-ye Khan (escola teológica fundada em 1615) e ao Mausuléu do poeta iraniano Hafez, cuja obra a maioria dos iranianos tem em casa, decorando os poemas. Almoçámos e fizemos umas comprinhas no bazar.
De tarde fomos a Persepolis, antiga cidade persa, uma das capitais do império Arqueménida, que governou a Pérsia entre 559 e 330 a.C. Persepolis tinha a função de capital cerimonial, onde se celebravam as festas de ano novo. Pensa-se que o início da construção tenha ocorrido por volta de 509 a.C. Em 330 a.C. foi destruída por ordem de Alexandre Magno. Tudo muito antigo, portanto! E património mundial da UNESCO.
Num calor abrasador visitámos Necropolis, onde se encontram os túmulos esculpidos na rocha dos três reis Achaemenian mais poderosos e fomos a Naqsh-Rajab, baixos relevos rupestres esculpidos na pedra.

De volta a Shiraz, vimos o castelo Khan Karim, do séc. XVIII.

À noite jantámos numa tasquinha. Pela primeira vez conversámos com um senhor que não pronunciou o nome de Carlos Queirós quando lhe dissemos que éramos portuguesas. Foi engraçado perceber que conhecia a história de Portugal, os Descobrimentos e várias figuras históricas. Foi engraçado porque as restantes pessoas nem tinham a ideia onde ficava Portugal (só que é o país de Carlos Queirós).

Nesse dia ainda deu tempo para percorrer um mercado de rua. Sim, à noite! (bastante noite) Sim, sozinhas! Sim, sem medo! E sim, sem ninguém se meter connosco!

Fotografias do dia:

Jardins da Casa Qavam - Shiraz

Casa Qavam - Shiraz

Casa Qavam - Shiraz

Mesquita Vakil - Shiraz

Mesquita Vakil - Shiraz

Mesquita Vakil - Shiraz

Mausoléu do poeta Hafez - Shiraz

Mausoléu do poeta Hafez - Shiraz

Necropolis

 Naqsh-Rajab

Persopolis

Persopolis

Persopolis

Castelo Khan Karim - Shiraz

Interior do castelo Khan Karim - Shiraz

Dia 4 - Shiraz, Pasargad, Yazd
Depois de visitarmos a mesquita Nasir-ol-Molk, fomos, de carro, até Yazd com paragem em Pasargad e Abargu para ver uma árvore muito especial. Pasargad (Pasárgada) era uma cidade da antiga Pérsia, no tempo de Ciro II (559 - 530 a.C.), e é hoje património mundial da UNESCO. Em Yazd ainda deu para ver a fachada do Tekiyeh, no Complexo Amir Chakhmaq. Um Tekiyeh é um lugar onde os xiitas se reúnem para fazerem o luto do Muharram, ou seja, para fazerem um conjunto de rituais no primeiro mês do calendário islâmico (os sunitas também fazem estes rituais).

Nesta noite pudemos mais uma vez constatar como os iranianos são simpáticos e ávidos de conhecer pessoas de outros países... sobretudo se esse país for o de Carlos Queirós...
Quando fomos jantar, vimos na praça central da cidade, uma enorme multidão, sobretudo de adolescentes. A maior parte raparigas. Achámos esquisito e começámos a andar por ali para ver o que se passava. Nem dois minutos tinham passado e já um grupo de raparigas nos perguntava, num inglês muito básico, de onde éramos. Respondemos que de Portugal. Como não obtivemos a habitual exclamação "Carlos Queirós!", tivemos de ser nós a dizer que elas conheciam uma pessoa do nosso país. Ficaram desconfiadas... não, não conheciam. Foi então que dissemos o nome mágico e as moças correram a chamar as restantes adolescentes. Num instante estávamos rodeadas de jovens aos saltos. Todos queriam tirar uma foto connosco! Foi o nosso momento de glória!
Vieram também os professores dos jovens, porque afinal estes adolescentes não estavam ali por acaso. Frequentavam um curso de verão de Inglês e estavam na praça à procura de estrangeiros com quem treinar.

