2, 3 ou 4 dias em Valência, sem carro

 Porquê Valência?

... E porque não?

É uma cidade simpática, com bons transportes e que dá para percorrer a pé. 

É perto. A viagem de avião demora cerca de 1 hora e meia de Lisboa, importante para quem só quer fazer uma escapadinha 

Há voos diretos e baratos de Lisboa. O meu custou 17€, ida e volta (só com bagagem de mão).

Dá para ir sozinha. É uma cidade "amigável" para as mulheres que querem experimentar viajar sozinhas.

É possível fazer um programa variado e adaptado a famílias com crianças. Tem uma parte histórica e praia, pode-se andar de barco, visitar um oceanário e um museu de ciências interativo e ainda andar de comboio e dar um mergulho num rio.

Vamos a Valência!

Relato aqui o roteiro que fiz, o que visitei, o que correu bem e menos bem. Esta viagem ocorreu entre 20 e 24 de julho de 2021 e, sendo assim, os custos que indico são dessa altura.

Nota: Algumas fotografias não são minhas. As que não são, estão marcadas com um * na legenda e têm como fonte o site https://commons.wikimedia.org.  


Valência

Valência é a 3ª cidade espanhola em população e é a capital da Província de Valência. Não sei se é legítimo fazê-lo, mas para mim, a cidade divide-se em duas, a parte antiga e a parte moderna. Apesar de ser uma cidade costeira, com praia, na zona antiga não se nota que o é. Como todas as cidades espanholas que conheço, tem muitas esplanadas, gente na rua e vida!


VIAGEM ATÉ VALÊNCIA E TRANSPORTES NA CIDADE
Pelo menos no verão de 2021 houve voos diretos de Lisboa para Valência e vice-versa todos os dias, sendo que o voo de volta ocorria ao final do dia. No aeroporto de Valência existem duas linhas de metro - 3 e 5 (já estive em aeroportos com melhor sinalização, mas encontrará a entrada do metro!). O bilhete de metro entre o aeroporto e a cidade tem o preço de 3,90€ (zona C para zona A) e nas máquinas de compra de bilhetes há um botão específico para este bilhete. Na compra do primeiro bilhete de metro terá de comprar um cartão (1,00€). A viagem demora 25-30 minutos.

NOTA: Peça um mapa da cidade no quiosque do aeroporto onde compra o bilhete de metro.

Há ainda autocarros. O serviço funciona das 5h25 às 22h00 com uma frequência de 26 minutos nos dias úteis e de 35 minutos aos fins-de-semana e feriados. O bilhete custa 1,50€ e pode ser adquirido no motorista. O tempo  de viagem é de aproximadamente 45 minutos.

Pode ainda usar táxi, cuja viagem custará cerca de 20,00€.

A cidade é bem servida de metro e de autocarros, sendo o preço, por viagem, em ambos, de 1,50€. Há cartões turísticos de 24h, 48h e 72h (site oficial) que resolvi não comprar. Pode planificar aqui a sua viagem de metro ou descarregar uma aplicação no telemóvel (por exemplo Metro Valencia offline). Aqui pode consultar o mapa do metro (está aberto das 4.00h às 23.30h). Em relação aos autocarros, pode planificar as suas viagens com antecedência, vendo o número do autocarro que deve apanhar neste site. Neste site pode ver o trajeto que cada autocarro faz (é só clicar em "ver linhas" e escolher o autocarro).

Valência é também servida por comboios, existindo duas estações na cidade: a Estación del Norte (ou Valencia-Norte) e a Estación de Joaquín Sorolla. As estações são próximas uma da outra (10 minutos a pé) e ficam próximo também do centro da cidade. As duas estações são servidas por metro - estação Xàtiva (linhas 3, 5 e 9) e Jesus (linhas 1, 2 e 7), respetivamente. 


ROTEIRO DE 4 DIAS

No roteiro que partilho não contabilizo o dia de chegada, uma vez que nesse dia cheguei à cidade à hora de jantar e apenas dei uma voltinha nos arredores do alojamento. Além disso, o roteiro tem em consideração que pode comprar um cartão de turista (com viagens ilimitadas em todos os transportes e descontos em monumentos, durante 24, 48 ou 72 horas). O cartão pode ser comprado online (aqui) e levantado no aeroporto ou num posto de turismo. Como o cartão é ativado na primeira utilização, e se o seu voo for como o meu, chega tarde a Valência, a minha sugestão é que compre em separado a ida de metro até à cidade e só use o cartão nos 3.º e 4.º dias do roteiro, já que no 1.º se faz tudo a pé e no 2.º proponho a ida a Cuenca.

