Guia de viagem a S. Miguel (Açores)

Já fui várias vezes a S. Miguel mas apenas uma das visitas teve como objetivo único conhecer a ilha. No conjunto das idas, penso ter conhecido os pontos mais emblemáticos.
Neste artigo indico o que, na minha opinião, mais vale a pena visitar. Não partilho um roteiro dividido por dias, uma vez que o tempo que cada um precisa para conhecer os locais é muito variável. Contudo, conte com uma semana, e mesmo assim é possível que não consiga visitar tudo o que indico, pelo menos com o tempo desejável (veja a nota). Também não divido o que sugiro visitar por categorias (lagoas, miradouros...) mas antes por zonas da ilha.
Como provavelmente terá de fazer escolhas relativamente ao que visitar e fazer, aconselho que antes de fazer o seu programa leia integralmente este artigo. Desta forma, poderá escolher o que fazer em cada zona da ilha, não deixando nenhuma totalmente para trás.
Não espere ver fotografias profissionais. O objetivo das minhas viagens não são as fotografias, não tenho drone, não espero a altura certa do dia para as tirar e não as trabalho. Foram tiradas com um telemóvel comum, cuja lente está muitas vezes suja 😁. Embora menos bonitas que noutros blogues, são, com certeza, mais reais e próximas das que a maioria das pessoas vai tirar.

Na visita a S. Miguel não se esqueça de ir vendo as câmaras instaladas nos diferentes locais da ilha (este site ou este site). Elas poupar-lhe-ão tempo, já que poderá adaptar o roteiro à situação meteorológica de cada sítio. Se tem particular interesse em realizar trilhos, visite este site, aí estão indicados todos os existentes na ilha.
Poderá ver outras dicas  para visitar os Açores aqui.

NOTA: Fiz este percurso em Agosto de 2020, em 5 dias muito corridos. Indico com um os locais que não consegui visitar nesta viagem por falta de tempo. Para as pessoas que não têm muito tempo, indico com um sublinhado a amarelo o que, na minha opinião, não pode MESMO deixar de visitar para que fique com uma ideia da ilha.

ZONA OESTE


1- Ponta da Ferraria
Antes de chegar à Ponta da Ferraria (menos de 2 km), se vier de Ponta Delgada, vai encontrar indicação para o Farol da Ferraria. Este farol, com quase 120 anos, pode ser visitado às quartas-feiras das 14h às 17h (Verão) ou das 13.30h às 16.30h (Inverno).



Quando começar a descer encontra o Miradouro da Ilha Sabrina. Daqui vê a Ponta da Ferraria, que corresponde a uma fajã lávica (ou delta lávico) produzida há cerca de 900 anos pela lava do vulcão Pico das Camarinhas que galgou a antiga linha de costa. A enorme arriba (com cerca de 100 m) que fica nas suas costas enquanto desce é esta antiga linha de costa.


Na Ponta da Ferraria encontrará um conjunto de piscinas naturais mas a mais interessante fica do lado esquerdo do parque de estacionamento e do edifício das termas da Ferraria (vai identificar porque tem escadas de acesso). Aí há uma nascente termal dentro do mar. A água sai a 62 ºC chegando a água do mar atingir 40 ºC, se a maré estiver muito vazia. Para melhor usufruir do banho escolha uma altura em que a maré esteja quase vazia (se a maré estiver cheia não vai notar grande diferença na temperatura da água relativamente à dos outros sítios). Pode consultar aqui a tabela de marés.




2- Ilhéus dos Mosteiros*
Estes 4 ilhéus são o que resta de uma ilhota desmantelada pela erosão marinha. A visita vale pela paisagem e pela existência de piscinas naturais onde pode tomar um belo banho. é também um ótimo sítio para a observação de aves.


3- Miradouro da Lomba do Vasco
Na estrada que liga a Ponta da Ferraria ou os Mosteiros às Sete Cidades encontra o Miradouro da Lomba do Vasco de onde poderá ver a zona de costa correspondente aos Mosteiros. Contudo, se andar um pouco a pé desde o estacionamento (uns 20 m) vai encontrar um caminho (tem uma placa com indicação "Vista de Rei" que não é o mesmo local que permite ver a Lagoa das Sete Cidades) do seu lado direito (no sentido das Sete Cidades) onde, para mim, a paisagem é bem mais bonita.