Fotografias do dia:

Mesquita Nasir-ol-Molk - Shiraz

Mesquita Nasir-ol-Molk - Shiraz

Mesquita Nasir-ol-Molk - Shiraz

Túmulo de Ciro II, em Pasargad

Este cipreste é uma das 10 árvores vivas mais velhas do mundo. Tem 4500 anos.

 Fachada do Tekiyeh no Complexo Amir Chakhmaq, na praça central de Yazd.

Dia 5 - Yazd, Nain e Isfahan
Yazd é património mundial da UNESCO. Diz a descrição da organização que a cidade fica próximo da Rota das Especiarias e da Seda e que é um testemunho vivo da sobrevivência no deserto, onde os recursos são limitados. Neste caso, o recurso de que se fala é a água, que é fornecida à cidade através do sistema qanat. A arquitetura em terra (vão perceber que conhecem algo semelhante) escapou à modernização que destruiu cidades semelhantes, conservando-se os bairros e casas tradicionais, o sistema qanat, bazares, hammams (banhos públicos), mesquitas, sinagogas, templos zoroastrianos, o jardim histórico de Dolat-abad e os badgirs (torres de vento), digo eu.

Vamos aos qanat persas. São construídos há milénios e património mundial da UNESCO. Um qanat é uma infraestrutura subterrânea de recolha e transporte de água, por gravidade, de um aquífero (lençol de água) para as populações e campos agrícolas. O facto do sistema ser subterrâneo evita a evaporação e a contaminação da água. Ao longo do qanat são construídos poços com uma profundidade de 20 a 200 metros, dependendo da profundidade do aquífero, que dão acesso ao qanat e à sua manutenção. A maioria dos qanat não tem mais de 5 km de extensão, mas há alguns que ultrapassam os 200 km. A profissão de muqannis, construtores de qanats, é passada de pai para filho, existindo até hoje.

Para quem quiser construir o seu próprio qanat, aqui fica um esquema.

Resultado de imagem para sistema qanat
Esquema de um qanat persa (Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Qanat)

As torres de vento (badgir) são estruturas muito interessantes. No fundo são ares condicionados à moda persa. Os badgirs podem funcionar de 3 maneiras. Na primeira, não arrefecem o ar propriamente dito mas renovam-o, ventilando a casa. A torre tem a abertura voltada na direção predominante do vento, "capturando-o" e fazendo-o entrar dentro da habitação. Na segunda, as torres de vento funcionam como uma chaminé solar. Cria-se um gradiente de pressão que permite que o ar quente suba e se escape pela torre.
Na terceira, as torres estão associadas a um qanat. Neste caso, a torre tem uma abertura na direção contrária à do vento predominante (a orientação da torre pode ser ajustada). A diferença de pressão faz com que o ar quente seja puxado para o qanat, sendo arrefecido pela água. Como o ar mais quente sai pela torre, o ar fresco e humedecido entra em casa.

Neste dia visitámos Yarzd e os seus qanat e torres de vento. Visitámos ainda as Torres do Silêncio, torres fúnebres dos seguidores do zoroastrismo. Nesta religião persa muito antiga e monoteísta, que veio a influenciar o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, os mortos eram considerados impuros e por isso eram deixados em torres para que fossem devorados pelas aves de rapina, em vez de enterrados ou queimados, já que consideravam a terra, o fogo e a água sagrados. Visitámos ainda um Ateshkadeh (Casa do Fogo Eterno) que, embora seja um templo relativamente recente (construído nos anos 40 do séc. XX), o fogo sagrado que aí se encontra está aceso desde 470 d. C. (dizem!). Perdemo-nos pelas ruelas antigas da cidade e fomos à Mesquita de James. À tarde fizemos o caminho até Isfahan, onde ainda tivemos tempo para dar uma voltinha e perceber como os iranianos gostam de fazer pic-nic em tudo o que tem relva.