Eu não comprei o cartão, uma vez que cada bilhete de autocarro custa 1,50€ e para valer a pena teria de fazer pelo menos 6 viagens por dia.  

Para planear a sua viagem, aconselho visitar o site oficial do turismo de Valência (aqui), além da leitura dos relatos de quem lá esteve.

1.º dia - Cidade velha (percurso a pé com aproximadamente 4 km)
Indicarei os pontos que, na minha opinião, valem a visita mas tenha em atenção que é possível que não os possa visitar pela ordem que apresento devido ao horário de abertura e fecho de cada monumento. Tenha atenção a isso para não perder tempo. Também perceberá que é fácil "perder-se" na cidade e está tudo bem! Tirando três ou quatro sítios que, na minha opinião, é mesmo importante visitar, no restante do tempo passeie pela cidade e irá passar por recantos tão ou mais interessantes que aqueles que indico. Perceberá isso lá. Este é só um roteiro possível.


- Torres de Quart
É uma construção militar do estilo gótico tardio e constituía um portão de defesa. Desempenhou um papel importante na detenção das tropas napoleónicas, em 1808. Ainda são visíveis algumas marcas de balas de canhão. Foi prisão feminina durante algum tempo. 
Quando fui estavam fechadas mas, de acordo com o site oficial do turismo da cidade, podem ser visitadas. 
Torres Quart
- Plaça del Tossal
Quem está nas Torres de Quart segue pela rua  "Carrer de Quart" e chegará à Plaça del Tossal (em valenciano). Esta zona é um dos sítios onde pode parar para beber uma das bebidas típicas de Valença: horchata (ou orxata ou orchata), bebida não alcoólica feita com junça ou chufa (tubérculo com um sabor semelhante ao da avelã) e água de Valência, bebida alcoólica feita com champanhe, vodka e sumo de laranja. Se ainda não for hora de sentar para uma bebida, não se preocupe, haverá mais oportunidades e sítios para o fazer. 


- Igreja Sant Nicolau de Bari i Sant Pere Màrtir 
Esta igreja não está aberta às segundas feiras para visita. No verão, de terça a sexta, pode ser visitada das 10.30h às 20.30h. Pode ver todos os horários e restante informação aqui. O bilhete custa 9.00€ mas garanto que não vai dar o dinheiro por mal empregado. É chamada a Capela Sistina de Valência e com muita razão. Não deixe de visitar! Mesmo! 
Conte com, no máximo, 40 minutos para fazer a visita (apesar de bonita é pequena).

Nota: Se quiser aproveitar o desconto de 15% que o cartão de turista dá, programe a visita para o 3.º dia deste roteiro.
Igreja de Sant Nicolau de Bari i Sant Pere Màrtir

Igreja de Sant Nicolau de Bari i Sant Pere Màrtir

Igreja de Sant Nicolau de Bari i Sant Pere Màrtir

- Plaça de Manises
É um recanto engraçado, com vários edifícios do governo regional. Vale uma passagem.

Plaça de Manises*

- Torre de Serranos e Plaza Fueros
Achei a Torre de Serranos mais bonita que a de Quart. É uma porta da muralha, construída no século XIV com o objetivo de defender um dos acessos mais usados da Valência antiga. É formada por dois cubos pentagonais que ladeiam a porta. No século XVI foi convertida em prisão de nobres e cavaleiros, mantendo este uso até 1887.
A praça também é um sítio agradável para sentar e beber um café.

