Guia da Indonésia - Parte 2: De Bali à ilha das Flores

Este é o artigo sobre a segunda parte da minha viagem à Indonésia, realizada em agosto de 2023, por conta própria e com uma amiga, e é a continuação do artigo que pode ler aqui. Nesse primeiro artigo, indico o que fiz para preparar a viagem, dou informações que considero úteis sobre o país e descrevo o percurso que fiz em Java. Agora, começo no dia 12 da viagem e descrevo o percurso que fiz desde que saí de Java até voltar a Lisboa.
Tal como no 1.º artigo, tento descrever todo o roteiro, com o máximo de pormenor que me é possível, faço a apreciação de cada dia, dizendo o que correu bem e menos bem e o que faria diferente, partilho um resumo da informação que recolhi sobre cada local que visitei (está escrito com uma cor diferente para se distinguir facilmente das indicações de viagem), deixo os valores que gastei (do que tenho registo) e dou dicas. No fundo, escrevo o artigo que gostaria de ter encontrado quando preparei a minha viagem.
No final do artigo indico o custo total da viagem.
Não esperem ver fotografias espetaculares. Não é esse o foco do artigo. O objetivo deste artigo é ajudar quem está a preparar uma viagem com destino à Indonésia.


DIA 12
Ida de Java (Ketapang) até Ubud (Bali)

No dia anterior, tínhamos ido ao porto de Ketapang comprar os bilhetes para o ferry que nos levaria até à ilha de Bali (porto de Gilimanuk). Este ferry funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, e há ferry a cada 15 minutos. A viagem demora cerca de 40 minutos e o bilhete custou, em 2023, 10 600 IRD (pouco mais de 60 cêntimos). Em Bali, o nosso destino seria Ubud, mas queríamos aproveitar a viagem do porto até à cidade para vermos o que estava no caminho e, considerando que em Bali é mais 1 hora do que em Java, apanhámos o barco de manhã (10:30 h) para dar tempo de visitarmos tudo o que queríamos. 
Apesar do hotel em que pernoitámos em Ketapang ficar a pouco mais de 2 km do porto, resolvemos chamar um táxi (pela aplicação Grab) que nos custou 30 mil IRD (a este propósito leia a DICA 16, que não é bem uma dica...é mais uma confissão).

DICA 16 - Quando sou mochileira parece que baixa em mim o "santo mochileiro" e não há preço que não compare. Foi o que aconteceu com o preço do táxi em relação ao do barco para Bali. Fazendo a comparação, parece um disparate pagar 30 mil IRD para andar 2,2 km de carro. E se calhar é mesmo! O meu lado de mochileira dizia-me para ir a pé! Mas, com 11 dias de viagem e visita a 3 vulcões já carregava comigo vários quilos de rochas (vários!!) e portanto não era opção percorrer mais do 2 km a pé. Provavelmente não será o seu caso, mas, mesmo assim, pense... 30 mil IRD são à volta de 1,80€ (no meu caso, a dividir por 2 pessoas). Valerá a pena ir a pé? Deixemos, então, o "santo mochileiro" atuar noutras circunstâncias. Haverá ocasião para isso, neste mesmo dia! 😃

Quando dissemos ao motorista do táxi que o nosso plano era chegar a Ubud de carro, mas com paragens pelo caminho, ele propôs-se a fazer esse trajeto (levaria o carro no ferry). Foi avisando que seria muito difícil encontrar no porto de Bali quem fizesse esse serviço, uma vez que estávamos a 17 de agosto, feriado nacional. Para nós seria muito confortável termos já esta parte do transporte resolvida. Passámos então à negociação.
Vou contar esta negociação com detalhe, porque ela mostra muito bem as consequências da ideia que cada um faz do outro.
Somos 2 turistas "maduras" (é certo que de mochila às costas) que o taxista foi buscar a um resort de 4* para levar a uma distância de 2,2 km. Na cabeça do taxista, nós somos pessoas com dinheiro que valorizam o conforto. Precisamos de transporte para fazer 170 km, fazendo paragens. É feriado e não temos a certeza que, uma vez em Bali, encontremos alguém que nos faça o serviço. Então, começou por pedir 3 milhões de rupias! sim, 3 milhões!
Para fazer perceber o caminho da negociação, oferecemos 800 mil IRD. O taxista baixou para 2 milhões. Não saímos dos 800 mil e ele baixou para 1,5 milhões. Não saiu daí.
Não fizemos negócio, apesar dele ter ido todo o caminho a dizer que não íamos conseguir melhor! Ia um pouco apreensiva com o que nos esperava em Bali, embora houvesse uma solução de recurso, caso não encontrássemos táxi (ver dica 18).

