Guia da Indonésia - Parte 1: Ilha de Java

Neste artigo indico todos os passos da preparação da minha viagem à Indonésia e dou as informações gerais que considerei úteis para quem visita o país, mas apenas descrevo os primeiros 11 dias da viagem: a ida para Jacarta e o percurso feito na ilha de Java. Noutro artigo descreverei a segunda parte (13 dias): o percurso de Bali até Flores e daí até Lisboa.
Descrevo todo o roteiro, com o máximo de pormenor que me foi possível, faço a apreciação de cada dia, dizendo o que correu bem e menos bem e o que faria diferente, partilho um resumo da informação que recolhi sobre cada local que visitei (está escrito com uma cor diferente para se distinguir facilmente das indicações de viagem), deixo os valores que gastei (do que tenho registo) e dou dicas. No fundo, escrevo o artigo que gostaria de ter encontrado quando preparei a minha viagem.
Não espere ver fotografias espetaculares. Não é esse o foco do artigo. O objetivo deste artigo é ajudar quem está a preparar uma viagem com destino à Indonésia.

A viagem foi realizada em agosto de 2023, por conta própria e com uma amiga. 


PREPARAÇÃO
  • Baixei os vários mapas da Indonésia no Maps.me.
  • Baixei o idioma indonésio no google tradutor.
  • Confirmei que tinha instalado no telemóvel a app do Booking.
  • Instalei no telemóvel a aplicação Grab (o equivalente à Uber). Foi útil para ter uma referência de preços para a negociação local.
  • Fiz o registo de viajante (aqui). Considerei importante já que a Indonésia é um país onde a Natureza pode pregar "partidas" e pode ser útil as autoridades portuguesas saberem que estamos por lá.
  • Verifiquei a validade do passaporte (tem de ter validade de 6 meses após a data prevista para a saída da Indonésia).
  • Verifiquei a cobertura do seguro de assistência em viagem (que todos fazemos quando fazemos o seguro do carro). Verifiquei que a cobertura é idêntica à do seguro de viagem no que respeita à proteção em caso de doença (o seguro de viagem tem a vantagem de cobrir também a bagagem e os voos). Não fiz seguro de viagem.
  • Reservei o voo de ida e volta de Jacarta - 1230 €/pessoa.
  • Reservei o voo da ilha das Flores (o ponto mais distante da viagem) para Jacarta - 121 €/pessoa.
  • Reservei hotel em Jacarta - 3 noites; Bandung - 1 noite; Yogyakarta - 3 noites; Cemara - 1 noite; Banyuwangi - 2 noites; Ubud - 3 noites; Lombok - 1 noite; Flores - 1 noite. Ficou a faltar alojamento para uma noite.  Todos os quartos tinham casa de banho privativa, duas camas e pequeno almoço. Ao longo do roteiro dou a minha opinião sobre cada alojamento e indico o preço que pagámos por quarto. Não reservei hotel para 3 noites.
  • Reservei o tour ao Krakatoa (210,00 €/pessoa - uma exorbitância - digo no roteiro como ir de forma mais económica). Paguei lá em rupias indonésias (IRD).
  • Reservei o tour à Cratera Branca (40,00 €/pessoa). Paguei lá em IRD.
  • Reservei o tour de barco de Lombok à ilha das Flores - 5 dias/4 noites (164,00 €/pessoa). Paguei lá em IRD.
  • Comprei o bilhete para Balé Ramayana em Prambana (13,00 €/pessoa). Paguei com cartão de crédito.
  • Pesquisei os horários de comboios e o tipo de carruagem que queria (aqui) e imprimi o resultado, prevendo dificuldades de comunicação aquando da compra dos bilhetes (foi útil).

INFORMAÇÕES ÚTEIS
  • Depois da Pandemia, os portugueses precisam de visto mesmo estando no país até 30 dias, mas o visto pode ser tirado no aeroporto à chegada (atenção que esta informação diz respeito ao que se passava em agosto de 2023).
  • Quanto a mim, alugar carro na Indonésia (sobretudo em Java) não é opção. Conduzem à esquerda e o trânsito é uma loucura. Contudo, em Bali e nas outras ilhas que visitei, alugar uma mota pode ser uma boa ideia.
  • Porque o trânsito é uma loucura, conte que, de carro, levará cerca do dobro do tempo que leva em Portugal para percorrer a mesma distância. Por exemplo, em Java, para percorrer 140 km demorámos perto de 3 horas meia e, de outra vez, para andar 190 km demorámos mais de 5 horas. Em Yokyakarta, para percorrer 40 km demorámos 1 hora.
  • Os comboios funcionam bem (a horas) e as carruagens são ao nível das dos comboios portugueses. Não senti necessidade de viajar em 1.ª classe. Escolhemos sempre o bilhete mais barato que estava disponível.
  • Regateie os preços nos mercados ou na contratação de transportes. Consegui, assim, baixar preços para metade ou mesmo mais. Por exemplo, um transporte que começaram por pedir 300 mil IRD foi fechado por 70 mil IRD!
  • O custo de vida é mais baixo do que em Portugal, embora os preços variem de local para local. Em geral, os preços em Bali são mais altos do que em Java. 
  • Comemos sempre comida local. A maioria das vezes em restaurantes locais e simples. Algumas vezes comemos comida de rua. O prato de comida mais barato que comi custou 10 mil IRD (comida de rua) e o jantar mais caro (à descrição mas sem bebida, num hotel de 4*) custou 125 mil IRD. Uma garrafa de cerveja, num bar, custou de 50 mil IRD a 70 mil IRD, dependendo do sítio (as bebidas alcoólicas são muito caras em relação à comida). 
  • A maioria dos locais tem bilhetes para indonésios e para estrangeiros (mais caros). Não estranhe.
  • Tirando Bali, que é muito turística e a população não é maioritariamente muçulmana, nos restaurantes simples não há bebidas alcoólicas
  • Não precisa de adaptador de tomadas. As tomadas elétricas são como as de Portugal.
  • Na sua programação tenha em consideração que na Indonésia às seis da tarde já é noite.
  • Suspenda os seus conceitos de reciclagem de resíduos e de tratamento de  lixo. Vai encontrar muito lixo em todo o lado, mesmo nas praias "cartão de postal".
  • Senti-me sempre segura durante toda a viagem (menos a andar de carro!), quer de dia quer de noite.
A Indonésia é composta por cerca de 17 000 ilhas, quase todas de origem vulcânica, das quais cerca de 6 000 são habitadas. As duas maiores ilhas são Java, onde se localiza a capital (Jacarta), e Sumatra. O país tem 143 vulcões ativos, representando mais de 13% dos vulcões ativos do mundo, 45 dos quais na ilha de Java.
A Indonésia é o maior país muçulmano do mundo. Porém, além do islamismo, há também presença significativa de cristianismo, hinduísmo e budismo.
O país foi uma colónia da Holanda durante vários séculos, mas durante a Segunda Guerra Mundial, o arquipélago foi ocupado pelo Japão e após a guerra, a Indonésia declarou sua independência, em 1945. 


DIA 1
Dia da partida

Partimos de Lisboa às 8.50h com destino a Jacarta. O voo teve uma escala em Abu Dhabi de quase oito horas.


DIA 2
Dia da chegada 

O avião aterrou em Jacarta (terminal 3) antes das três da tarde. Fizemos o visto à chegada, no aeroporto (32,50 €). Paguei em euros, recebi o troco em rupias. Ainda no aeroporto, troquei euros por rupias (IRD) e comprei um cartão de internet de 24 gigas por 300 mil IRD (erro! ver dica 2). Fomos para a cidade (estação Gambir) de autocarro (80 mil IRD). Os autocarros param à porta do terminal do aeroporto e são fáceis de encontrar. São da empresa Damri e demorámos até à cidade por volta de hora e meia. Li que o último autocarro sai do aeroporto às 21.30h. Também é possível chegar à cidade de comboio.
Quando chegámos ao centro da cidade era já noite.