Fotografias do dia:


Torres de vento. Estas torres são comuns e por isso aparecem noutras fotografias.

A construção tradicional é semelhante à nossa taipa

Ruas estreitas da parte antiga e tradicional de Yarzd

Reparem como os 2 batentes das portas são diferentes. Isto tem uma intenção. Um é dirigido aos homens e o outro às mulheres. Como produzem sons diferente, quem está dentro de casa sabe o sexo de quem bate à porta.

Torres do Silêncio

Ateshkadeh (Casa do Fogo Eterno)

Mesquita de James

Leito do rio Zayandeh, seco em Isfahan. As alterações climáticas e o desvio das águas para a agricultura e centrais nucleares fazem com que em Isfahan o rio esteja assim, em pelo menos parte do ano....

Praça de Naqsh-e Jahan, uma das maiores praças do mundo. Aqui situa-se, no lado sul, a Mesquita Shah (ou Imã), no lado oeste, o Palácio de Ali Qapu, no lado este, a Mesquita Sheikh Lotf Allah e no lado norte abre-se o Grande Bazar.

Família iraniana no seu pic-nic.

Dia 6 - Isfahan
Hoje o dia foi dedicado a Isfahan, cidade com 2700 anos e que foi, por várias alturas, capital do Irão. Andámos pela praça Naqsh-e Jahan e Mesquita Imã, que fazem, em conjunto, parte do Património Mundial da UNESCO. Visitámos ainda a Mesquita Sheik Loftullah e o Palácio Ali Qapu, onde o que mais impressiona é a sala de música, com uns nichos nas paredes. Estes nichos têm um propósito decorativo e acústico. Percorremos o bazar, que dizem ter 5 km (e deve ter!). Bebemos chá numa casa de chá, comemos gelado na relva da praça e tirámos fotos com as pessoas da terra. Devo dizer que não foi fácil recusar a comida que nos ofereciam. À noite visitámos um Zoorkhaneh (Casa da Força) para assistir a uma demonstração de um desporto/ritual tradicional persa (pahlavani) que combina exercício físico e rituais espirituais e que originalmente era usado para treinar os guerreiros persas, sendo hoje património imaterial da UNESCO.

Fotografias do dia:

Praça Naqsh-e Jahan

Fachada exterior da Mesquita Imã

Sala da música do Palácio Ali Qapu

Bazar

No bazar, há recantos bem bonitos

Casa de chá tradicional

Desporto tradicional do Irão

Dia 7 - Isfahan, Abyaneh
Neste dia, a guia propôs-nos alterar um pouco o circuito contratado. Previa-se uma tarde de compras em Isfahan e chegada a Abyaneh já de noite. Em vez disso, a guia propôs que acordássemos bem cedo para visitar a Grande Mesquita de Isfahan, o Palácio Chehel Sotun (Pálácio das Quarenta Colunas) e respetivo jardim, ambos inscritos na lista de Património Mundial da UNESCO, o Palácio Hasht Behesht, o bairro Arménio e a Catedral Vank (Igreja Apostólica Arménia do sé. XV). Almoçaríamos já fora de Isfahan. Desta forma seria possível visitar Abvaneh ao fim da tarde deste dia, o que se teria como consequência estar um pouco mais de tempo em Teerão, no último dia do circuito. Como nem eu nem a minha companheira de viagem somos pessoas de grandes compras, aceitámos. Apesar da intenção ter sido boa, o resultado não foi grande coisa mas disso falarei mais à frente. 
Desta forma, o fim da tarde foi passado a percorrer Abvaneh, uma pequena aldeia onde vivem permanentemente cerca 300 pessoas. A maioria das casas é de férias e as pessoas da terra voltam na altura das festas. Nesta pequena aldeia, existe um dialeto diferente e as pessoas vestem roupas características: as mulheres usam lenços coloridos que lhes cobrem os ombros e os homens usam calças bastante largas. A guia propôs-nos subir aos cerros, já que nunca o tinha feito, uma vez que habitualmente os grupos que acompanha são grandes e o terreno não ser fácil (nesta altura a guia já tinha percebido que andar é connosco!). Concordámos, claro. Foi aí que se passou a história que contei aqui.
Este foi o único dia que jantámos no hotel.