Quando chegámos a Bali, é claro que havia motoristas de táxi à nossa espera. Começámos a negociação em 1 milhão e 200 mil IRD. Oferecemos 700 mil. Baixou para 1 milhão. Oferecemos 800 mil. Não aceitou e nós andámos. Veio atrás de nós, que teríamos de dividir a diferença: 900 mil. 850 mil, nem mais um tostão. Fizemos negócio.  Fechámos, assim, por 850 mil IRD, por cerca de 8 horas de serviço.
O percurso que fizemos foi o seguinte:


DICA 17 - Leve fotografias dos locais que quer visitar e um mapa impresso com a localização desses locais. No calor da negociação é difícil deixar claro o percurso que quer fazer e os locais onde quer parar. Se tiver um papel que o motorista possa ver, vai ser mais fácil.

DICA 18 - Pelas pesquisas que fiz, há autocarros de Gilimanuk (porto de Bali) até Denpasar. O terminal de autocarros fica a cerca de 900 metros a norte do porto. Uma vez em Denpasar, apanha-se um táxi para chegar a Ubud. Esta teria sido a solução de recurso, com a desvantagem de não podermos fazer as paragens que pretendíamos nem ter a certeza que funcione, uma vez que não consegui os horários dos autocarros. Se quiser ir já com transfer assegurado pode reservar aqui (não sei a fiabilidade porque não experimentai).

No percurso até Bali, parámos, então, em três locais:

1- Handara Gate - é um tradicional portão hindu, que faz a passagem do mundo exterior para o templo. No entanto, aqui não há nenhum templo nem o portão é antigo. Foi construído em 1974 e é a entrada de um resort de golfe (Handara Golf & Resort Bali). Este é um local muito "instagramado", fica à beira da estrada e a fila para tirar "a fotografia" pode ser de 5 minutos ou de 2 horas, dependendo dos dias e da hora. Tira-se bilhete para pousar para a foto (li que custa 30 mil IRD/pessoa). Parámos porque ficava no caminho, mas apenas tirámos fotografias de longe.


2- Pura Ulun Danu Bratan - É um importante templo hindu (em Bali, os templos hindus são conhecidos por "pura") que fica na margem do Lago Bratan. Construído em 1634, o templo é usado para oferendas e cerimónias dedicadas à deusa balinesa da água, dos lagos e dos rios, Dewi Danu, devido à importância do Lago Bratan como principal fonte de irrigação na zona central da ilha. Os hindus vêm aqui rezar pela fertilidade do solo, pela riqueza humana e pela preservação do universo.
Este e outros templos da água realizam festivais a cada 105 dias, correspondendo aos 105 dias da temporada de cultivo de arroz em Bali.
Interessante é o facto de no perímetro do templo, que é hindu, embora fora da área principal do complexo, se poder encontrar uma estupa budista, reflexo da harmonia religiosa.

Os bilhetes para estrangeiros custam 75 mil IRD e o templo está aberto das 7:00 h às 19:00 h (vi na internet que ao sábado abre às 5:00 h). Conte, no mínimo, com 1 hora para ver o o templo. O ideal será fazer uma paragem de 1 hora e meia. Pode encontrar mais informação no site oficial (aqui).
Aqui fizemos uma paragem mais demorada para que pudéssemos almoçar (há restaurante no interior do complexo do templo).