Dica 1 - Se quer ir do aeroporto para a cidade de autocarro ou de comboio resista à insistência dos taxistas. À saída do aeroporto apareceram 5 ou 6 a oferecer os seus serviços dizendo inclusivamente que não havia outro transporte.

Dica 2 - Se lhe for possível, resista à tendência de comprar o cartão de internet no aeroporto. O cartão que comprei de 24 gigas custou 300 mil IRD. Na cidade descobri cartões da mesma companhia (Telkom) com 23 gigas a 100 mil IRD.


Hotel
Dafam Express Jaksa Jakarta - 3 noites: total 91,00 €- escolhemos por permitir ir a pé aos sítios que queríamos visitar e à estação Gambir (onde o autocarro do aeroporto pára e onde apanharíamos o comboio para prosseguir viagem). O hotel está classificado no Booking com 2*, mas, sendo simples, ficar numa rua secundária e o pequeno almoço não ser nada de especial, é limpo, tem elevador e o nosso quarto era bom. Diria que é um 3*. Atendeu às necessidades e não me revejo nos comentários negativos que há no Booking. Considerando o quarto que nos calhou, recomendo sem reservas.

Hotel Dafam Express Jaksa Jakarta

Balanço do dia
O primeiro dia na Indonésia não teve história. Depois de 2 dias sem dormir numa cama (o dia da ida, já que saímos de casa ainda de madrugada, e o dia do voo), jantámos próximo do hotel e dormimos.


DIA 3
Jacarta

Na cidade de Jacarta, fizemos todo o percurso a pé, mas apenas visitámos a catedral, a mesquita, a Praça Merdeka e o Monumento Nacional. Depois de almoço, fomos de tuk tuk para Kota Tua. Voltámos à cidade também de tuk tuk.

Percurso feito a pé em Jacarta

1- Catedral de Jacarta
A Catedral fica em frente da maior mesquita de Jacarta. Esta igreja neogótica foi inaugurada em 1901, tendo sido construída no mesmo local de outra catedral que ruiu em 1890. É dedicada à Virgem Maria e é oficialmente chamada de Igreja de Nossa Senhora da Assunção. 
Embora a igreja pareça ser feita de pedra, na verdade é construída em tijolos vermelhos cobertos com gesso que imita pedra natural. A igreja tem três torres (de frente não se vê a torre central) construídas em ferro, de forma a tornar a estrutura menos suscetível a terremotos.
Existem três altares. À esquerda está o Altar de Santa Maria, concluído em 1915, e à direita o Altar de São José, concluído em 1922. Li que o altar central e a cruz de ouro foram feitos na Holanda, no século XIX, e aqui instalados em 1956. Nas paredes da igreja há pinturas da Via Sacra e ao centro, à direita, existe um púlpito elevado em forma de concha.
O edifício tem dois andares. O piso superior era destinado ao coro, mas atualmente está convertido num museu que conta a história da difusão do catolicismo na Indonésia (não visitei). O museu está fechado à segunda feira.
Apesar da Indonésia ser maioritariamente muçulmana, na catedral há missa regularmente. 

A entrada na catedral é gratuita. Pode encontrar mais informação no site oficial (aqui).


2- Mesquita Istiglal
É a maior mesquita do Sudeste asiático e uma das maiores do mundo. Foi projetada por um arquiteto indonésio católico e inaugurada em 1978. "Istiqlal" significa, em árabe, “independência”, uma referência à luta da Indonésia pela independência, simbolizada em vários aspetos da mesquita. Por exemplo, o edifício tem duas cúpulas, a maior tem um diâmetro de 45 metros, simbolizando o ano (1945) da independência e a menor tem 8 metros, o que simboliza o mês (8-agosto) da independência. Na cúpula maior há um Crescente e uma Estrela a uma altura de 17 metros, simbolizando o dia (17) em que ocorreu a independência do país.
O edifício tem também vários simbolismos relacionados com o islão. Por exemplo, a mesquita tem cinco patamares (andares). O número “5” representa os cinco pilares do Islão: 1. A profissão de fé: Alá é o único Deus e Maomé é o seu profeta; 2. Oração que deve ser feita 5 vezes ao dia; 3. Caridade; 4. Jejum no ramadão; 5. Peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. Os 5 patamares também representam os 5 princípios da Pancasila (fundamento filosófico oficial da Indonésia): 1. Crença num único Deus; 2. Humanidade justa e civilizada; 3. Unidade da Indonésia; 4. Democracia guiada pela sabedoria interior e emanada das deliberações entre os representantes do povo; 5. Justiça social para todo o povo indonésio. A cúpula maior é sustentada por 12 colunas de aço inoxidável, simbolizando a data de nascimento do profeta Maomé. Estas colunas têm 2,6 metros de diâmetro e 26 metros de altura.

Também a localização da mesquita, em frente à catedral católica, não é casual. É um símbolo da diversidade religiosa do país, onde todas as religiões podem coexistir em paz e harmonia. Este simbolismo é reforçado por um túnel que liga os dois templos e pela inevitabilidade de quem reza no pátio da mesquita ver a catedral católica. 

A mesquita está aberta das 4.00h às 21.00h e a visita é feita com um guia. O agendamento da visita pode ser feito aqui. Nós não marcámos visita, simplesmente ao chegarmos preenchemos o formulário e visitámos. A visita não é cobrada. No final, cada um deixa, se quiser, um donativo.


3- Praça Merdeka
"Merdeka" é uma palavra engraçada para quem fala português, mas em indonésio quer dizer "independência". A praça tem 1 km quadrado e dizem ser a 3ª maior do mundo. No centro da praça está o Monumento Nacional e em seu redor localizam-se vários edifícios emblemáticos (por ex. o Palácio Presidencial,  o Museu Nacional). Não muito longe fica a Estação (de comboios) Gambir e a Mesquita Istiglal.

A praça é murada, havendo portões para entrar nela. A entrada é gratuita.


4- Monumento Nacional ou Monas
Este monumento é um obelisco, está localizado no centro da Praça Merdeka e simboliza a luta dos indonésios pela liberdade. Assim, simbolicamente, começou a ser construído a 17 de agosto de 1961 (a independência da Indonésia dos holandeses ocorreu a 17 de agosto de 1945).
A extremidade do monumento é coroada com a "chama da independência" que parece ouro. Na verdade, é uma estrutura em bronze coberta com folhas de ouro. Inicialmente, eram 35 Kg de folhas de ouro, mas foi recoberta, durante o 50.º aniversário da independência da Indonésia, e aumentada para 50 Kg.

A entrada para o Monas faz-se por um túnel (onde se compra também o bilhete) localizado a norte do monumento (é fácil de identificar). 
À volta do Monas, no pátio externo, existe um mural em cimento que exibe esculturas em relevo que mostram momentos significativos da história da Indonésia: a colonização europeia, várias revoltas populares, a ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial, a proclamação da Independência e acontecimentos pós-independência.
O monumento propriamente dito tem três áreas. Na primeira, abaixo do solo, é onde se encontra o Museu de História Nacional. Este museu exibe 51 dioramas (modelo tridimensional de uma cena, dentro de uma vitrine) que retratam várias cenas importantes da história da Indonésia, desde a pré-história até à administração de Soeharto. 
O segundo patamar do Monas é um área plana que circunda externamente a torre. A vista é boa porque fica vários metros acima do solo e as famílias aproveitam para descansar aí.
Chega-se ao terceiro patamar do monumento por um único elevador. A varanda de observação está a cerca de 100 metros do solo. Daí pode observar-se os principais edifícios que circundam a Praça Merdeka.

O Monas está aberto de terça a domingo, entre as 8.00h e as 16.00h. Ao sábado e domingo há um espetáculo de luzes às 19.30h e 20.30h. O bilhete completo (que inclui a subida) para estrangeiros custa 30 mil IRD mais 20 mil IRD para o cartão Jakcard (que é usado noutros serviços e que não precisa comprar se já o tiver).