4- Lagoa de Santiago
Se seguir o percurso que indico, passará pela localidade Sete Cidades e atravessará a lagoa com o mesmo nome. A seguir, na estrada que sobe, vá com atenção porque do lado direito (de quem sobe) vai encontrar um sítio para ver a Lagoa de Santiago. Esta lagoa bem redonda poderá ser vista de outro lugar, como verá mais à frente neste artigo.



5- Lagoa das Sete cidades - Miradouro da Vista do Rei
O miradouro da Vista do Rei oferece a vista mais icónica da Lagoa das Sete Cidades. Talvez melhor vista da lagoa só se consiga ter das varandas do hotel abandonado aí localizado. Mas a entrada no edifício está dificultada, portanto se quiser entrar prepare-se para "trepar". Se quiser saber mais sobre a história deste hotel poderá ver este vídeo (aqui).


6 e 7 - Lagoa do Canário e Miradouro da Grota do Inferno
Quem vem do Miradouro da Vista do Rei e percorre a estrada em direção à Relva, encontra, à esquerda, um portão (em Agosto de 2020 estava fechado mas dava para entrar a pé). Este é o portão de entrada para o Parque Florestal da Mata do Canário. Entrando, terá acesso à Lagoa do Canário e ao miradouro que é, talvez, o mais bonito da ilha - Miradouro da Grota do Inferno*. Deste miradouro observa-se a lagoa das Sete Cidades, a Lagoa Rasa, a lagoa de Santiago e a lagoa do Canário. É verdadeiramente espetacular!
O Parque Florestal da Mata do Canário tem o seguinte horário:
Verão: 08.30h - 19.00h (dias úteis) e 10.00h - 19.00h (fins de semana)
Inverno: 08.30h - 15.00h (dias úteis)

Do lado oposto à entrada para a entrada da Lagoa do Canário há indicações de percursos pedestres com início neste ponto.

Lagoa do Canário

Miradouro da Grota do Inferno

Miradouro da Grota do Inferno

8- Lagoas Empadadas
Rodeadas por uma mata de criptomérias (árvore bastante vulgar nos Açores que, não sendo um cedro, é também conhecida por cedro japonês), as Lagoas Empadadas tiveram um papel importante no passado, já que, a par da Lagoa do Canário, forneciam a água que abastecia os fontanários de Ponta Delgada. Estas lagoas ficam do lado direito de quem vem da Lagoa do Canário para a Relva e se  deixar o carro no portão, prepare-se para andar um pouco, mas alegre-se porque o fará numa floresta bem bonita. Do outro lado da estrada pode ver um troço do Aqueduto do Carvão que mais próximo da Lagoa do Canário tem um troço a que se chama Muro das Nove Janelas.
O horário da entrada para as Lagoas Empadadas é o mesmo do Parque da Mata do Canário.




ZONA LITORAL SUL


1- Ponta Delgada
O meu conselho é que se lhe faltar tempo, reduza a visita a Ponta Delgada ao essencial (foi o que fiz) já que, sendo uma cidade agradável, não deslumbra, quando comparada com as paisagens naturais da ilha.

As Portas da Cidade são o ex libris de Ponta Delgada. Foram construídas em 1783 mais junto ao mar. Em 1948, com o início das obras da avenida marginal, foram retiradas do local original e, em 1952, recolocadas no centro da Praça Gonçalo Velho, onde se encontram hoje. Apesar de este ser o monumento mais emblemático da cidade, há aqui muito mais para ver e fazer, começando pela própria praça Gonçalo Velho.


Na marina pode encontrar empresas que fazem passeios em catamarans ou em semirrigídos para observação de baleias e golfinhos*. Os passeios têm a duração aproximada de 3 horas e têm, durante o verão, dois horários de saída de manhã (8.30h e 9.00h) e dois de tarde (13.00h e 13.30h) dependendo do tipo de embarcação. Em Agosto de 2020, o bilhetes de adulto (13 anos ou mais) custava 60 € e o de criança (dos 6 aos 12 anos) custava 30 €.