3- Jatiluwith Rice Terraces A UNESCO inscreveu a "Paisagem Cultural da Província de Bali: o sistema Subak como manifestação da filosofia Tri Hita Karana" como Património Mundial por "ser um sistema democrático e igualitário de prática de cultivo criado pelos balineses a fim de tornar mais prolífico o cultivo de arroz no arquipélago desafiando a grande densidade populacional da região".
Subak é um termo para um sistema de irrigação de água tradicional balinês, cuja origem data do século IX, que usa valas e barragens para gerir a água.
A filosofia Tri Hita Karana abrange os três reinos do universo: o do espírito, o do ser humano e o da natureza. Nascida de intercâmbios culturais entre a ilha de Bali e a Índia nos últimos vinte séculos, essa filosofia ajudou a moldar a paisagem cultural da ilha. Graças às práticas democráticas e igualitárias de cultivo do sistema subak, os balineses tornaram-se os melhores produtores de arroz do arquipélago indonésio.
A paisagem cultural de Bali abrange uma área de mais de 19 500 hectares e compreende cinco áreas de cultivo de arroz com os templos de água correspondentes. O campo de Jatiluwith é o maior deles e tornou-se uma atração turística.



Nestes terraços de arroz estão marcados vários percursos a pé:
VermelhoEsta trilha leva cerca de 60 minutos a ser percorrida. 
AmareloFazer esta trilha demora em torno de 1h 10min. 
BrancoO caminho branco leva os caminhantes a zonas mais interiores dos campos de arroz. Demora cerca de 2 horas a ser feito. 
VerdeEsta trilha tem cerca de 6 km e leva cerca de 2,5 a 3 horas a ser percorrida. 
Azul: Com 7 km este é o percurso de trekking mais longo e versátil para trekkers experientes. É um passeio de cerca de 4 horas.
Os percursos verde e azul também são apropriados para fazer de bicicleta.

O site oficial (aqui) recomenda que se visite Jatiluwih pela manhã, entre as 8:00 h e as 10:00 h, altura menos movimentada. Durante a tarde, é frequente nevoeiro e nuvens baixas que tiram visibilidade. Devido à altitude, é frequente também  chover nesta área. Os visitantes são aconselhados a levarem capas de chuva ou guarda-chuvas.

O bilhete para visitar os arrozais de Jatiluwih custa 50 mil IRD para estrangeiros.

Tínhamos programado fazer a trilha amarela, mas a chuva não deixou... restou-nos tirar, à pressa, umas fotos e seguir caminho para Ubud, o nosso destino final desse dia. Demorámos dos arrozais até ao hotel perto de duas horas. 

DICA 19 - Se tem especial interesse em fotografia e quer visitar os campos de arroz com esse propósito, é importante que leia este artigo (aqui). Nele são indicadas as melhores épocas do ano para ir até aos arrozais.


Hotel
Warji House 2 Bisma -3 noites: total 60 €. É um alojamento numa casa tipicamente balinesa, muito bem situado. Aparece no Booking com 3* e uma avaliação de 8. Porém, e apesar do exterior ser agradável (os quartos têm uma varandinha com mesa e cadeiras e no pátio há uma pequena piscina), os quartos deixam a desejar (a limpeza não é a mais apurada e falta manutenção), bem como o pequeno almoço (limpeza e qualidade/variedade). Apesar de tudo isso, não podemos esquecer o preço, e por 20 €/noite para duas pessoas, não sei se conseguiríamos melhor. 