Após o almoço, feito numa feira existente na praça, apanhámos um tuk tuk (negociámos o preço mas não me lembro do valor...) e fomos para Kota Tua.


5- Kota Tua
Kota Tua é a "cidade velha" de Jacarta. Fica a cerca de 4,5 km a norte da Praça Merdeka e é uma zona cheia de vida, onde são típicos os edifícios coloniais holandeses e existem vários museus. Também muito famoso é o Café Batavia (palavra “Batavia” é o antigo nome de Jacarta) que fica localizado no canto noroeste da Praça Fatahillah, a praça central de Kota Tua. 
Na Praça Fatahillah encontrará as "instagramáveis" bicicletas coloridas e umas meninas "vestidas de boneca" prontas para ser fotografadas e em seu redor encontrará vários museus: Museu do Banco Mandiri, Museu do Banco da Indonésia, Museu Wayang (marionetas) e Museu de Cerâmica e Belas Artes. A cerca de 1 km a norte da Praça Fatahillah existe o antigo porto de Jacarta, Sunda Kelapa, onde pode ver os veleiros tradicionais de 2 mastros "Pinisi"

Em Kota Tua apenas andámos pela praça e arredores. Voltámos para Jacarta novamente de tuk tuk.

Dica 3 - Se sair do hotel antes das 9.00h (e se o hotel ficar próximo da Praça Merdeka) terá tempo de visitar o que indiquei e, em Kota Tua, poderá visitar um dos museus e talvez até consiga ir ao antigo porto (Sunda Kelapa).


Balanço do dia
Jacarta é uma cidade enorme, com mais de 10 milhões de habitantes. Há portanto "muitas Jacartas". Há ruas muito pobres e centros comerciais de luxo. Contudo, qualquer que seja a Jacarta de que estejamos a falar, haverá sempre muito trânsito e grande confusão na rua. Há certamente muitas coisas para ver na cidade, mas grandes cidades não são a minha "praia". Por isso, para mim, um dia em Jacarta chegou. Não teria ficado mais.

Catedral católica e ruas de Jacarta

Mesquita Istiglal

Praça Merdeka e Monas

Kota Tua


DIA 4
Krakatoa

Anak Krakatau (ou krakatoa, como dizemos em Portugal) significa “Filho de Krakatoa” e é o vulcão (e ilha) que resultou de uma longa história de explosões e de construções vulcânicas que originaram o atual arquipélago de Krakatoa, constituído por 4 ilhas. O vulcão Krakatoa, no Estreito de Sunda, entre Java e Sumatra, sofreu um grande colapso no ano de 535 d.C. Este evento formou uma caldeira de 7 km de largura cercada por três ilhas: Verlaten, Lang e Krakatoa (estas ilhas são conhecidas também por outros nomes), que não são mais do que aquilo que restou da ilha original. A ilha de Krakatoa foi parcialmente destruída na erupção de 1883, uma das maiores explosões vulcânicas ocorridas na Terra. A explosão originou um tsunami que terá provocado mais de 36 000 mortes. Em 1927, formou-se uma nova ilha (Anak Krakatau) e desde aí houve mais de 40 erupções menores, até que em dezembro de 2018 ocorreu uma grande explosão que destruiu a maior parte do edifício vulcânico. Esta explosão gerou um tsunami que provocou mais de 400 mortes nas ilhas de Java e de Sumatra. Explosões intermitentes de cinzas desde maio de 2021 contribuíram para o crescimento de um novo cone. É esse novo cone que se vê agora. 

O tour ao Krakatoa que contratámos incluiu:
- Irem buscar-nos ao hotel (5.00h da manhã)
- Viagem de carro até à praia de Carita (demorou cerca de três horas)
- Pequeno almoço em Carita (ocorreu num sítio muito precário)
- Viagem de barco até ao Krakatoa (demorou cerca de uma hora e quarenta minutos). Na embarcação, além de nós as duas, ia o piloto, o guia e outro tripulante
- Subida ao vulcão com o guia
- Almoço
- Tempo para nadar ou mergulhar (havia equipamento de mergulho) na ilha de Krakatoa
- Volta de barco até à praia de Carita e daí até ao hotel de carro (chegámos já passava das 19.00h)

A viagem de barco pode não ser tranquila. No dia em que fomos, sobretudo na volta, o mar estava um pouco picado e a viagem não foi fácil.
 
Como disse inicialmente, cada uma de nós pagou por este tour o equivalente a 210,00 €. Reservei pela internet e não encontrei mais barato. Ir a Krakatoa nunca sairá barato (parece-me), mas na dica 4 digo como poderá sair menos caro.


Dica 4 - A forma mais económica de chegar ao arquipélago Krakatoa é certamente chegar à praia de Carita de autocarro. Em Jacarta, os autocarros para lá partem da estação de Kalideres. Para chegar do centro de Jacarta a Kalideres é natural que precise de apanhar mais do que um autocarro (neste mapa, pode ver as linhas de autocarro. Kalideres fica na ponta esquerda da linha T- castanha). O autocarro vai até Lubuan, que fica a cerca de 8 km da praia de Carita, onde pode chegar de táxi ou moto. Em Carita poderá contratar o barco que o levará ao Krakatoa. Pelo que vi, poderá conseguir um barco por uns 240 - 250 € (não se esqueça de regatear!). Se encontrar quem divida consigo, poderá fazer a visita com muito menos dinheiro do que nós. Porém, esta opção implica ter (pelo menos) 2 dias para ir a Krakatoa. Se apenas tiver um dia, ainda poderá ir de forma mais barata do que nós, se for de táxi de Jacarta até Carita. Conte que o táxi lhe custará cerca de 60 € para cada lado. Se apesar de tudo, preferir ir num tour, regateie o preço, coisa que não fiz.


Balanço do dia
Ver com os meus olhos o vulcão Krakatoa era um sonho de criança. Por isso, para mim, este dia valeu muito a pena. Porém, se o nome Krakatoa não lhe diz nada, pondere se vale mesmo a pena ir, sabendo que na Indonésia vulcões é o que não falta.
Deixo um ALERTA: Se é um amante de fotografia, e quer ir ao Krakatoa porque viu fotografias espetaculares, tenha a noção que este é um vulcão ativo e que o cenário tem mudado totalmente nos últimos anos. O que viu nas fotografias pode já não existir. Por exemplo, em 2021, o lago que a cratera formava foi substituído pelo o cone amarelo que as minhas fotografias mostram.

Plataforma de pesca feita em bambu, Anak Krakatoa e praia em Krakatoa

DIA 5
Ida para Bandung e Bandung

Às 6.30h da manhã apanhámos o comboio para Bandung, cujo bilhete tínhamos comprado no dia que visitámos Jacarta (o bilhete custou o equivalente a cerca de 13,00 €). Chegámos a Bandung ainda não eram 9.30h.
Tinha reservado o tour do dia, pedindo para nos irem buscar à estação de comboios às 10.00h. Foi o tempo de comprarmos o bilhete de comboio para a próxima paragem e o guia, com o condutor, já nos esperava do lado de fora da estação.

O tour incluía a visita a um local onde se produz kopi luwak (palavras para café e civeta). Este é um café produzido com os grãos extraídos das fezes do musang ou civeta. O animal ingere os grãos, mas apenas a polpa é digerida. A semente passa intacta pelo sistema digestivo. Durante a digestão, as bactérias e enzimas únicas do animal são as responsáveis pela diferença de qualidade deste café em relação ao industrializado. 
Além do kopi luwak, estava previsto a vista panorâmica dos campos de arroz de Teras e a visita ao lago Kawah Putih (White Crater ou Cratera Branca).
A Cratera Branca é um lago com cerca de 300 m de largura e é uma das duas crateras do monte (vulcão) Patuha. A água deste lago é fortemente mineralizada, tem uma temperatura de 26–34°C e pH=<0,5–1,3 (muito ácida). O cheiro a enxofre é muito intenso, o que explica a existência de muitas árvores em redor do lago que parecem terem sido atingidas pelo fogo. De facto, foram queimadas pelos vapores ácidos, ricos em enxofre, que provêm do lago. 
A seguir, o tour previa uma caminhada por uma plantação de chá que, nesta região, é rainha, e a ida até à cratera Rengganis, uma zona de vulcanismo secundário onde são visíveis fumarolas (orifícios por onde saem gases ricos em dióxido de carbono), sulfataras (orifícios por onde saem gases ricos em enxofre) e nascentes termais de águas a diferentes temperaturas, algumas das quais ferventes. Estas águas quentes são canalizadas em tubos de bambu para "lagos" onde é possível tomar banho (o que fizemos). A área está ser preparada para o turismo e, nesse sentido, foi construída uma ponte pedonal suspensa (que dizem ser a maior do Sudeste asiático) e um teleférico.