Fotografias do dia:

Grande Mesquita de Isfahan

Grande Mesquita de Isfahan

Grande Mesquita de Isfahan

Palácio Chehel Sotun

Palácio Chehel Sotun

Palácio Chehel Sotun

Palácio Chehel Sotun

Palácio Hasht Behesht

Palácio Hasht Behesht

Catedral Vank

Vestes típicas de Abyaneh

Abyaneh

Abyaneh

Abyaneh

Abyaneh

Abyaneh

Dia 8 - Kashan, Teerão
Como no dia anterior já tínhamos visitado Abyaneh, de manhã iniciámos a viagem em direção a Teerão via Kashan. Em Kashan visitámos a Casa Boroujerdi, um palácio onde viveu a família Boroujerdi, construído durante 18 anos por 180 artesãos. As suas três torres de vento, com 40 metros fazem com que a temperatura no interior do edifício seja anormalmente baixa. Em Kashan visitámos ainda a Madrasa (escola muçulmana) e Mesquita Agha Bozorg. 
O caminho para Teerão fez-se por uma estrada que atravessa o deserto. Chegámos a meio da tarde e não à noite como o previsto. A alteração em Isfahan permitiu isso. Contudo, não valeu de grande coisa. Tivemos pouco tempo e para agravar a situação, como não contávamos estar por nossa conta na cidade não preparámos nada. Aqui fica a dica: mesmo numa viagem organizada, estudem o destino. Pode ser útil. Quanto a nós, vagueámos pelas ruas, vimos as lojas e encontrámos um sítio para jantar. Entretanto fez-se tarde e o cansaço pedia cama. Tinha terminado (quase) a nossa visita ao Irão.

Fotografias do dia:

Casa Boroujerdi - Kashan

Mesquita e Madrasa Agha Bozorg - Kashan

Mesquita e Madrasa Agha Bozorg - Kashan

Cidade de Teerão, vista da janela do nosso quarto de hotel.

Dia 9 - Teerão- Lisboa
Este foi o dia de voltar a casa, não sem antes de dar uma voltinha por Lisboa. Afinal não estávamos assim tão cansadas...

Conclusões: 
Fiquei com pena de não ter visto os vestígios dos portugueses no Irão (que também os há!), de não estar mais tempo, e por conta própria, em Teerão, e de não ter aproveitado mais a simpatia e disponibilidade do povo. No entanto, saí com a sensação de não ser possível ver mais do país em tão pouco tempo.
Os iranianos são, talvez, o povo mais injustiçado do mundo. A intoxicação permanente leva a que nós, os ocidentais, confundamos governo com país e povo, o que não acontece noutros casos.
Há, de facto, leis estranhas para nós (por exemplo a proibição do álcool que não se vende legalmente em lado nenhum, nem mesmo nos hotéis), restritivas (por exemplo, não há educação sexual nas escolas e os livros não têm esquemas dos aparelhos reprodutores) e sexistas (por exemplo, o vestuário obrigatório das mulheres e o facto delas não terem acesso a todas as profissões) mas também há mitos. No Irão, as mulheres podem andar sozinhas na rua e trabalhar. Também podem conduzir, embora não se vejam muitas, e fumar, embora seja raro ver alguém (homem ou mulher) a fumar na rua. 
Uma coisa surpreendeu-me. Na rua, a maioria dos bebés ou crianças de colo são levadas pelos homens e não pelas mulheres, como cá.

Duas últimas notas: 

Os iranianos não são árabes e nem gostam de ser chamados como tal.
Preparem-se porque vão tirar muitas fotos de tectos (LOL).

Adeus Irão, gostava de aí voltar.


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