O exterior do alojamento

Balanço do dia
Quando começámos o trajeto de carro, sentimos diferenças entre Bali e Java. Pelo menos na primeira parte do percurso, o trânsito é mais fluido e tudo parece mais "arranjado" (bermas mais limpas, casas melhores...). 
O tempo não ajudou. Já tínhamos apanhado chuva no templo Pura Ulun Danu Bratan e depois nos arrozais desabou!
Quer o templo quer os arrozais valem muito a pena visitar. Embora com um enquadramento bonito, a Handara Gate é o que é: uma foto.
Tínhamos visto no google (mapa que partilhei) que o percurso de carro, do porto até Ubud, demorava 5 horas e tínhamos programado estar 1 hora e meia no templo e outra hora e meia nos arrozais. No templo ficámos o tempo previsto, mas nos arrozais não ficámos mais de meia hora. Não ficámos mais tempo por causa da chuva, mas também não teria dado para ficar a hora e meia prevista, já que entretanto ficaria noite. Então, o meu conselho é que, se pretender fazer da mesma forma que nós, apanhe o barco em Ketapang às 9:30 h ou 10:00 h (e não às 10:30 h como nós), de modo a começar a viagem em Gilimanuk o mais tardar às 11:00 h (não esquecer que em Bali é mais uma hora do que em Java). Contratando o carro por nove horas, estará no templo por volta das 13:30 h. Saindo do templo por volta das 15:00 h conseguirá estar uma hora e meia nis arrozais e chegar a Ubud por volta das 19:30 h.
O nosso hotel, com já disse, ficava bem situado, numa rua cheia de bares e restaurantes. A primeira impressão que tive de Ubud é que é uma "Albufeira" em pleno verão, quando se enche de turistas (esta impressão permaneceu nos dias seguintes). Se nos primeiros 11 dias de viagem (em Java) só tinha encontrado portugueses no vulcão Bromo e em Ijen, e foi o mesmo grupo, aqui ouvia-se português em cada esquina. Por outro lado, os restaurantes e bares são iguais aos de todo o lado, sendo que os únicos balineses que vi neles eram os empregados desses locais. Não fiquei impressionada, antes pelo contrário.
  
Rua do nosso hotel de Ubud, à noite

DIA 13
Ubud 

Este dia foi dedicado a arranjar transporte para o dia seguinte, que conseguimos na rua, e visitar o que a cidade de Ubud tem para mostrar, sem grandes pressas. 
Ao andar pelas ruas percebe-se que o trânsito é muito intenso, como em vários sítios de Java, mas que existe uma grande diferença em termos de arquitetura, reflexo da diferença religiosa. Em Java, a maioria da população é muçulmana, aqui a maioria é hindu. Em Bali, deixámos de ver mesquitas e de ouvir os chamamentos para as orações e passámos a ver casas em cujos jardins existem verdadeiros templos, muitas vezes ocupando mais espaço do que a própria habitação. Quando não há templos, há pequenos altares onde, várias vezes por dia, colocam oferendas. Na ausência de altares, colocam as oferendas (pequenos cestos com pétalas, arroz...) no passeio, soleira ou qualquer outro espaço. É o que acontece nas lojas. Estas oferendas duram breves minutos, até um qualquer turista passar e pisar o cestinho com tudo o que lá tem dentro.

Pequenos altares (em cima). Templos da casa ao lado do nosso alojamento.

Exemplos de cestinhos de oferendas. Neste caso colocados num muro.

Durante o dia, visitámos:
1- Puri Saren Agung Ubud (Palácio de Ubud) - Um palácio histórico que serviu de residência à família real de Ubud. Os visitantes podem explorar os jardins e a arquitetura tradicional balinesa, mas não podem entrar dentro do templo e do próprio palácio (pelo menos nós não pudemos entrar). A visita faz-se em 10 minutos. As portas deste palácio estão abertas entre as 7:00 h e as 18:00 h e a entrada é gratuita. Diariamente, às 19:30 h, há um espetáculo de dança tradicional, cujo bilhete custa 100 mil IRD (não fomos). O espetáculo é diferente todos os dias.

2- Sarswati Temple - Este templo chama-se oficialmente Pura Taman Kemuda Saraswati, sendo também conhecido por Palácio da Água de Ubud. A sua construção iniciou-se em 1951 e terminou em 1952 e destina-se à adoração de Dewi Saraswati, a deusa do hinduísmo da ciência ou conhecimento. O templo é caracterizado por ter um grande tanque com flores de lotus, sendo esta a área que está aberta aos turistas. O templo está aberto das 7:00 h às 17:00 h e à entrada, cada turista veste um sarongue (roupa típica que envolve o corpo da cintura aos pés). A entrada é gratuita, mas paga-se para assistir aos espetáculos de dança que ocorrem todas as noites, às 19:30 h, com exceção da sexta feira. Neste caso, o bilhete custa 100 mil IRD. A parte aberta aos turistas não demora muito tempo a ver. Conte com aproximadamente 30 min.