Torre de Serranos

- Ponte de Trinitat, Jardins do Túria e Ponte del Real
Ponte de la Trinitat, do século XV (1402), é a mais antiga da cidade. Esta ponte foi adornada durante muito tempo por figuras dos santos padroeiros AlziraBernardoMaría Graciaaté que, na Guerra da Independência (1808-1814), os franceses as destruíram. Em 1950, estas estátua foram substituídas pelas de San Luis Bertran e de Santo Tomás de Villanueva que estavam na Ponte de Sant Josep.
A Ponte del Real é do século XVI (1595). Contém imagens de São Vicente Mártir e de São Vicente Ferrer. Esta ponte foi inaugurada para celebrar o casamento do rei Filipe III com a rainha Margarita mas aparentemente o seu nome não se deve a esse facto "Real" mas derivará de "Rahal", uma palavra árabe que significa pomar ou jardim. A ponte ligava a cidade murada ao Palácio del Real que foi demolido, no início do século XIX, pelo povo valenciano para que as tropas de Napoleão não o pudessem usar para bombardear a cidade. Os jardins do antigo palácio ainda são conhecidos como Jardines del Real ou Viveros.
Entre as duas pontes (ou apenas passando a primeira) pode apreciar uma parte dos Jardins do Túria. Estes jardins foram inaugurados em 1986 e ocupam o antigo leito do rio Túria que, após a grande inundação de 1957, foi desviado para um novo leito, artificial. O jardim tem cerca de 9 km (desde o Parque de Cabecera e o Bioparc a oeste até à Cidade das Artes e das Ciências do lado oposto), é atravessado por 18 pontes de diferentes estilos e épocas e divide-se em 12 trechos, cada um deles com características particulares.

Pont de la Trinitat
Jardins do Túria

- Plaça de la Mare de Déu (ou Plaza de la Virgen)
É a praça central da cidade antiga e corresponde ao antigo fórum da cidade romana. É uma praça pedestre e ao seu redor ficam os edifícios mais emblemáticos da cidade, além de edifícios residenciais. No centro da praça encontra-se uma fonte - Fuente del Turia - A base da fonte é formada por um conjunto escultório representando um homem atlético rodeado por oito mulheres com cântaros. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a escultura do homem não representa Neptuno mas sim o rio Túria. 
Quando caminhar em direção à Plaça de la Mare de Déu, passe pela Plaça de Sant Lluis Bertran. É um recanto giro.

Plaça de La Mare de Déu

Plaça de La Mare de Déu

- Tribunal das Águas de Valência (ou Tribunal de les Agues)
A caminho da entrada da catedral fica o Tribunal das Águas, que se realiza na Porta dos Apóstolos da catedral (fica virada para a Praça da Virgem). O Tribunal das Águas é considerado a instituição mais antiga da Europa e é Património Cultural Imaterial da Humanidade, desde 2009. A sua finalidade é solucionar conflitos entre os agricultores da comunidade, decorrentes do uso da água de irrigação.
O rio Túria, antes de entrar na cidade, distribui água por 8 canais de irrigação principais, destinados aos campos de cultivo. A origem destes canais data da época muçulmana, provavelmente do ano 960. Em 1238, o Rei Jaime I doou o sistema de irrigação aos camponeses, de acordo com o chamado direito consuetudinário (que assenta em costumes de uma sociedade, sem necessitar da existência de leis). O Tribunal das Águas é composto por 8 membros, também denominados síndicos, que representam cada uma das zonas de cultivo e que são indicados pelos próprios agricultores. Cada um dos membros é responsável por estabelecer a quantidade de água que cada região pode dispor e cada camponês deve acatar as suas ordens. Vestem uma roupa tradicional e reúnem-se todas as quintas feiras às 12:00h na Porta dos Apóstolos. Um dos síndicos é escolhido presidente, cujo mandato dura 2 anos. A Casa Vestuario (em frente da Porta dos Apóstolos) serve de ponto de encontro dos magistrados do Tribunal da Água antes de comparecerem às sessões. Posteriormente ao encontro do tribunal realiza-se a sessão administrativa também na Casa Vestuario, cuja visita é possível (horário aqui).

Porta dos Apóstolos e Casa Vestuario

- Catedral de Valência e Torre Miguelete
A catedral foi construída sobre um antigo templo romano que mais tarde foi mesquita. A construção iniciou-se no século XIII e terminou no século XVII, daí que a catedral incorpore vários estilos, embora o gótico seja dominante.
A Catedral é enorme, tem muito para ver e vale a visita. O bilhete custa 8,00€ com guia áudio em português. Pode ver os horários e muita outra informação aquiJunto à Catedral fica a Torre Miguelete. Esta torre sineira foi construída entre 1381 e 1424 e o seu acesso faz-se pelo interior da Catedral através de uma escada caracol com 207 degraus.  Originalmente era uma torre separada, tendo sido unida à Catedral no final do século XV, quando a nave central foi ampliada. A torre tem diferentes níveis. O primeiro nível é maciço, deixando apenas o vão para a escada. O segundo tem um espaço abobadado com uma única janela externa e foi uma prisãoO terceiro nível era a "Casa do Sineiro ", sendo possível ver como este vivia. O andar superior é a sala dos sinos com oito janelas, sete delas onde estavam os sinos.  Melhor do que a vista panorâmica são, quanto a mim,  as histórias, por exemplo de como o sineiro tocava os sinos ou como recebia informação para tocar o sino quando era preciso avisar a população de algo. O bilhete custa 2,00€ e pode obter mais informação no site que indiquei para a catedral.
Conte com pelo menos 1 hora e meia para a visita da Catedral e da Torre Miguelete. 