Considerando que o tour começou mais tarde do que seria suposto, abdicámos da ida à produção de kopi luwak e da panorâmica sobre os arrozais. Em vez disso, e porque era mais rápido, fomos a uma oficina onde se trabalha o bambu e a uma plantação de café, planta que nunca tinha visto.
O tour custou o equivalente a 40,00€ por pessoa e apenas não incluiu o almoço, que fizemos a meio do passeio, numa barraquinha.
Ao fim da tarde voltámos a Bandung, chegando ao hotel já de noite. Jantámos na cidade e demos uma volta a pé.

Hotel
Arion Suites Hotel - 1 noite: 32,00€. É um hotel de 4* e a escolha teve como critério a proximidade da estação de comboios. Queríamos poder ir a pé no dia seguinte. De todos os disponíveis, este pareceu-nos ser o tinha melhor relação qualidade/preço. Nada a dizer. Recomendo sem reservas.

Arion Suites Hotel

Balanço do dia
Correu tudo bem.  A programação que fizemos para este dia é exequível. Tive pena de não ter tido tempo para visitar a cidade. Embora não tenha monumentos emblemáticos, pareceu-me ser bem agradável. Jantámos numa rua pedonal, cheia de gente mas sem a confusão de Jacarta.

Cratera Branca e cratera Rengganis

Oficina de bambu, planta de café, plantação de chá e aspeto das árvores queimadas pelos vapores de enxofre


DIA 6
Ida para Yogyakarta e Yogyakarta

Apanhámos o comboio das 06.55h para Yogyakarta e chegámos à cidade cerca das 14.00h (o bilhete custou aproximadamente 13,00 €). Pusemos a mochila no hotel e almoçámos na cidade.

Hotel
POP! Hotel Malioboro - Yogyakarta - 3 noites: total 98,00 €. É um hotel de 2* e a escolha teve como critério a proximidade da estação de comboios e da principal avenida da cidade: Malioboro. O hotel é simples e o quarto pequeno, mas limpo e bem situado, tão bem situado que junto ao hotel descobrimos o único bar que vimos na cidade 😀com música ao vivo e tudo! Nada a dizer. Recomendo a quem procura alojamento barato, sem "mordomias", mas decente.

POP! Hotel Malioboro - Yogyakarta

A tarde foi dedicada a preparar o dia seguinte (ver onde se apanhava o autocarro para o templo Prambanan), contratar transporte para daí a 2 dias e calcorrear a avenida Malioboro, entrando em mercados e em tudo o que íamos encontrando, incluindo exposições de batik (técnica javanesa de tingimento de tecido).
Este foi o dia em que jantámos pior (parece impossível com tanta oferta na cidade). Resolvemos jantar numa espécie de mercado de comidas (um recinto com muitos restaurantes chamado Teras Malioboro 2, o Tera Malioboro 1 é um mercado). Qualquer semelhança entre as fotografias dos pratos e o que nos serviram (tanto em termos de quantidade como visualmente) foi pura coincidência. Enfim, acontece!


Balanço do dia
Fiquei com uma boa ideia de Yogyakarta. À noite, a avenida Malioboro tem muita gente e é bastante animada. Talvez o facto de estarmos próximo do dia 17 de agosto (dia em que se comemora a independência do país) contribuísse para isso. Houve uma coisa que me impressionou: o número de pessoas cegas que percorrem a rua tocando um instrumento musical e pedindo dinheiro. 
À hora que chegámos a Yogyakarta já não deu para visitar o Museu de Batik (fica na zona do Kraton, que visitámos no dia seguinte). Este museu está aberto das 9.00h às 15.00h e o bilhete custa 30 mil IRD (site aqui). Gostaria de ter ido.

Yogyakarta

DIA 7
Yogyakarta e Templo de Prambanan

A manhã deste dia foi dedicada a visitar os pontos de interesse da cidade, a tarde destinada ao Templo Prambanan e a noite ao balé Ramayana.

Começámos por visitar o Museu do Forte Vredeburg (aberto de terça a domingo entre as 8.00h e as 16.00h - bilhete: 10 mil IRD). Este museu inclui fotografias e objetos antigos, bem como diogramas que retratam eventos relacionados com o processo de independência da Indonésia ocorridos em Yogyakarta.

Continuando a pé chegámos ao Kraton (aberto de terça a domingo entre as 8.00h e as 14.00h - bilhete: 25 mil IRD). 
O Kraton (palácio) é a residência do sultão e começou a ser construído em 1755. Na verdade, o Kraton é uma grande área murada, onde vivem milhares de pessoas e onde há mercados, lojas, indústrias tradicionais, escolas e mesquitas.  Apesar desta grande área, há uma zona mais restrita onde se entra com bilhete. Aí há uma série de edifícios e pavilhões, como é o caso do Bangsal Kencana (Pavilhão Dourado), salão de receção com piso de mármore, telhado de madeira ricamente decorado, vitrais e colunas de teca (madeira) esculpida. No recinto, além dos vários pavilhões, há dois pequenos museus que retratam a história da família real através de fotografias antigas, objetos e pertences pessoais do sultão e família. Ocorrem apresentações diárias (dança, teatro de marionetas...) que estão incluídas no bilhete de entrada.

Continuando a caminhar por cerca de 2 km (há muita gente a oferecer transporte), chegámos a Taman Sari (o bilhete de entrada custou 15 mil IRD/pessoa).
Taman Sari é o antigo jardim do sultão de Yogyakarta, com as funções de área de descanso, oficina, área de meditação, área de defesa e esconderijo. Inicialmente tinha quatro áreas distintas: um grande lago artificial com ilhas e pavilhões, um complexo balnear, um complexo de pavilhões e piscinas e um lago menor. Hoje, apenas o complexo balnear central está bem preservado. Este complexo balnear da família real era um espaço fechado composto por três piscinas e dois edifícios. O edifício mais a norte servia de local de descanso e de vestiário para as filhas e concubinas do sultão. O outro edifício, a sul, tinha uma torre no centro. A ala direita do edifício foi utilizada como vestiário do sultão, a ala leste foi utilizada como local de descanso e a torre central foi utilizada pelo sultão para observar as filhas e concubinas enquanto se banhavam na piscina.

Segundo li, a lenda diz que um dos arquitetos de Taman Sari seria um português conhecido pelo nome de Demang Tegis. Não é pelo nome que se conclui que não era português, já que “português” em javanês é “portegis” e “demang” significa “chefe da aldeia” e era um título dado pelo sultão. Porém, a arquitetura de Taman Sari é tipicamente javanesa, o que torna pouco provável que o arquiteto fosse luso.

Devido à falta de tempo, não visitámos a mesquita subterrânea. 
Almoçámos nas redondezas e fomos de tuk tuk para Malioboro.

Da parte da tarde fomos ao Templo (candi em javanês) Prambanan de autocarro (1A). O autocarro apanha-se na Malioboro. Há uma paragem, por exemplo, perto do posto de turismo. Pode ver todas as linhas de autocarro de Yogyakarta aqui. O bilhete de autocarro custou 3 600 IRD e existe autocarro de 10 em 10 minutos, das 5.00h às 19.00h.