Se o seu passeio aos Açores inclui apenas a ilha de S. Miguel, aproveite para ir à Gruta do Carvão* (na ilha Terceira há uma estrutura idêntica, com o nome de Gruta do Natal e na ilha do Pico existe o maior túnel lávico do país, chamado Gruta das Torres). 
A Gruta do Carvão corresponde a um túnel produzido por uma escoada de lava (a lava fluída formou um "rio", o exterior desse "rio" de lava foi solidificando enquanto que a lava ainda fluida continuou a movimentar-se no seu interior, deixando um túnel). Na gruta são visíveis várias estruturas que registam a escorrência da lava ou que resultaram da sua consolidação. São exemplo as estalactites lávicas ou de sílica amorfa (que não têm nada a ver com as estalactites observadas nas grutas de origem calcária). A entrada da Gruta do Carvão encontra-se na circular de Ponta Delgada e encontrará placas com indicação. 
Existem dois tipos de visitas à gruta (sempre guiadas): a de um pequeno troço (cerca de 200m) com duração de 30-40 min. e uma expandida (que em 2020 estava indisponível). O preço é de 5 € para adulto, 3 € para séniores (mais de 65 anos) e estudantes com mais de 13 anos e 1,50 € para crianças dos 6 aos 12 anos. Para crianças até 5 anos é gratuito. 
As visitas fazem-se às 10.30h, 11.30h, 14.30h, 15.30h e 16.30h e é necessário fazer marcação. Para saber mais sobre a Gruta do Carvão pode consultar o site (aqui).

Gruta do Carvão (Fonte: https://www.azoresgeopark.com/)

O Mercado da Graça também merece uma visita, não que tenha algo de diferente ou especial mas porque, como em qualquer mercado, é aí que melhor se toma contacto com os produtos locais. Neste caso em específico ainda é possível comprar conservas tradicionais e queijos de todas as ilhas. Durante a semana, o mercado está aberto todo o dia e aos sábados e aos feriados à sexta-feira até às 14h. Encerra aos domingos e feriados que não sejam à sexta-feira.

Outras experiências se podem ter na cidade de Ponta Delgada. É o caso da visita a jardins como o Jardim de Antero de Quental* ou o Jardim António Borges*, cujas entradas são gratuitas, ou ainda o Jardim Botânico José do Canto*, em que a entrada tem o custo de 4 € para pessoas com mais de 12 anos  e de 2 € para crianças entre os 8 e os 12 anos ou adultos com mais de 65 anos. 

Uma boa experiência pode ser a visita ao Museu Carlos Machado*. O acervo do museu é variadíssimo: Arte; Arte Sacra; Brinquedos, Trajes, Artes Decorativas e Instrumentos Musicais; Espécies em Pedra e Arqueologia; Etnografia Regional; Etnografia Africana; Transportes; Fotografia; História Natural; Medalhística; Mobiliário; Numismática. Este museu está encerrado à segunda-feira e nos restantes dias está aberto das 9.30h às 17.30h. O bilhete custa 2 € (por núcleo) ou 5 € (Núcleos de Santo André + Arte Sacra + Santa Bárbara - válido no dia da sua aquisição) e é gratuito aos Domingos. Se quiser pode fazer uma visitar virtual aqui.

Admirar arte urbana* também é possível em várias ruas de S. Miguel, como é o caso da Rua de Lisboa, Rua Eng. Abel Ferin Coutinho, Rua 6 de Junho ou da Rua de São João.

Vale ainda a pena apreciar o património edificado da cidade (nem todas as igrejas estão abertas), nem que seja para ver apenas o exterior dos edifícios. Destacam-se o edifício do Museu Carlos Machado, o Forte de São Brás (aberto de segunda a sexta, das 10h às 18h), Igreja Matriz de São Sebastião, Igreja de São José*, Igreja do Colégio dos Jesuítas*, Santuário de Nosso Senhor Santo Cristo dos Milagres* e Ermida da Mãe de Deus*.



Independentemente do que consiga visitar ou fazer na cidade de Ponta Delgada, passeie pelas ruas, sente-se numa esplanada, jante num dos restaurantes com comida tradicional e aprecie as ruas e a arquitetura local.