Antes ou depois de terminar a visita à Catedral não se esqueça de andar nas ruas que a rodeiam, vai passar Arc del carrer de la Barcella (Arco de la calle de la Barchilla) que liga a Catedral ao Palácio do Arcebispo.

Nota: Se quiser aproveitar os 10% de desconto no bilhete que o cartão de turista dá, programe a visita para o 4.º dia deste roteiro.

Catedral de Valência

Catedral de Valência

Catedral de Valência

Catedral de Valência

Catedral de Valência
Torre Miguelete

Arc del carrer de la Barcella

- Plaça de la Reina (ou Plaza de la Reina)
É uma das praças mais tradicionais de Valência e onde também pode tomar um horchata, além de tirar mais umas fotografias da Torre Miguelete.
A caminho da Lonja de la Seda, entre na Igreja de Santa Catarina.
Igreja de Santa Catarina
- Lonja de la Seda
A Lonja de la Seda é um dos edifícios mais emblemáticos da cidade e é Património da Humanidade pela UNESCO desde 1996. Foi construída no final do século XV para servir de sede às transações comerciais da cidade, numa época em que Valência estava intimamente ligada ao comércio da seda. O edifício tem várias áreas:
- A Sala do Comércio, um espaço amplo com oito colunas que sustentam o teto abobadado. Nesta sala foi instalada a Taula de Canvis, um banco que começou a funcionar em Valência no ano de 1408.
- A Torre Central, em cujo rés-do-chão existe uma pequena capela dedicada à Imaculada Conceição, sendo os dois andares superiores usados ​​como prisão para aqueles que não pagavam as suas dívidas. 
- O Consulado do Mar, tribunal criado em 1283, com um espetacular teto de madeira esculpida. 
- O Jardim, chamado Patio de los Naranjos (Pátio das Laranjeiras), que unifica o complexo.

O bilhete custou 2,00€ e o audioguia 3,00€, contudo aos domingos e feriados a entrada é gratuita. De segunda a sábado o horário das visitas é das 10.00h às 19.00h. Aos domingos e feriados é das 10.00h às 14.00h. Pode consultar mais informação aqui.

Conte com, no máximo, 40 minutos para fazer a visita.

Aos domingos, das 10h às 13h, existe uma feira da ladra em frente à Lonja de la Seda.

Sala do Comércio - Lonja de la Seda

Consolado do Mar - Lonja de la Seda*

Pátio das Laranjeiras - Lonja de la Seda

- Mercado Central 
O Mercado fica junto à Lonja de la Seda. 
Foi inaugurado em 1928 e é apresentado como sendo o maior mercado de produtos frescos da Europa. Será? Vale a visita não só pelos produtos mas também pela arquitetura. É um espaço bem bonito.  
Está aberto de segunda a sábado, das 7.30h às 15.00h.

Mercado Central

Mercado Central

Mercado Central

- Museo Nacional de Cerámica y Artes Suntuarias "González Martí"
O museu está fechado à segunda feira mas nos sábados de julho e agosto é possível fazer uma visita noturna (ver aqui os horários e outras informações).
Mesmo que não o visite (eu não visitei), não deixe de passar pelo edifício, o Palácio do Marquês de Dos Aguas é considerado o melhor exemplo do barroco em Espanha. 
Museu Nacional de Cerâmica*

- Plaça de l`Ajuntament de Valência
Os edifícios mais imponentes da praça são o da Câmara Municipal (onde também fica um dos postos de turismo) e o dos Correios. 
Edifício da Câmara Municipal - Plaça de l`Ajuntament

Edifício dos Correios - Plaça de l`Ajuntament

É possível fazer este roteiro num só dia mas terá de começar cedo e, como já disse, fazer uma sequência que lhe permita não perder tempo. Caso isso não seja possível ou queira gozar a cidade com mais tempo deverá reservar um dia e meio para o fazer.