Dica 5 - Numa manhã, é possível visitar sem pressas os sítios mais emblemáticos de Yogyakarta e ainda o bairro antigo que rodeia Taman Sari. Para isso, a minha dica é que comece cedo, não visite o Museu do Forte Vredeburg e/ou se desloque quer na ida quer na volta de tuk tuk.

Dica 6 - Oficialmente, tem de se comprar um cartão pré-pago para poder usar os autocarros. Fomos a todos os sítios da cidade que nos indicaram para comprar o dito cartão. Em nenhum desses sítios vendiam (diziam que vendiam mas não tinham). Se quiser ir de autocarro e lhe acontecer o mesmo, insista no autocarro. Vão deixar que pague no autocarro. Foi o que nos aconteceu.

Dica 7 -trajeto de autocarro de Malioboro até à paragem do templo demora perto de 40 minutos e o templo vê-se da estrada. Antes desta paragem, há outra onde sai a maioria dos locais (é a paragem de uma estação de comboios). Não saia aí. 


Prambanan é o maior templo hindu da Indonésia e um dos maiores do Sudeste Asiático e é Património Mundial da UNESCO desde 1991. Na verdade, Prambanan é um complexo constituído originalmente por 240 templos: no pátio central, mais elevado, existem os três templos principais dedicados a Shiva, o Destruidor, Vishnu, o Guardião, e Brahma, o criador. O templo de Shiva é o maior e mais alto de todos, com 47,6 m de altura, enquanto Brahma e Vishnu têm 33 m de altura. Além dos três templos principais, existem três templos Wahana, quatro templos Kelir, dois templos Apit e quatro templos Patok, perfazendo 16 templos no total. Os outros 224 templos auxiliares (templos Pervara) estavam dispostos num patamar inferior em 4 fileiras quadradas concêntricas. 

Prambanan começou a ser construído no século IX (850 d.C.), provavelmente como resposta da dinastia hindu aos templos Borobudur e Sewu da dinastia budista anteriormente reinante.
Depois de serem usados ​​e ampliados por cerca de 80 anos, os templos foram abandonados, não se sabendo exatamente a razão para tal. Os templos desabaram durante um grande terremoto no século XVI. Embora o local tenha deixado de ser um importante centro de culto, as ruínas espalhadas pela área ainda eram reconhecíveis e conhecidas do povo javanês local (embora desconhecessem o seu contexto histórico) mesmo antes da redescoberta formal. O primeiro registo da existência dos templos data de 1733 mas só em 1811 se começou a fazer um levantamento completo dos mesmos. Entretanto, os residentes holandeses levaram esculturas como ornamentos de jardim e os aldeões usaram as pedras como material de construção. Uma restauração adequada só começou em 1930, mas foi interrompida por diversas vezes.

Até 2023, apenas 6 dos 224 templos Pervara originais foram completamente reconstruídos. Estão ainda reconstruídos os 16 templos do pátio central. 

Tinha lido, no site oficial (aqui), que os bilhetes de entrada nos templos Prambanan e Borobudur se podiam comprar em conjunto, na bilheteira de cada um dos templos, saindo assim mais barato. No site oficial (aqui) apenas conseguia comprar os bilhetes em separado, então resolvi não comprar online. A poupança de aproximadamente 10 euros ia saindo cara! Quando quis comprar, na bilheteira do templo Prambanan, os bilhetes para ambos os templos, foi-me dito que já não havia bilhete para o templo de Borobudur para o dia seguinte, isto porque o templo tem número máximo de entradas. Teríamos de nos contentar com a entrada apenas para a zona 2, ou seja, o terraço externo do templo. Assim teve de ser.

Dica 8 - Para garantir a entrada nos templos de Prambanan e de Borobudur, reserve os bilhetes online (aqui)

A visita ao Templo Prambanan pode ser feita de segunda a domingo, das 6.30h às 17.00h, contudo às segundas feiras não poderá entrar no pátio dos templos principais. O preço do bilhete (tanto online como na bilheteira) é de 387 500 IRD. Conte com umas 3 horas para ver os templos principais e percorrer o grande parque onde estão os templos Pervara. Pode ainda ver os templos Sewu e Plaosan.

Vimos o pôr do Sol em Prambanan e ficámos até anoitecer, altura em que fomos a pé até ao recinto onde decorre o espetáculo de Balé Ramayana (é perto).

O Balé Ramayana é um espetáculo com mais de 200 dançarinos e músicos que combina dança e drama sem diálogo, baseado na história do Ramayana que é apresentado perto do Templo Prambanan (pode-se ir a pé facilmente) desde 1961. A histórias do Ramayana é baseada em épicos hindus adaptados à cultura javanesa e conta a jornada de Rama para resgatar sua esposa, que foi sequestrada pelo rei do Reino de Alengka, Rahwana (a história completa pode ser lida aqui). Nos meses de verão, a apresentação é feita num palco aberto que tem como pano de fundo o templo Prambanan (espetacular!). No inverno, o espetáculo decorre num palco coberto.

O Balé Ramayana começa às 19.30h e tem 2 horas de duração. É realizado às terças, quintas e sábados. Existem vários tipos de bilhete, o mais barato custa 150 mil IRD e o mais caro 450 mil IRD (em 2023). Aqui pode ver a correspondência entre o tipo de bilhete e os lugares. Comprei o bilhete aqui.

Como à hora a que termina o balé já não há autocarro para a cidade, voltámos de táxi. Neste dia o jantar foi, excecionalmente, numa casa de hambúrgueres mundialmente conhecida...


Balanço do dia
A programação que fizemos para este dia é viável. Porém, o parque no templo Prambanan é enorme e tive pena de não ter tido mais tempo para o percorrer melhor, por isso aconselho que siga a dica 4 e vá para Prambanan o mais tardar às 14.00h. Se conseguir dispor de um dia inteiro para esta região, há outros templos próximos, nomeadamente o Ratu Boko que fica a 3 km e onde dizem se ver o melhor pôr do Sol. Tive pena de não ir. O balé é um espetáculo de dança, música e luz com um pano de fundo espetacular. Vale a pena, embora para quem não é da cultura talvez seja demasiado longo. Sabendo que demorava 2 horas, saímos um pouco antes e desta forma foi mais fácil (penso eu) conseguirmos táxi.
Museu do Forte Vredeburg

Ktaton de Yogyakarta

Taman Sari

Prambanan

Cenário e balé Ramayana

DIA 8
Templo Borobudur, Pinus Park e Kotagede

No primeiro dia em Yogyakarta, tínhamos contratado um táxi (na rua) para este dia (ao serviço durante 10 horas) por 500 mil IRD e às 7.30h lá estava ele à porta do hotel para nos levar à primeira paragem: Templo de Borobudur. Muitos viajantes fazem questão de ver o nascer do Sol no templo, mas esse não era um objetivo nosso (dica 11).

Dica 9 - Se tem o tempo contado para a viagem, faça um programa com detalhe e, em cada dia, olhe para ele, antevendo as necessidades dos dias subsequentes. Se não tivéssemos contratado um táxi logo no dia em que chegámos a Yogyakarta, no dia seguinte não o teríamos feito (foi um dia corrido e acabámos de jantar já tarde) e hoje, que precisávamos de transporte, o poder de negociação seria muito reduzido, além de que teríamos atrasado a saída.

Dica 10 - É possível ir de Yogyakarta até ao Templo Borobudur de autocarro. Terá de apanhar o autocarro 2A (opera das 05.00h às 18.45h) na Malioboro (ou o 2B mas este não passa pela avenida - veja o mapa dos trajetos de autocarros que partilhei atrás) e ir até ao terminal Jombor. Aí apanhe outro autocarro até ao terminal Borobudur. Pelo que li, o último autocarro de volta sai do templo às 15.00h. Se quiser ir de autocarro a ambos os templos (Prambanan e Borobudur) não vai conseguir fazê-lo no mesmo dia.

Dica 11 - Se quiser ver o nascer do Sol em Borobudur, uma possibilidade é ir até à colina Punthuk Setumbu, de onde se tem uma vista do alto de todo o templo Borobudur. 