2- Ilhéu de Vila Franca
A ida a Vila Franca do Campo vale sobretudo pela vista que aí se tem do ilhéu.
O ilhéu de Vila Franca é um cone vulcânico que forma uma ilhota semicircular e em que o mar entra livremente naquilo que foi a cratera. Esta cratera tem uma profundidade máxima de 20 metros e forma um circulo com cerca de 150 metros de diâmetro. A sua abertura para o mar está voltada a Norte, o que protege as águas da agitação marinha e permite banhos bem agradáveis numa água límpida.
Atualmente, o ilhéu está classificado como Reserva Natural e tem uma lotação máxima de 400 pessoas por dia e de 200 em simultâneo.
Apenas se pode desembarcar no ilhéu apanhando o barco no cais de Vila Franca do Campo (as pessoas que vão em barco próprio podem ir até ao ilhéu mas não podem desembarcar) e existem viagens a cada hora (o primeiro barco sai do cais às 10.00h e o último sai às 18.00h). Para voltar há barcos também a cada hora, saindo do ilhéu 10 minutos depois da hora (o primeiro barco de volta é às 10.10h e o último às 18.10h). A viagem de barco demora 10 minutos e a carreira começa no início de Junho até meados de Outubro. O bilhete pode ser comprado no cais (a bilheteira abre às 9.45h e encerra às 17.00h) ou pela internet (aqui).
Como disse, o ilhéu é um ótimo local para mergulhar e para banhos em águas transparentes mas não tem serviços de apoio, portanto se pretende passar lá o dia leve água e comida. Não é possível visitar o ilhéu para além da zona de banho, uma vez que o acesso está vedado. Sendo assim, se a sua intenção não for passar lá um dia de praia (não há areia, as toalhas são colocadas na rochas), duas horas chegarão para ter a experiência. Poderá ir de manhã e almoçar num dos restaurantes de Vila Franca junto ao mar (comi no restaurante "Sabores da Vizinha" as melhores lulas grelhadas de sempre).






3- Miradouro e Ermida da Nossa Senhora da Paz
O Miradouro da Nossa senhora da Paz* encontra-se a uma altitude de 215 metros e daí consegue ver toda a área até ao mar e o próprio ilhéu de Vila Franca. Pode deixar aí o carro e subir as escadarias da Ermida da Nossa Senhora da Paz*. Este santuário é anterior a 1522, tendo sido reconstruído em 1764. Em 1968 foi construída a escadaria de 100 degraus e 10 patamares.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/


4- Lagoa do Congro
O trilho que é necessário fazer para chegar à Lagoa do Congro afasta muitos visitantes, por isso, com sorte, ainda é possível não encontrar lá ninguém, embora seja cada vez mais raro. Na estrada EN4-2A no sentido Sul-Norte vai encontrar um caminho de terra batida do seu lado esquerdo (há uma placa indicativa na estrada principal). Assim que entra na estrada de terra batida encontra um espaço onde pode deixar o carro mas também o pode levar até mais à frente (veja as condições da estrada) porque há sítio para estacionar. O carreiro que o levará até à lagoa está assinalado. Leve calçado apropriado para andar em terreno de terra e que permita passar por cima de troncos caídos. 



5-Caminho de Vila Franca do Campo até Ponta Delgada
Se tiver tempo, percorra a estrada antiga (mais junto à costa)  entre Vila Franca do Campo e Ponta Delgada. Vai encontrar diversas praias de areia e zonas de piscinas naturais que, se o tempo estiver de feição, lhe dará vontade de experimentar. Também pode apreciar o pôr do Sol num dos restaurantes à beira mar. Será um fim de tarde bem agradável.


ZONAS CENTRAL E LITORAL NORTE


1- Ribeira Seca
Antes de chegar à Ribeira Seca poderá passar por Rabo de Peixe e almoçar no restaurante da Associação Agrícola de S. Miguel* (1A), onde o bife à Associação é o prato mais famoso. O restaurante fica em Santana, entre Rabo de Peixe e a Ribeira Grande e a 5 minutos desta última localidade.

Uma curta paragem na Ribeira Seca permitir-lhe-á observar um vestígio da lava que soterrou a região em 1563. O fontanário que se encontra muito próximo da igreja de São Pedro, é a melhor memória dessa erupção vulcânica.




2- Ribeira Grande
A Ribeira Grande é uma povoação bastante agradável e fácil de visitar, já que a maioria dos edifícios históricos fica no centro da cidade. As construções mais emblemáticas talvez sejam a Ponte dos 8 Arcos e o edifício da Câmara Municipal mesmo no centro da vila, junto ao agradável Jardim 5 de Outubro. Pode-se ainda visitar a Igreja Matriz da Nossa Senhora da Estrela e a Igreja do Espírito Santo (ou da Misericórdia), o Museu do Tabaco* e o Museu da Emigração açoriana* mas o melhor de tudo será vaguear um pouco pelas ruelas até ao mar. Aí pode desfrutar da praia e de um conjunto de piscinas. Nada melhor que um fim de tarde sentado na esplanada do restaurante com o mar aos pés.