3- Ubud Art Market - O mercado de arte é uma extensão do mercado normal. Encontram-se vários artigos de artesanato, mas também bugigangas variadas. Quanto à qualidade e autenticidade da pintura e de outros artigos, não tenho conhecimentos para opinar. Está aberto das 9:00 h às 18:00 h.


4- Monkey Forest - A Floresta dos Macacos, ou melhor, o Santuário da Floresta dos Macacos Sagrados (em balinês: Mandala Suci Wenara Wana) está aberta diariamente das 9:00 h às 18:00 h (última entrada é às 17:00 h). Para estrangeiros, a entrada custa 80 mil IRD durante a semana e 100 mil IRD ao fim de semana. Este espaço é um santuário natural e um complexo de templos com aproximadamente 12,5 hectares, o que significa que pode lá estar 1 hora ou um dia inteiro (guarde pelo menos umas duas horas para a visita). Aos sábados e domingos acontecem espetáculos de música e dança. No site oficial (aqui) pode encontrar toda a informação.

Como o nome indica, esta área é uma enorme floresta (foram identificadas 115 espécies de árvores) onde os macacos têm um papel predominante. Vivem aqui mais de 1200 macacos da espécie Macaca fascicularis - macaco de cauda longa balinês, divididos em 10 grupos. Há macacos de todos os tamanhos e por todo o lado e é inevitável que verá cenas carinhosas, mas também brigas e, claro, vai ser alvo de "ataque" (com ou sem aspas). À entrada, os guardas fazem recomendações. É importante segui-las.

Além de macacos, no parque existe um Cemitério Balinês, usado para enterrar, temporariamente, os cadáveres que aguardam a cerimónia de cremação em massa. Esta cerimónia ocorre a cada 5 anos e nesse dia todos os cadáveres que foram enterrados neste cemitério são retirados e cremados de acordo com a tradição hindu balinesa. A cerimónia é vista como um acontecimento alegre, pois acredita-se ser um passo vital no caminho da alma rumo à reencarnação.

Para além do cemitério, muitas estátuas e recantos que valem a visita, existem três templos que datam do séc. XIV. Contudo, as áreas sagradas destes estão fechadas ao público. Apenas a comunidade local tem acesso para oração. Esses templos são:

Pura Prajapati Padangtegal, conhecido como Templo da Cremação. Neste templo, os hindus balineses adoram a Deus na personificação de Brahma Prajapati. Praja significa governante, Pati significa alma. Prajapati é o governante da alma. Na tradição hindu balinesa, acredita-se que as pessoas enterradas no cemitério têm as suas almas protegidas até à cerimónia da cremação.

Pura Beji (Templo Beji) é usado para a adoração de Deus personificado como a deusa Gangga. Este templo é um local de limpeza e purificação espiritual e física antes das cerimónias religiosas.

Pura Dalem Agung Padangtegal ("Padangtegal Grande Templo da Morte"), também conhecido como Templo Principal, é usado para adorar o Deus Shiva, o Reciclador ou Transformador. Além disso, este templo também é um local de adoração da Deusa Durga, sendo um local de adoração ao Cosmos para neutralizar as forças positivas e negativas.



Balanço do dia
Este dia foi calmo. Depois da volta na cidade ainda deu para um mergulho na piscina do alojamento. No último dia de Bali faço uma apreciação mais detalhada.