2.º Dia - Cuenca
Se só tem 3 dias para visitar Valência suprima este. Poderá fazer o passeio quando for a Madrid.
Cuenca fica aproximadamente tão distante de Madrid como de Valência. Como não tinha visitado a cidade quando fui a Madrid resolvi visitá-la agora. A viagem de comboio rápido durou cerca de duas horas e parte-se da estação Joaquín Sorolla. A consulta dos horários e a compra de bilhete pode ser feita aqui (antes de comprar os bilhetes leia até ao fim o relato deste dia). Quando chegar à estação de comboios de Cuenca haverá autocarro que o levará até ao centro da cidade velha. A viagem demora cerca de 15-20 minutos.

Cuenca fica na confluência dos rios Huécar e Júcar. A cidade tem uma parte nova e uma parte antiga. É nesta última que encontramos ruas íngremes, testemunho do seu passado medieval, e as casas colgadas (casas suspensas) que fizeram com que Cuenca fosse declarada, em 1996, pela UNESCO, Património da Humanidade e que me interessava visitar.

Cuenca

A cidade histórica é pequena e os pontos principais são:

Plaza Mayor
É o centro nevrálgico da cidade e o ponto de partida da visita. Aqui, além dos restaurantes de maior movimento, encontramos a catedral, o edifício Câmara Municipal e o Convento de las Petras.

Edifício da Câmara Municipal de Cuenca - Plaza Mayor

Catedral de Nuestra Señora de Gracia
Erigida onde antes tinha existido uma mesquita, começou a ser construir no final do século XII e ficou concluída em meados do século XIII. É a primeira catedral gótica de Castela. Ao longo dos séculos seguintes foi sofrendo diversas alterações e restauros, incorporando pormenores de outros estilos arquitetónicos. 
Vale a visita. O bilhete custa 5,50€ mas é possível comprar um bilhete combinado (Catedral + Triforium + Museu do Tesouro + Igreja de San Pedro e Torre) por 10,50€. Horários e informações podem ser consultados aqui.

Catedral de Cuenca

Catedral de Cuenca

Casas Colgadas
É o conjunto arquitetónico mais emblemático de Cuenca e trata-se de edifícios construídos na falésia do vale do rio Huécar.

Ponte de San Pablo
É uma passagem que atravessa o rio Huécar. A ponte original foi construída em pedra no século XVI, mas ruiu e no seu lugar foi construída uma nova ponte, no início do século XX, em ferro e madeira. É um dos melhores lugares para obter uma boa panorâmica das Casas Colgadas.

Casas Colgadas e Ponte de San Pablo

To
rre Mangana
Situada no lugar onde se situava o antigo alcáçar árabe, foi construída no século XVI e renovada no século XX e é um dos pontos emblemáticos da cidade.

Andar simplesmente pelas ruas de Cuenca é um passeio muito agradável.

Cuenca

Ruas de Cuenca

Rua de Cuenca

Rio Júcar, nos arredores de Cuenca antiga (mas perto) onde se pode tomar banho

Cuenca é bonita e vale muito a visita mas é uma terra pequena e uma tarde chega para a percorrer. Então resolvi acrescentar ao programa a ida ao Parque Natural da Serranía para visitar a Cidade Encantada, um sítio geológico com formações rochosas muito interessantes.
As formações rochosas são de calcário e dolomite e datam de há aproximadamente 90 milhões de anos. A chuva que caiu no planalto desgastou o calcário mas não a dolomite que é mais resistente, resultando daí as formas erodidas a que chamam Cidade Encantada. Pode encontrar mais imagens e informação aqui.

Rocha na Cidade Encantada*

Com este programa, contratei um passeio numa empresa (no caso a Civitatis), pedindo que me fossem buscar à estação de comboios de Cuenca (Estação Fernando Zóbel). O plano era ir à Cidade Encantada de manhã, visitar Cuenca de tarde e voltar a Valência já de noite. Por isso, comprei os bilhetes de comboio online, de modo a estar na estação de Cuenca cedo e a voltar depois de jantar. Contudo, um dia antes, a visita à Cidade Encantada foi cancelada. Quando cheguei a Cuenca procurei o posto de turismo para que me ajudassem a encontrar uma alternativa. Porém, à hora que abriu o posto de turismo, todas as excursões para a Cidade Encantada já tinham partido. Sendo assim, tive de ficar todas aquelas horas em Cuenca sem necessidade. 