3 e 4- Miradouro de Santa Iria e Praia dos Moinhos
Do Miradouro de Santa Iria tem-se uma fantástica vista da costa norte da ilha. Vale a pena parar. O local onde se encontra este miradouro tem história. Foi nestas encostas que se travou a Batalha da Ladeira da Velha, em 1831, que permitiu D. Pedro IV vencer as tropas do seu irmão D. Miguel e abriu caminho para pôr termo à Guerra Civil. 
Muito perto localiza-se a Praia dos Moinhos*, de areia escura como é característico na ilha. É um bom local para um mergulho.





5- Lagoa de São Brás
Para mim, a Lagoa de S. Brás não está no grupo das mais bonitas lagoas de S. Miguel, mas um desvio de pouco mais de meia hora permite vê-la. Assim, se tiver esse tempinho, dê uma espreitadela.



6- Fábrica e plantação de chá Gorreana 
Chegaram a existir 14 as fábricas transformadoras de chá em S. Miguel. Hoje resta a Fábrica de chá Gorreana*
A fábrica vê-se da estrada e pode ser visitada entre as 8.00h e as 18.00h, de segunda a sexta, e das 9.00h às 18.00h, aos sábados e domingos. A visita é gratuita. Pode ainda adquirir chás na loja da fábrica.
Se não tiver grande interesse em visitar a fábrica ou comprar chás não deixe, mesmo assim, de passar por esta região, uma vez que, mesmo da estrada, terá a oportunidade de ver a única plantação de chá da Europa.
Pode ainda nesta paragem fazer um dos percursos pedestres marcados, caso tenha tempo e interesse.




7 e 8- Termas das Caldeiras da Ribeira Grande e Vale das Lombadas
Nas Termas das Caldeiras da Ribeira Grande pode-se almoçar (há um restaurante e há espaço para fazer piquenique). É um local frequentado por residentes mas não se veem turistas. Pelo menos eu não vi.
A construção das termas remonta ao século XIX e na área envolvente estão disponíveis 9 buracos para a confeção do cozido que vários restaurante da Ribeira Grande servem.
Na estrada que leva às termas, pouco antes destas, há indicação para Lombadas. Se for por aí vai poder mais à frente parar o carro e ir a pé até uma velha barragem (está indicado) e continuando por uma estrada bem estreita, sinuosa e de paralelepípedos vai percorrer uma região muito acidentada e chegar até ao local onde há uma nascente de água naturalmente gaseificada (e que antigamente era engarrafada). Esta região é excelente para quem tem tempo e quer fazer percursos a pé.



9- Salto do Cabrito
Na estrada que vai da Ribeira Grande para a Caldeira Velha (ENS-2A) existe, à esquerda (para quem vai em direção à Caldeira Velha), um caminho de terra batida que o leva até ao Salto do Cabrito, uma cascata de 40 metros onde é possível tomar banho. Pode levar o carro até muito próximo da cascata. Terá aí onde estacionar. 



10- Caldeira velha
A primeira coisa que impressiona quando se entra na Caldeira Velha são os fetos arbóreos aí presentes (este feto é uma planta invasora nos Açores, tal como a hortênsia e a conteira). Existe um centro de interpretação (mais direcionado para o vulcão do Fogo), um trilho (trilho da Nascente) de 320 m, uma cascata e 3 poças com água termal (25ºC, 35ºC e 38ºC) onde se pode tomar banho. Em Agosto de 2020, devido à situação pandémica, não eram permitidos banhos.

A Caldeira Velha está aberta todos os dias (com exceção da véspera de Natal) no seguinte horário:
De 1 de Novembro a 31 de Março - das 09.30h às 17.30.
Abril e Outubro - das 09.00h à 20.00h.
De 1 de Maio a 30 de Setembro - das 09.00h às 21.00h.

É possível fazer visitas guiadas ao trilho da Nascente, tendo estas a duração média de 20 minutos. Essas visitas ocorrem todos os dias às 10.30h, 12.30h; 14.30h; 16.00h e 18.00h (este último horário apenas entre 1 de Abril a 31 de Outubro). Têm um custo de 2,00 €.
A entrada na Caldeira Velha é gratuita para os residentes nos Açores e para os não residentes custa 8,00€ (adultos) se quiser tomar banho nas poças ou 3,00€ só para visitar, podendo estar no espaço durante 2 horas. Poderão estar 250 visitantes em simultâneo.