DIA 14
Templos do Este de Bali

No dia anterior, tínhamos negociado o transporte para este dia. Pagámos 700 mil IRD por 12 horas. Durante as negociações, sentimos relutância por parte do motorista em nos levar ao Templo Lempuyang. Dizia "doctor" e "ticket" e fazia um gesto de quem tira a senha do talho. Não sabíamos ao certo o que queria dizer com isto, mas o que quer que fosse, nada nos demovia de ir a Lempuyang, o templo mais "intagramado" de Bali, apesar de sabermos da "grande mentira" das fotografias tiradas nele. Saímos do hotel às 6:30 h da manhã (perdendo o pequeno almoço do alojamento) e às 8:00 h da manhã estávamos precisamente em Lempuyang!
Descrevo, brevemente, os locais que visitámos neste dia, pela ordem que o fizemos:

1- Templo (Pura) Lempuyang
Este templo foi construído no séc. VIII, o que o torna um dos mais antigos templos hindus de Bali. As duas majestosas colunas ("Portas do Céu") enquadradas no vulcão Agung são o cenário que milhares de turistas procuram para tirar a foto perfeita.
O templo abre às 6:00 h da manhã e fecha às 19:00 h. O bilhete de entrada custa 55 mil IRD, mas é preciso ir de autocarro do estacionamento até ao templo, o que custa 45 mil IRD. Ao comprar o bilhete dão-nos uma senha com um número. Este é o número para a ordem da fotografia nas Portas do Céu, tirada por funcionários do Templo. Calhou-me o número 132. O mistério das palavras do taxista no dia anterior estava desvendado! Quando cheguei ao templo ia no número 56. Percebi logo que não iria esperar, o que eu não suspeitava é que o templo, além do interesse da foto, tirada com o telemóvel da pessoa, com um espelho por baixo para dar o efeito, nada mais tem de grande interesse para ver. Uma desilusão para quem não faz questão de tirar a dita fotografia.

Fotografia habitual (foto de Jenniferbustamina, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons) vs fotografia da realidade (foto minha)

Estas duas fotografias mostram o que existe no templo Lempuyang

Como o templo estava visto, demos uma volta em redor. Vi que subindo pela estrada há uns templos menos turísticos, mas ainda assim vividos. Comprovei isso quando vi um cortejo em direção ao monte. Enquanto se sobe vai-se tendo uma bela visão do vulcão Agung. Há ainda outros pontos para fotos, enquanto se espera pela vez nas Portas do Céu.
 

Tirta Gangga
Tirta Gangga ou Palácio da Água está aberto das 7:30 h às 18:30 h e o bilhete, para estrangeiros, custa70 mil IRD. É um antigo palácio real, construído pelo Rei de Karangasem, em 1946, cujo nome tem um significado espiritual. Tirta significa água benta e Gangga deriva do rio Ganges. Em 1963, a erupção do vulcão Agung destruiu quase por completo o palácio, voltando depois disso a ser reconstruído.
Apesar de ter lido que este palácio não é dos mais visitados em Bali, tal não se verificou quando fui. Talvez tenha tido azar, mas quando fui estava cheio de turistas.


Pura Besakih
O templo Besakih é um complexo formado por 23 templos que ocupam seis terraços sucessivos ligados por escadarias. Este templo é também conhecido pelos hindus balineses como o «Templo Mãe». Está localizado nas encostas do Monte Agung e é o maior e mais sagrado templo hindu de Bali. Pensa-se que foi construído no séc. X e resistiu à devastadora erupção de 1963 do vulcão Agung.
O templo está aberto 24 horas para os fiéis, mas para os visitantes abre às 8:00 h e fecha às 18:00 h. O bilhete custa 60 mil IRD + 30 mil IRD para subir de transporte. O preço do bilhete inclui o sarongue e ao comprá-lo apareceu uma pessoa que primeiro julgámos ser um guia. Depois percebemos que a principal função desta pessoa é tirar fotografias aos turistas e espera que paguemos pelo serviço. Pode dispensar o acompanhamento desta pessoa. A descida é feita a pé.