Pelo que descrevi, o meu conselho é:
  • Se quiser apenas visitar Cuenca, vá num comboio que chegue um pouco antes do almoço. Almoce em Cuenca antiga, visite a cidade, jante e volte no último comboio.
  • Se quiser visitar também a Cidade Encantada, e contratar antecipadamente o passeio, não compre os bilhetes de comboio antecipadamente. Se lhe acontecer o que me aconteceu a mim poderá ajustar a hora de ida e volta, se comprar o bilhete na estação no próprio dia.
  • Se quiser ir à Cidade Encantada mas comprar o passeio em Cuenca, esteja na Plaza Mayor (em frente à Catedral) antes das 10.00h porque é a essa hora que os carros saem de lá. Ao lado da Catedral há uma loja que vende estes passeios.
  • Se vai a Cuenca e quer ficar lá o dia todo leve fato de banho. Há praias improvisadas no rio e piscinas. Se leva crianças pode ser um bom programa para passar parte da tarde.

3.º Dia - Parque Natural de L`Albufera e praia de El Saler
Se só tem 2 dias para visitar Valência o melhor é suprimir este dia do seu roteiro (fará o 1.º e o último dia deste roteiro).
L'Albufera constitui uma das zonas húmidas costeiras mais representativas e valiosas da bacia do Mediterrâneo e está localizada a apenas 10 km de Valência. A sua origem e desenvolvimento ocorreu nos últimos 10 000 anos e a configuração atual data de há 2 000 anos.
É uma lagoa separada do mar por uma restinga costeira cuja origem se deve ao fechamento de uma baía por um cordão litoral de sedimentos provenientes sobretudo da foz do rio Túria. Esta língua de sedimentos deixou um lençol de água marinha quase sem ligação com o mar. Com o passar do tempo, esse espaço lagunar diminuiu de profundidade e de perímetro ao ser preenchido desde as bordas com sedimentos provenientes dos relevos interiores, rios e barrancos.
A água da lagoa, originalmente marinha, foi substituída por água doce de rios, ravinas, retornos de água de irrigação, por exemplo. A restinga evoluiu e aumentou a sua largura e altura, formando-se ali dunas e um extenso areal junto à orla marítima.
L'Albufera é uma zona húmida com uma biodiversidade excecional que abriga inúmeras espécies, incluindo alguns peixes endémicos e ameaçados e numerosas aves. Mais informação sobre a importância ecológica da Albufera pode ser consultada aqui. Este ecossistema dá ainda sustentação a várias atividades humanas, como a pesca e o cultivo de arroz.
Na Albufera é possível fazer diversas atividades e percursos pedestres (pode ver aqui) mas se quiser apenas visitar, a partir de El Palmar, associando a visita a uma ida à praia (como eu fiz) siga o roteiro.
  • Na Praça Porta de la Mar apanhe o autocarro 24 (a paragem fica na Avenida de Navarro Reverter, do lado esquerdo de quem está de costas para a praça).  No verão há autocarro a cada hora (ver horários aqui ). Se não tiver cartão de turista, o bilhete custa 1,50€ e a viagem até El Palmar demora cerca de 35 minutos. Atenção: o autocarro 25 vai até El Perelló e não pára em El Palmar.
Aproveite a ida para a Praça Porta de la Mar para passar pela Estação de comboios de Valência - Norte e Praça de Touros, se no dia anterior não teve tempo.
Estação de comboios Valência Norte

Praça de Touros

Praça Porta de la Mar
  • Saia na última paragem do autocarro, em El Palmar, e procure os barcos que fazem passeios na lagoa (ao percorrer a rua onde é a paragem do autocarro no sentido do centro da terra vai encontrar cartazes). Conte com cerca de 1 hora.
  • Almoce num dos restaurantes de El Palmar. Aproveite para comer a tradicional paella que é original daqui ou um dos vários pratos típicos de arroz.
  • Apanhe novamente o autocarro 24 e saia em El Saler. No verão há uma paragem mesmo junto à praia. Achei a praia de El Saler melhor do que a de Valência, nomeadamente no que diz respeito à areia (por isso ter colocado a ida à Albufera de Valência neste dia e não no último, assim poderá estar até mais tarde na praia).
  • À hora que entender, apanhe o autocarro de volta a Valência. Na paragem existe indicação de todos os autocarros que param ali (penso que o 25 também faz esta paragem). 
L`Albufera de Valência