Pode encontrar mais informações aqui.



11- Lagoa do Fogo
Seguindo a estrada que o trouxe até à Caldeira velha vai chegar ao ponto de observação da Lagoa do Fogo. Esta é a segunda maior lagoa de S. Miguel (a maior é a das Sete Cidades) e está classificada como reserva natural desde 1974. É ainda a caldeira vulcânica (tal como o vulcão que a originou) mais recente da ilha de S. Miguel, calculando-se que se terá formado há cerca de 15 mil anos. A configuração atual resultou do último colapso, que terá ocorrido há 5 mil anos, aproximadamente. A última erupção aconteceu em 1563 (foi a erupção que soterrou a Ribeira Seca).
Existe um trilho pedestre que permite a descida da encosta da lagoa e embora exista uma praia não são permitidos banhos por motivos de conservação da Natureza. 
É frequente a vista da lagoa estar tapada por nevoeiro, por isso vá estando atento às webcam desde o início da sua viagem e flexibilize o seu programa fazendo a visita logo que o tempo o permita. Lembre-se que a oportunidade poderá não se repetir.




ZONA INTERIOR ESTE


1 e 2- Lagoa das Furnas e Parque Grená
A Lagoa das Furnas é de visita obrigatória. Após entrar pela bilheteira, poderá estacionar o carro e percorrer a pé as margens da lagoa, ver as fumarolas ou caldeiras onde a água (ou lama) borbulha a quase 100ºC. Dependendo da altura do dia a que visite poderá ver os buracos onde é feito o cozido das Furnas abertos ou fechados por montes de terra. Se programar a sua visita para as 11h-11.30h poderá assistir ao desenterrar das panelas.
Horário:
De 1 de Novembro a 31 de Março - das 10.00h às 17.00h (encerra às segundas-feiras, 25 de Dezembro, 1 de Janeiro, terça-feira de Carnaval e domingo de Páscoa)
De 1 de Abril a 31 de Outubro - das 10.00h às 18.00h (encerra no domingo de Páscoa).
Preço: 3,00€ para adultos (a entrada é gratuita para os residentes nos Açores e há descontos para juniores e seniores e para famílias).



Número de pessoas por visita: 4 - 25

Junto às caldeiras da Lagoa das Furnas encontra-se a entrada para o Parque Grená. Este Parque abriu ao público em 2019 e foi, para mim, uma agradável surpresa. Conte com pelo menos duas horas para o visitar mas poderá passar uma manhã ou uma tarde e, desta forma, usufruir melhor da totalidade dos 5 km de percurso muito bem marcado por entre a deslumbrante vegetação, apreciar as cascatas e os miradouros. Para chegar à parte mais alta do parque e ver a deslumbrante vista sobre a Lagoa das Furnas terá de subir uma escadaria que parece não ter fim. Na zona mais baixa do parque (próximo da entrada) existe um espaço com mesas onde poderá fazer um piquenique. Para saber mais sobre o Parque Grená pode visitar este site.
Horário: Das 9.30h às 18.00h, com exceção de Outubro a Março, que encerra às 17.00h.
Preço: 10, 00€ (para os residentes nos Açores, o bilhete dá direito a 5 entradas).

Para quem tem interesse no assunto, é possível visitar o CMIF - Centro de Monitorização e Investigação das Furnas*, localizado na margem sul da Lagoa das Furnas (3). O CMIF divulga a história e evolução do vulcão das Furnas, a ecologia da Lagoa das Furnas, bem como a geologia, flora e fauna. É possível fazer uma visita guiada à exposição, mediante marcação prévia (a visita tem a duração aproximada de 30 minutos).
Horário: o mesmo da lagoa das Furnas.
Preço: 3,00€ para adultos (a entrada é gratuita para os residentes nos Açores e há descontos para juniores e seniores e para famílias).