O Templo Borobudur fica a cerca de 40 km de Yogyakarta (a uma hora de viagem de carro), é um dos mais importantes templos budistas do mundo e Património Mundial da UNESCO desde 1991. O templo é constituído por nove plataformas sobrepostas, seis quadradas e três circulares, sobre as quais se ergue uma cúpula central. O edifício é decorado com 2 672 painéis em relevo e, originalmente, por 504 estátuas de Buda. A cúpula central está rodeada por 72 estátuas, cada uma delas sentada numa estupa (estrutura que parece um sino) perfurada.

O templo foi construído no século IX d.C. (um pouco ante do Templo Prambanan)  e abandonado no século XIV, na sequência da conversão dos javaneses ao islão, tendo sido descoberto pelos britânicos em 1814 e a partir daí sofreu várias intervenções de restauro que foram concluídas em 1983.

Do exterior para o interior, estão representadas, no templo, três zonas de consciência, sendo que a cúpula central representa o Nirvana.
Zona 1: Kamadhatu: O mundo habitado por pessoas comuns.
Este nível consiste num conjunto de relevos que ilustram o comportamento humano do desejo. Os relevos retratam roubos, assassinatos, tortura e difamação.
Zona 2: Rapudhatu: A esfera de transição, os humanos são libertados dos assuntos mundanos .
Os quatro níveis quadrados do Rapadhatu contêm relevos esculpidos em pedra e uma cadeia de nichos contendo estátuas de Buda.
Zona 3: Arupadhatu: A esfera mais alta, a morada dos deuses.
Os três terraços circulares que conduzem à cúpula central representam a elevação acima do mundo. Estes terraços são muito menos ornamentados, já que a pureza da forma é fundamental.

Durante a restauração no início do século XX, descobriu-se que dois templos menores na região, chamados Pawon e Mendut, estão precisamente alinhados com o Templo Borobudur. O Templo Pawon está localizado a 1,15 km de Borobudur e o Templo Mendut a 3 km. Acredita-se que exista uma relação religiosa mútua entre os três templos. 
Atualmente, estes três templos são usados ​​para formar uma rota no Festival do Dia de Waisak, realizado todos os anos no dia de lua cheia em abril ou maio. 


Borobudur pode ser visitado todos os dias, mas à segunda feira não poderá subir até ao interior do templo (só pode circundar o templo). O templo está aberto das 6.30h até às 17.00h, mas a entrada na parte central faz-se entre as 9.00h e as 17.00h. Os bilhetes custam 375 mil IRD para a visita externa e 455 mil IRD se quiser entrar na parte central e, neste caso, terá de comprar com hora marcada. O número máximo de visitantes é de 150 por hora e de 1200 por dia (para a parte central). Pode comprar os bilhetes aqui (tem aí todas as informações).


Após a visita de Borobudur, queríamos ir a uma zona de parque florestal que sabíamos estar localizada a sudeste de Yogyakarta e da qual tinha visto fotografias que mostrei ao motorista, isto porque pelos nomes que lhe mostrei percebi que dificilmente lá chegaríamos. Queríamos ir também a uma "aldeia" onde o fabrico de peças em prata é típico. O nome que tinha da aldeia era Kota Gede. O motorista levou-nos a uma aldeia perto de Yogyakarta, a uma loja com oficina de peças de prata, contudo nada condizente com o que tinha lido. Uma pesquisa mais apurada agora (tarde demais!) deu-me a perceber que os nomes que levei não eram os mais corretos e que a "aldeia" da prata afinal não é uma aldeia (como nós insistíamos com o motorista) mas sim um bairro na periferia de Yogyakarta e chama-se Kotagede. No print do mapa abaixo, a zona está destacada a vermelho. Quanto aos parques com estruturas em forma de mão e outras, fomos a Hutan Pinus Pengger (almoçámos numa das barraquinhas que havia à entrada do parque) e a Becici Peak, mas na região há muitos outros, como Tembelan Kanigoro e Watu Mabur Lemahbang Rock. É uma questão de procurar e ver o que mais lhe interessa. A entrada dos parques é paga. Não tenho registo de quanto foi o bilhete, mas o valor é baixo.



Feita a volta, chegámos a Yogyakarta pouco antes das 18.00h, como o programado.


Dica 12 - Muitas vezes, os nomes que temos dos lugares estão ocidentalizados e localmente não os reconhecem. Outras vezes, os sítios são conhecidos por nomes que não os oficiais. Uma forma de ultrapassar esta dificuldade é levar fotografias do que queremos visitar ou mesmo um mapa (por exemplo um print do google.maps) com a localização onde queremos ir.


Balanço do dia
Apesar das 10 horas de transporte que contratámos terem dado para fazer o percurso que programámos, este dia não foi totalmente conseguido. Em primeiro lugar, porque não conseguimos bilhete para subir ao Templo Borobudur (ver dica 8) e, em segundo lugar, porque não fomos ao verdadeiro local das oficinas que trabalham a prata e onde os visitantes podem mesmo construir os seus objetos. Porém, se quiser ir às oficinas da prata para construir a sua peça, e queira contratar, como nós, 10 horas de transporte, é provável que tenha de dispensar o carro aí e depois voltar ao centro da cidade de tuk tuk, por exemplo.
Templo Borobudur

Algumas das estruturas dos parque preparadas para as fotografias (há muitas mais)


DIA 9
Ida até Cemara (ou Cemara Lawang, Cemoro, Cemoro LawangCemorolawangCemora Lawang)

Cemara é a aldeia mais próxima do vulcão Bromo. É por ele que os viajantes vão até Cemara.
Dos relatos que li, vi que muitas pessoas vão até Surabaya (ou até Malang ou até Probolinggo) e aí contratam um tour. Vi preços de 120 euros/pessoa por um dia (sem comidas e comprando para 2 pessoas) e de 247 euros/pessoa por dois dias (com dormida mas sem comidas para além do pequeno-almoço). Não queríamos. 
Outra forma de chegar a Cemara era ir até até Probolinggo e aí apanhar uma van (bemo) - transporte coletivo que nos levasse a Cemara. Para chegar a Probolinggo a tempo (de manhã) de apanhar a bemo neste dia, teríamos de apanhar, em Yogyakarta, o comboio das 00.24h que chega à estação Surabaya Gubeng às 04.21h e depois ou apanhar o autocarro na Estação Rodoviária de Purabaya (teríamos de ir de táxi até lá) ou ir no comboio das 05.35h de Surabaya até Probolinggo e depois um táxi desde a estação à Estação Rodoviária de Bayuangga, onde finalmente apanharíamos a bemo para Cemara. É de lembrar que de autocarro, o percurso de Surabaya até Probolinggo demora três horas. Esta opção implicaria não dormir esta noite, muitas mudanças e muitas possibilidades de algo dar errado. Havendo outra possibilidade, esta estava fora de questão.

Descrevo a seguir o que realmente fizemos:
Apanhámos, em Yogyakarta, o comboio das 06.45h para a estação Gubeng, em Surabaya (o bilhete custou o equivalente a 17,00 €/pessoa). Em Yogyakarta foi a única estação em que não nos deixaram comprar o bilhete de comboio antecipadamente, dizendo que tal só seria possível através da app dos comboios. Por isso, neste dia, dei um pulinho à estação antes de tomarmos o pequeno almoço e comprei o bilhete. Chegámos Surabaya pelas 10.45h. Na estação, contratámos um carro, por 500 mil IRD (na aplicação de táxis pediam 800 mil IRD), que nos levou até ao hotel em Cemara. A viagem demorou 3 horas. Almoçámos já na aldeia (no Café Lava que é o ponto de encontro de quem visita a aldeia).
À entrada de Cemara há uma espécie de portagem, onde cada turista paga uma taxa de 10 mil IRD. Tinha lido a forma de não pagar esta taxa: sair do carro antes deste ponto e fazer o restante caminho a pé. Não quisemos fazer isso.
A ideia de chegarmos cedo a Cemara era ter a possibilidade de ainda neste dia de atravessarmos o "mar de areia" e subir ao Bromo. Não deu para fazer o que queríamos. Quando chegámos já estava algum nevoeiro, mas ainda não tínhamos acabado de almoçar e o nevoeiro já era cerrado e momentos depois começou a chover. Fazia um frio de morrer, estava nevoeiro e chovia. Sem condições!
Tínhamos chegado a Cemara facilmente, mas o ânimo tinha diminuído. Não sabíamos como estaria o dia seguinte e doía pensar que havia a possibilidade de não chegar a ver o vulcão Bromo do alto da montanha.