L`Albufera de Valência (arte de pesca tradicional)

L`Albufera de Valência

L`Albufera de Valência

Praia de El Saler

4.º Dia - Cidade das Artes e das Ciências de Valência e praia (ou não)
Visitar a Cidade das Artes e das Ciências é obrigatório para quem está em Valência, nem que seja apenas para apreciar os edifícios projetados pelos arquitetos Santiago Calatrava e Félix Candela.
São sete as estruturas/edifícios do complexo:
- Palácio das Artes Rainha Sofia - É o edifício principal do complexo e abriga quatro espaços para apresentações de ópera, música clássica, balé e teatro. Parece representar um navio encalhado no rio Túria. 
- O Hemisférico - O desenho do edifício foi inspirado no olho humano (mas a mim pareceu-me uma baleia...). Funciona como planetário, sala de projeções e cinema IMAX.
- Museu das Ciências Príncipe Felipe - O edifício faz lembrar um esqueleto de um grande animal. É um museu de ciência interativo, cujo lema é: "Proibido não tocar, não sentir, não pensar".
- O Oceanográfico (L`Oceanographic) - É o maior oceanário da Europa e nele estão representados vários ecossistemas de todo o mundo.
- L´umbracle - É uma estrutura alongada e aberta que abriga um jardim com plantas da região de Valência (é a parte terminal dos jardins do Túria) e um conjunto de esculturas de artistas contemporâneos. As plantas foram selecionadas de forma a que haja uma cor dominante diferente em cada estação.
- Àgora - É um espaço polivalente de promoção do conhecimento, da ciência e da cultura.
- El Puente de l`Assut de l`Or (Ponte da Barragem de Ouro) - Esta ponte também é conhecida com "a Arpa" devido ao seu design. O pilar tem 125 metros e é o ponto mais alto do complexo.
Pode obter mais informação sobre a Cidade das Artes e das Ciências aqui.
Edifícios/estruturas da Cidade das Artes e das Ciências*

Para ir da cidade velha até à Cidade das Artes e das Ciências existem vários autocarros (13, 15, 25, 35, 95, 99) mas atenção que nem todos partem do mesmo local. Eu fui no 35 que passa na Avenida Marqués de Sotelo (junto à Praza do Ajuntamento). A paragem fica do lado esquerdo da avenida se estiver de costas para a praça. O trajeto até à Cidade das Artes e das Ciências demora cerca de 30 minutos. Aqui pode ver o trajeto de todos os autocarros e escolher o que passa mais próximo do seu alojamento. 
Dependendo do tempo que tem, se vai com crianças ou não, ou do dinheiro que quer gastar, pode apenas passear pela zona, entrar no jardim e ver os edifícios, e já valerá a pena a deslocação, ou visitar o Oceanográfico, Hemisférico e/ou Museu das Ciências (se for com crianças é de certeza interessante). Há bilhetes para cada atividade e combinados (o cartão de turista dá desconto nos bilhetes). Pode comprar os bilhetes aqui. Se visitar apenas os edifícios conte com, pelo menos, uma hora e meia. 
Eu comprei o bilhete para o Oceanográfico com uma sessão no Hemisférico. Assisti também ao espetáculo com golfinhos (está incluído no bilhete). Se for a esta apresentação baixe para o seu telemóvel a aplicação do Kahoot (fazem um "concurso" antes da apresentação e é giro participar). Entrei às 10 horas e saí por volta das 15 horas, já almoçada (no recinto do Oceanográfico há restaurantes e sítios onde comparar comida). 
Cidade das Artes e das Ciências

Cidade das Artes e das Ciências

Cidade das Artes e das Ciências

Cidade das Artes e das Ciências

Oceanográfico

Se sobrar tempo ainda poderá dar um saltinho a uma das praias de Valência (praia de las Arenas, praia del Cabanyal, ou praia Malva-Rosa) ou então atravessar a ponte de l`Assut de l`Or e dar uma volta na cidade moderna que rodeia a Cidade das Artes e das Ciências. 
Estando na Cidade das Artes e das Ciências terá de apanhar o autocarro 99 e depois o 32 para chegar à praia. Pode ver o trajeto e perceber onde apanhar os autocarros aqui.
Para voltar à cidade há junto à praia uma paragem de metro (a paragem é à superfície e vê-se bem).
Praia de Valência

Boa viagem!



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