4- Furnas - Chã das caldeiras
Raramente se fala das Furnas sem venha o cozido associado. Mas as Furnas são muito mais que o cozido. Que me desculpem os apreciadores, mas, para mim, não passa de um cozido, cuja única coisa digna de registo é a forma como é feito. A propósito de comida, quando visitarem as Furnas, não deixem de comer os bolos lêvedos das Furnas.
A visita à Furnas é obrigatória pela concentração de fumarolas ou caldeiras. 
No centro da vila, visite a Chã das Caldeiras com muitas fumarolas com temperaturas de emergência variadas, atingindo algumas quase 100 ºC. Vai encontrar também vários fontanários, cada um correspondendo a uma nascente de água mineral. Todas elas com diferentes temperaturas, pH e mineralização. Algumas são gaseificadas e o seu sabor vai variando com a composição. É muito engraçado provar estas águas.
Reserve um pouco do seu tempo para dar uma voltinha a pé pela localidade.






Aproveite a visita às Furnas para dar um passeio pelos belos jardins e parques, com destaque para o Parque D. Beatriz do Canto (penso que este parque só abre ao público em Agosto) e o Parque Terra Nostra.
Nas Furnas, pode ainda visitar o OMIC - Observatório Microbiano dos Açores* dedicado à investigação e divulgação da ecologia microbiana e preservação da biodiversidade existente nas nascentes termais das Furnas. Tem exposições permanentes e temporárias e atividades dedicadas aos mais novos.
Horário:
Julho e Agosto - das 10.00h às 17.00h (terça a sexta); das 14.30h às 18.00h (sábados, domingos e feriados). Encerra à segunda feira.
Restantes meses - das 10.00h às 17.00 h (terça a sexta); das 14.30h às 18.00h (domingos e feriados). Encerra à segunda feira e sábado.
Preço: adulto - 1,50€; jovem até 17 anos - 0,75€; sénior, estudante universitário e portador de cartão jovem - 1,00€.
Bilhete com visita guiada - o dobro do valor da entrada, por faixa etária.

Ainda nas Furnas é "obrigatório" a visita ao Parque Terra Nostra e à Poça da D. Beija. Nestes 2 locais há uma experiência que se repete, por isso antes de ir leia o que escrevo sobre os dois sítios para que melhor possa planificar a sua visita.

5- Parque Terra Nostra
O Parque Terra Nostra é um grande jardim (12,5 hectares) com mais de 200 anos. É hoje um dos mais notáveis parque de Portugal e mesmo do mundo, graças à imensa quantidade de espécies que possui e em particular à enorme coleção de camélias (com mais de 600 variedades), uma das mais notáveis do mundo. Também a coleção de Cycadales (plantas que se assemelham a palmeiras) é uma das maiores do mundo. 

No parque tem destaque o tanque de água termal férrea, com temperatura aproximada de 40ºC. É uma experiência única, embora difícil para quem não consegue tomar banho em locais onde não consiga ver o fundo. Não se esqueça de levar um fato de banho que não tenha pena se ficar estragado.

Mesmo que opte por não tomar banho nas águas termais, o parque vale a visita por si só, tal é a sua beleza, a variedade de plantas e os recantos. Pode obter mais informação aqui.
Horário: Todos os dias das 10.30h às 16.30h.
Preço: Crianças dos 3 aos 10 anos - 4,00€; adultos - 8,00€.



6- Poça da D. Beija
A Poça da D. Beija reabriu em 2015, já depois do espaço ter sido requalificado. Este complexo possui 5 piscinas/tanques de diferentes profundidades. Quatro destes tanques têm água a 39ºC e um tem água a 28ºC. Como este complexo apenas fecha às 23h, permite um banho relaxante nestas águas férreas e quentes à noite, quando já não é possível fazer outro tipo de atividades. Equacione essa possibilidade. Pode encontrar mais informação aqui.
Horário: Todos os dias das 10.00h às 23.00h (última entrada às 22.30h e saída das piscinas às 22.45h)
Preço: 4,00€ para crianças até aos 6 anos; 6,00€ para adultos.



Na região das Furnas existem vários miradouros dignos de visita. Deixo a indicação de alguns. No dia em que os visitei, a neblina/nuvens/chuva impediu de ver o que quer que fosse (daí que as fotografias que partilho não sejam minhas).

7- Miradouro das Pedras do Galego
O Miradouro das Pedras do Galego encontra-se a uma altitude de 390 m e oferece uma vista sobre o vale das Furnas, incluindo parte parte da Lagoa das Furnas. Fica na estrada EN2-1A que liga as Furnas à Ribeira Grande.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/


8- Miradouro Pico do Ferro
O Miradouro Pico do Ferro está a uma altitude de cerca de 570 m e oferece a mais fantástica vista da Lagoa das Furnas. Para chegar a este miradouro siga na estrada EN2-1A e, no sentido Furnas - Ribeira Grande, encontrará um desvio à esquerda que o levará até lá (tem indicação na estrada).