Hotel
Cemara Indah Hotel - 1 noite: 58,00 €. Este é o hotel mais bem situado de Cemara: a vista sobre o Bromo é espetacular (se não estiver nevoeiro!), ao lado existe um caminho para o "Mar de areia" e é o alojamento mais próximo do caminho a fazer para ver o nascer do Sol no Bromo. É também o alojamento mais requisitado da aldeia e nós escolhemos o quarto mais caro. Porém, apesar da vista e da varandinha bem agradável, o quarto era muito (mesmo muito) precário (para não dizer outra coisa) e a baixa classificação do Booking corresponde à realidade. Foi só uma noite e o do dia seguinte seria melhor!😉
Se quiser ficar mesmo na aldeia não espere conseguir um alojamento com grandes condições. Não há.

Vista do hotel (não tenho fotografias do quarto)


Dica 13 - Reserve o alojamento em Cemara com o máximo de antecedência possível. A aldeia é catita (faz lembrar uma aldeia de estância de neve) mas muito pequena e as opções de alojamento são limitadas. 

Balanço do dia
Se o tempo tivesse ajudado, teria dado para fazer o que tínhamos programado, ou seja, atravessar o Mar de Areia e subir ao Bromo. A forma como fomos a Cemara foi, quanto a mim, a mais acertada considerando o custo/benefício. No total, a viagem de ida, taxa de entrada, dormida com pequeno almoço e viagem para Probolinggo (conto como fizemos na descrição do próximo dia) custou a cada uma o equivalente a pouco mais de 46 €. Porém, se contratar um tour poderá ficar num hotel fora da aldeia e ficará certamente mais bem instalado.

A fotografia possível...


DIA 10
Subida à King Kong Hill; ida para Banyuwangi e subida ao vulcão Ijen

Os relatos que li diziam que a hora de saída de Cemara para ver o nascer do Sol deveria ser 3.00h - 3.30h. Saí do hotel às 4.00h da manhã, sem saber quais seriam as condições meteorológicas ao nascer do Sol. Sabia apenas que no momento não chovia (mas fazia muito frio). A companheira de viagem não foi e por isso fiz a subida sozinha. Quando comecei a caminhar esperava ir encontrando ou ser ultrapassada por outros caminhantes, e o facto de não ver ninguém começou a preocupar-me (estaria no caminho certo? seria realmente demasiado tarde?). Ainda não estava a andar há 5 minutos e parou uma pessoa de mota ao meu lado a oferecer os seus préstimos. Levava-me por 30 mil IRD. Ofereci 15 mil. Fizemos negócio por 20 mil. 
O percurso por estrada é de cerca de 3 km. Foi esse percurso que fiz de motorizada e é esse o percurso que os jipes dos tour fazem com os turistas. Já lá estavam quando cheguei! O restante (cerca de 2 km) tem de ser feito a pé. Há escadas, há subidas e e mais subidas, sempre num carreiro. Desde o ponto em que a motoreta me deixo até chegar ao topo da montanha demorei 1 hora e 15 minutos, mesmo a tempo de ver nascer o Sol. Ao longo do percurso vai havendo miradouros e apercebi-me que até há quem pernoite dentro de tendas nos melhores spots.
As condições meteorológicas estavam ótimas e foi espetacular ver o nascer do Sol. Encontrei aqui os primeiros portugueses! Quanto a ir sem guia ou mesmo sozinho(a), sem problema. Não há que enganar.

Dica 14 - Para visitar Cemara e fazer esta caminha prepare-se com roupa quente e tenha uma lanterna, já que, devido à altitude em que se encontra, a aldeia tem um clima muito diferente de Surabaya ou Probolinggo e o percurso é feito de noite.

De volta à aldeia, apanhei boleia de uma outra motoreta (desta vez sem pagar). Eram aproximadamente 8.30h quando cheguei ao hotel. Tomei banho e o pequeno almoço mais a sério e fomos dar uma volta pela aldeia.


O Monte (vulcão) Bromo faz parte do Parque Nacional de Bromo-Tengger-Semeru.
Dentro da cratera de Tengger existem 5 vulcões. Esses vulcões são o Batok, o Bromo, o Widodaren, o Kursi e o Watangan. Ao fundo, na paisagem, vê-se o vulcão Semeru, o mais alto de Java e um dos mais ativos, que tem a curiosidade de emitir plumas de cinza e gases a cada 15-20 minutos. 
Em redor destes vulcões há uma extensa área de areia vulcânica ("Mar de areia"), que por sua vez é rodeado por uma escarpa bastante íngreme que constitui as paredes da caldeira de Tengger.
Esta área é reserva da biosfera da UNESCO e tem inventariadas 1025 espécies de plantas, das quais 226 são orquídeas, e 158 espécies de animais, algumas das quais incluídas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Na reserva vivem cerca de 750 mil pessoas, embora apenas cerca de 2000 vivam na área central. A maioria da população local pertence à tribo Tengger. A comunidade Tengger ainda segue antigos costumes da cultura javanesa e do Dharma hindu e tem um modo de vida diferente das outras tribos javanesas.
Do conjunto de vulcões dentro da cratera de Tengger, o vulcão Bromo é o que tem o cone mais baixo e é o mais ativo (e o mais famoso, digo eu). Está permanentemente a libertar gases e tem erupções de tempos a tempos (desde o ano 2000 teve 7 erupções, a última em 2020). Em 2004, aparentemente sem muito aviso, o Bromo, visitado todos os dias por muitos turistas, entrou em erupção com uma explosão repentina matando duas pessoas e ferindo várias. A erupção durou apenas cerca de 30 minutos
Ao lado do vulcão Bromo, está o Monte Batok. Este vulcão está inativo e o seu cone está coberto de árvores do género casuarina, cuja tradução em indonésio é curiosamente, ou não, cemara.

Saímos de Cemara com destino a Probolinggo às 10.30h, numa das vans coletivas que transportam turistas entre Probolinggo e a aldeia. Porque não sabíamos onde paravam as carrinhas, quem nos arranjou o transporte foi o dono do hotel onde ficámos. Cada uma de nós pagou 100 mil IRD (parece-me que o valor foi acima do praticado....).  As carrinhas param no topo da rua por onde se chega a Cemara onde se bifurca. Indico a vermelho no print do mapa.



A carrinha deixou turistas na Estação Rodoviária e na Estação de Comboios de Probolinggo. Foi aí que ficámos. Quando chegámos, por volta da 1 da tarde, a bilheteira estava fechada (abria às 14.00h), mas mais preocupante é que na máquina de venda de bilhetes dizia que o comboio para Banyuwangi estava esgotado nos 2 horários (16.01h e 19.17h). Entretanto, uma funcionária de uma loja da estação disse-nos que a maneira de chegarmos a Banyuwangi sem ser de comboio seria irmos até à estação rodoviária e aí apanharmos um autocarro. Porém, não sabíamos os horários dos autocarros e estava-nos a parecer que a ideia podia dar asneira. Na mesma situação que nós estava um casal francês.
Quando a bilheteira abriu percebemos definitivamente que não havia maneira de chegarmos a Banyuwangi de comboio.
Não havendo outra maneira, pedimos, com o casal francês, um táxi pela aplicação Grab. O carro custou 800 mil IRD que dividimos pelos quatro. Foi muito caro, mas junto da estação não havia ninguém que fizesse o serviço e com quem pudéssemos regatear.

