Roteiro dos Tratados

Este roteiro, não invalidando poder ser feito por qualquer pessoa, foi pensado, sobretudo, para famílias com filhos em idade escolar. Pretende dar ideias a esses pais de programas a fazer com os filhos que valorizem o que aprendem na escola, mostrem o país e lhes despertem o interesse pela nossa História. Pode ser feito de uma só vez, ser partido por Tratado, pode ser feito como está, acrescentado ou cortado, consoante for mais conveniente. Pode ainda ir visitando os locais indicados à medida que se proporcione. Adapte-o às suas circunstâncias, não se esquecendo que entre um local e outros há muitas coisas que merecem visita e que os sítios que indico valem sobretudo pelo simbolismo.
O mote do roteiro são os TRATADOS entre Portugal e Espanha (ou seus reinos constituintes).

Ao longo da História foram assinados mais de 30 tratados, convenções, acordos e afins entre os dois países com objetivos que vão desde a intenção de pôr término a guerras ou à fixação de fronteiras, até à regulação dos caudais dos rios comuns. Contudo, apenas três destes tratados são abordados no ensino obrigatório: o de Zamora (5.º ano), o de Alcanizes (5.º ano) e o de Tordesilhas (8.º ano). Serão estes tratados o mote do roteiro que proponho.
Se os seus filhos já passaram por estes anos escolares, servirá para fazer um "refresh".

Comecemos pela teoria...
(Apresento apenas um resumo muitíssimo sumário. Se a intenção for impressionar os seus filhos, estude um pouco mais 😏)


TRATADO DE ZAMORA

O tratado de Zamora resultou da conferência de paz entre Afonso VII, rei da Galiza, Castela e Leão, e o seu primo, Afonso Henriques, conde de Portucale e foi assinado no dia 5 de Outubro de 1143. Nos termos do acordo, Afonso VII reconheceu a D. Afonso Henriques o título de rei mas este, em troca, declarou-se seu vassalo, enquanto imperador da Hispânia.
Este tratado seria o primeiro passo para a independência de Portugal, o que viria a acontecer em 1179, por bula Papal.
Por causa deste tratado, além de Zamora, passaremos por Guimarães, muitas vezes designada por "cidade berço" já que foi centro administrativo do Condado Portucalense e onde nasceu D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. Passaremos ainda por Coimbra (Igreja de Santa Cruz), onde D. Afonso Henriques ("O conquistador") faleceu e onde se encontra o seu túmulo, por Leiria, cujo castelo foi mandado construir por este rei, fazendo parte da sua estratégia de conquista de território aos mouros e pelo suposto campo da Batalha de Ourique (S. Pedro das Cabeças) que D. Afonso Henrique ganhou aos mouros e que lhe deu poder para negociar com Afonso VII.


TRATADO DE ALCANIZES

O tratado de Alcanizes foi assinado a 12 de Setembro de 1297, entre D. Dinis ("O lavrador) e o rei de Castela, Fernando IV.
Com este tratado pretendeu-se definir fronteiras e, desta forma, resolver vários focos de conflito entre Portugal e Castela. Por este tratado, Portugal adquiria, entre outras localidades, Campo Maior, Almeida, Castelo Rodrigo, Monforte e Sabugal. Ayamonte, Herrera de Alcântra e Valência de Alcântara ficaram definitivamente entregues a Castela. As fronteiras definidas aqui, mantêm-se, no essencial, até hoje (e por isso somos o país com as mais antigas fronteiras da Europa), com algumas exceções, como S. Félix dos Galegos que voltou ao domínio de Castela pouco depois da assinatura do tratado e Olivença, que foi ocupada por Espanha no início do século XIX.
Por causa deste tratado, além de Alcanizes, iremos ao Mosteiro de S. Dinis (Odivelas), onde o rei está sepultado, ao Pinhal de Leiria, que embora, ao que parece, tenha sido mandado plantar por D. Afonso III para proteger as terras da areia, está muito associado a D. Dinis que o ampliou, à Universidade de Coimbra, a Almeida e Olivença.


TRATADO DE TORDESILHAS

O tratado de Tordesilhas foi assinado a 7 de Junho de 1494, reinava em Portugal D. João II (o "Príncipe Perfeito"). Nele, Portugal e Espanha acordaram no estabelecimento de uma linha 370 léguas a oeste de Cabo Verde, de pólo a pólo. Todas as terras, descobertas e por descobrir, a oeste desta linha pertenceriam aos Reis de Espanha, e todas a leste seriam de Portugal.
Este tratado foi a solução encontrada para a crise desencadeada pela viagem de Cristovão Colombo que, ao serviço dos Reis de Espanha, tinha chegado às Antilhas (ilhas da América Central) que, pelo tratado anterior (Tratado de Alcáçovas) ficavam na área reservada a Portugal.
Apesar da linha de separação definida no tratado não poder ser traçada com exatidão na altura em que o Tratado foi assinado isso não foi problemático no oceano Atlântico uma vez que aí não havia outras terras para além das já conhecidas. Porém, o problema colocou-se depois da viagem de Fernão Magalhães. Nessa altura houve necessidade de saber onde passava a linha no outro lado do mundo e se as ilhas produtoras de especiarias (atual Indonésia) estavam localizadas na área de portugal ou Espanha. Essa questão foi resolvida por outro tratado, o Tratado de Saragoça, em 1529.
O Tratado de Tordesilhas levar-no-á a Tordesilhas, ao Castelo de S. Jorge e ao Mosteiro da Batalha, respetivamente onde nasceu e está sepultado D. João II.

Itinerário:

NOTAS: 
1) Dado o mau estado de conservação do Mosteiro de São Dinis, iniciou-se, no final de 2016, uma intervenção de conservação e restauro, que atualmente ainda decorre. Contudo, pelo que pude pesquisar a igreja está aberta para a missa podendo ser visitada.

 Se as obras ainda decorrerem quando visitar o monumento, aproveite e faça ver aos seus filhos o quanto preservar o património contribui para a preservação da memória de um país.

2) Depois dos incêndios de 2017, o Pinhal de Leiria está a ser replantado. A iniciativa vai prolongar-se pelo ano 2020. Pesquise. Não será interessante proporcionar às crianças a oportunidade de participarem nesta iniciativa?

P.S. Peço a todos que gostassem de ver este artigo completado com uma breve descrição dos locais que indico que façam a avaliação do mesmo, marcando "Incompleto".
Obrigada

Fontes:
Texto: http://ensina.rtp.pt/
Imagens: https://commons.wikimedia.org/