Fonte: https://pt.wikipedia.org/


ZONA LITORAL ESTE


Contornando a costa desta região da ilha vai encontrar sítios espetaculares (como em toda a ilha, aliás). Se tiver tempo, vá parando em cada terrinha, dê um mergulho nas praias que encontrar e veja as maravilhosas paisagens que os miradouros oferecem. Seguidamente indico alguns pontos a visitar. Apenas alguns.


1- Praia do Fogo (Ribeira Quente)
Devido à existência de nascentes hidrotermais submarinas, a água da praia do Fogo (ou da Ribeira Quente) tem uma temperatura superior à das restantes praias. Vale experimentar. 



2- Cascata da Ribeira Grande
É fácil passar por esta cascata sem que se perceba da sua existência, já que é visível quando o túnel da estrada EN2-2A (que liga Ribeira quente às Furnas) é interrompido (a cascata fica do lado esquerdo quando se vai no sentido das Furnas).


3 e 4- Miradouros do Pôr-do-Sol e do Pico dos Bodes
Se vier da Ribeira Quente, até chegar ao Miradouro do Pôr-do-Sol e depois ao do Pico dos Bodes ainda poderá passar por ex. ao Miradouro da Lomba do Cavaleiro e à localidade da Povoação e respetiva praia. Tanto o miradouro do Pôr-do-Sol como o do Pico dos Bodes valem a paragem, contudo este último é um local abandonado e em Agosto de 2020 tinha um acesso algo difícil mas possível.




5 e 6- Faial da Terra e Salto do Prego
Faial da Terra é uma localidade bem pequena situada num vale próximo do mar. Vale uma paragem para um cafezinho. Além da pacatez, a terra oferece mais. Começa e acaba aqui um incrível trilho circular* de 4,5 km que muitos consideram como um dos mais bonitos da ilha. O trilho demora cerca de 2 horas a percorrer mas reserve um pouco mais de tempo se quiser mergulhar nas águas da cascata do Salto do Prego*. Além do percurso pela densa vegetação e da cascata, terá oportunidade de passar pela aldeia do Sanguinho*, uma aldeia rural típica que foi abandonada nos anos 60, quando a população emigrou para os EUA e Canadá, e que ultimamente tem vindo a ser recuperada. Pode saber mais sobre o trilho aqui.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/

7 e 8- Miradouros da Ponta da Madrugada e da Ponta do Sossego
Os miradouros da Ponta da Madrugada e da Ponta do Sossego distam entre si nem 3 km. Ambos oferecem uma paisagem muito bonita, têm uma área ajardinada e têm condições para fazer um piquenique.




9- Nordeste
Cheguei à vila do Nordeste ao fim da tarde. Oh terra calma e agradável. Além da serenidade da vila, pode desfrutar ainda da piscina de água salgada, construída na foz da ribeira do Guilherme, e da paisagem envolvente.
Antes de chegar a Nordeste poderá também visitar o Farol do Arnel, o primeiro a ser construído no arquipélago dos Açores (começou a funcionar em 1876). O farol pode ser visitado às quartas-feiras das 14h às 17h (Verão) ou das 13.30h às 16.30h (Inverno).




10- Parque da Ribeira dos Caldeirões
A visita ao Parque dos Caldeirões poderá ser feita  de forma rápida, vendo a cascata e a paisagem envolvente ou de um modo ais demorado apreciando a floresta Laurissilva, os moinhos e as antigas casas dos moleiros. É um sítio muito bonito que vale a visita.






11- Poço Azul
Pode-se chegar ao Poço Azul indo do Padrão das Alminhas (no centro da Achadinha) ou fazendo um trilho mais longo, como o trilho do Padrão das Alminhas. A cor da água desta represa é realmente azul e toma-se aí um agradável banho. Contudo, se já teve esta experiência e não faz questão de percorrer trilhos nem descer (e sobretudo subir) degraus (muitos), equacione substituir esta visita por uma paragem junto à costa, num dos muitos miradouros. Se não tem problemas com degraus e gosta de locais pouco frequentados, então este sítio é para si.



Boa Viagem!


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