A estrada tem um trânsito louco e demorámos 5 horas para chegar a Banyuwangi, mais precisamente a Ketapang, onde ficava o nosso hotel. Foi no hotel que jantámos.

Hotel
Ketapang Indah Hotel - 2 noites: total 94,00 €. É um hotel de 4*, tipo resort. No Booking é indicado que está em frente à praia. Na verdade, está junto ao mar (como se vê nas fotografias) mas no local não há praia (ou melhor, há uma faixa minúscula de areia que mais parece terra). Porém, tem uma bela piscina, jardins, um restaurante enorme, bar e o quarto era ótimo. Além disso, fica próximo do porto de onde saem os barcos para Bali. Recomendo vivamente o hotel, se a ideia não for fazer praia.

Exterior do Ketapang Indah Hotel (não tenho fotos do quarto 😔)

A subida ao vulcão Ijen estava programada para o dia seguinte, e não tinha reservado nada antecipadamente. Porém, ao chegar ao hotel disseram-me que podia ir num tour com guia logo nesta noite. Resolvi ir. O tour custou 550 mil IRD (incluiu a entrada) e fui sozinha.

A partida do hotel para o vulcão Ijen foi à meia noite e meia. A viagem de carro até à base do vulcão demorou aproximadamente 1 hora, apesar de serem menos de 50 km. No ponto de encontro, os guias reúnem os turistas, dão indicações de segurança e distribuem máscaras de proteção e lanternas. 
O grupo começou a caminhar por volta das 2 da manhã. O objetivo de iniciar a subida no começo da madrugada é chegar ao fundo da cratera ainda de noite.
Depois de perto de 2 horas a subir perto de 4 km e mais uma meia hora a descer 900 m a pique, como quem desce para o inferno, cheguei. Os companheiros e o guia? não sei! nunca mais os vi....
Parece muito tempo para percorrer uma distância que não chega a 4 km, porém neste percurso sobe-se cerca de 500 metros, o que significa que o caminho é muito íngreme apesar de ter bom piso. Já a descida desde o topo até ao fundo da cratera é feita num carreiro estreito entre e por cima de pedregulhos, com uma fila de pessoas. 
A razão de todos quererem chegar ao fundo da cratera ainda de noite é a esperança que têm de verem as "lavas azuis". Não são verdadeiras lavas, o que acontece é que pelas fissuras do terreno saem grandes quantidades de gás de enxofre (dióxido de enxofre), indicativo de que magma "fresco" está mesmo por baixo do terreno da cratera. Submetido a enormes pressões e temperaturas superiores a 600ºC, muito mais altas do que o seu ponto de ignição (360ºC), o gás arde ao entrar em contacto com o oxigénio do exterior. Entretanto, porque a temperatura desce, o gás liquidifica, formando pequenos rios de enxofre líquido sobre os quais “navegam” as chamas azuis, cor que se deve à presença de dióxido de enxofre. As "lavas azuis" são estas chamas, fenómeno que também é possível ver na Etiópia, na Depressão de Danakil (vulcão Dallol). 
Não vi as "lavas azuis", mas sabia que o fenómeno não é visível todos os dias, pelo menos com grande intensidade, e por isso não fiquei frustrada. 
O enxofre expelido sob a forma de gás e o que emerge na forma líquida solidifica em contacto com a atmosfera, formando grandes blocos amarelos de enxofre. Este enxofre é explorado aqui desde 1967.
Ijen está no top 5 dos vulcões que mais enxofre produzem. Os mineiros fazem o caminho que eu fiz no início da madrugada. No fundo da cratera arrancam blocos de enxofre com uma vara de metal ou com as mãos. Enchem cestos que transportam até ao topo. Dali, descem até ao ponto de recolha, onde descarregam. Fazem este percurso 2 a 4 vezes por dia, sem proteção, sendo que o ar é irrespirável!. Carregam de cada vez 60 a 80 kg de enxofre e recebem por cada kg alguns cêntimos (8 cêntimos em 2019). Poucos mineiros vivem mais de 60 anos. 

Depois de algum tempo no fundo da cratera, numa atmosfera tóxica, voltei a subir, pensando nas pessoas que o fazem carregando 60 ou 70 kg.
Se tudo correr como o previsto (e correu), chega-se cá cima ainda antes do Sol nascer. O lago que se observa chama-se Kawah Ijen que significa cratera de Ijen. Este lago de cor turquesa resulta da acumulação dos produtos sulfurosos que saem pelas fissuras da terra, tem 1 km de diâmetro e contém 36 milhões de metros cúbicos de ácido sulfúrico e ácido clorídrico. Foi a ver este lago que encontrei novamente portugueses. Surpresa das surpresas, o mesmo grupo que tinha encontrado no Bromo!

Desde que o vulcão Ijen e os seus mineiros foram assunto de documentários e de artigos de revista, o número de turistas aumentou exponencialmente e por isso muitos dos mineiros de Ijen dedicam-se agora ao transporte de turistas. É uma atividade mais fácil do que transportar enxofre e mais lucrativa.

7.30h foi a hora marcada para nos encontrarmos novamente na base do vulcão. Cheguei ao hotel a horas de tomar o pequeno almoço.

É possível subir ao vulcão Ijen por conta própria. O caminho até à cratera está aberto todos os dias, entre as 2 da manhã e o meio dia, com exceção da primeira sexta feira de cada mês. Para os turistas estrangeiros, o bilhete custa 100 mil IRD durante a semana e 150 mil IRD ao fim de semana e feriados. O aluguer de uma máscara custa 45 mil IRD. Os bilhetes podem ser reservados aqui.

Dica 15 - Se o seu foco não for tentar ver as "lavas azuis" equacione ir por conta própria, mais tarde do que a hora que saem os tours (por exemplo, sair de Banyuwangi por volta das 6 da manhã), isto porque fazer a subida até à cratera de dia é mais fácil e, sobretudo, porque o nascer do Sol visto na cratera não é nada de especial, mas as fotografias da água da cratera ficam infinitamente melhores se a luz já estiver a bater nela.

Balanço do dia
Foi um dia duro! 
Mas, para mim, ambas as subidas valeram muito a pena.
Talvez por ser a segunda subida e por na parte inicial ter tentado acompanhar o grupo, a subida ao vulcão Ijen custou-me muito mais do que a subida para ver o Bromo. Apesar do esforço, não me arrependo de ter subido ao Ijen logo neste dia. Foi uma boa opção, já que permitiu continuar viagem mais descansada.
Se não tivesse o tempo contado para a viagem, teria ficado mais um dia em Cemara para atravessar o Mar de Areia e subir ao Bromo que não consegui fazer no dia em que cheguei, devido às condições meteorológicas.
Em relação à subida do vulcão Ijen, não achei nada necessário ir com guia. Aliás, só estive com o grupo na primeira meia hora. Nunca mais os vi. O caminho não tem que enganar. Apesar de muito íngreme, sobretudo no início, faz-se por uma estrada larga sempre com muita gente a subir e a descer. Não há como nos perdermos. Porém, ir sem tour (há tours sem guia, o que sai mais barato) só é vantajoso monetariamente se tiver companhia. Se alugar um carro pela app Grab e tiver de o pagar sozinho não vai compensar. 

Vulcão Bromo; Mar de Areia e aldeia de Cemara

Cratera do vulcão Ijen; cestos com enxofre transportados pelos mineiros; mineiro na sua nova profissão: transportador de turistas.

DIA 11
Banyuwangi (Ketapang)

Depois de duas noites em numa apenas dormi um par de horas e na outra não dormi, este dia resumiu-se a ir comprar o bilhete de barco para Bali e a aproveitar o hotel. 

Transporte público e hotel em Ketapang

A viagem continuou para Bali. 


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  1. Bom dia. Gostei muito! Não encontro a parte 2 sobre a indonésia...

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    1. Obrigada. A 2ª parte ainda não está feita. Mas espero em breve terminá-la.

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