Penglipuran village
Penglipuran é uma aldeia de arquitetura tradicional balinesa que foi preservada para visita. O traçado das casas, com todas as casas alinhadas de um e de outro lado de uma rua, foi mantido permitindo a quem visita vivenciar o estilo arquitetónico e apreciar o património cultural da aldeia. 
A disposição da aldeia e a construção das próprias casas seguem o conceito de Tri Mandala, segundo o qual para que haja ordem, conforto e e beleza, deverá ser prevista três áreas: Nista Mandala (área suja), Madya Mandala (área social, económica, residencial) e Utama Mandala (área sagrada). A aldeia está assim dividida em três partes. Na área Nista Mandala há um cemitério, um campo desportivo e campos agrícolas; na área Madya Mandala localizam-se as residências e na área Utama Mandala situam-se os templos e a floresta de bambu.
Este conceito de Tri Mandala também se aplica às casas. Assim, estas também são divididas em três áreas: uma entrada, com área livre e altares; a parte da casa onde se reúne a família e a zona mais recuada, onde se localiza a casa de banho, zona para lavar a roupa ou eventuais currais de animais.
A visita à aldeia pode ser feita das 8:00 h às 18:30 h e o bilhete, para estrangeiros, custa 50 mil IRD.



Balanço do dia
Doze horas para ir apenas a quatro locais parece muito tempo para pouca coisa. Contudo, não é. Só o percurso, sem paragens, leva mais de cinco horas a fazer. A seguir ao Templo Tirta Gangga pedimos ao motorista que nos levasse a um sítio para almoçar. Demorámos cerca de uma hora. Contabilizando ficariam seis horas para visitas, o que só foi possível cumprir porque não esperámos pela nossa vez para tirar a fotografia em Lempuyang. Se soubesse o que sei hoje não teria ido ao templo Lempuyang, mas esta é a opinião de quem não faz questão de ter uma fotografia nos Portões do Céu! Se faz questão de ter essa fotografia, então o meu conselho é que vá muito cedo. Esteja no templo à hora de abertura (6:00 h da manhã) se não quer ficar horas na fila da fotografia. Se for muito cedo, talvez chegue também cedo a Tirta Gangga e consiga, também aí, fazer a visita sem a multidão. Apesar do que escrevo, tenho quase a certeza que estas palavras não teriam sido suficientes para desistir de ir a Lempuyang... só indo se sabe que não vale a pena ir...
Em relação aos restantes templos, acho que vale muito a pena ir. Na aldeia Penglipuran pareceu-me que não vive ninguém (ou vive muito pouca gente). As casas foram recuperadas e muitas são agora alojamentos. Contudo, gostei de visitar.



DIA 15
Templos do Sul e ida para Nusa Penida

No dia anterior, tínhamos combinado o transporte para este dia com o taxista que tinha andado connosco. A ideia era levar-nos até ao cais (sanur) de Denpasar para aí apanharmos o barco. Ainda não sabíamos era para aonde. No caminho queríamos fazer duas paragens para ver três templos. Este transporte custou-nos 400 mil IRD.
Assim, pelo caminho visitámos:

Pura Taman Ayun 
Construído em 1634 e totalmente reformado em 1937, Taman Ayun é um templo da família real do Império Mengwi. Na verdade, é um dos seis templos reais de Bali e faz dos templos de água (interligando os campos de arroz ao redor do templo com as piscinas de água que circundam o Pura Taman Ayun) incluídos no património reconhecido pela UNESCO.
O templo, ou melhor o complexo de templos é composto por pagodes e arquitetura tradicional, além de extensos jardins.
Está aberto das 8:00 h às 18:00 h e o bilhete custa, para estrangeiros, 30 mil IRD. Uma hora dá para visitar calmamente, já que há partes em que apenas se pode ver de fora. Nessas zonas, apenas os residentes entram para rezar. Vale a visita.



Tanah Lot e Templo Batu Bolong
Os dois templos ficam junto ao mar e estão próximos, sendo fácil ir de um ao outro a pé. Os dois templos dão fotografias fantásticas ao pôr-do-sol, a hora mais aconselhável para os visitar.
Tanah Lot foi construído, no séc. XVI, numa ilhota rochosa com ligação a terra. Na maré alta, esta ligação fica debaixo de água e deixa de ser possível chegar ao templo. 
Não visitei o templo (apenas o avistei da costa), mas li que mesmo visitando não é possível entrar no templo, reservado apenas para quem vai rezar. O bilhete dá apenas acesso às zonas circundantes (na ilhota).  
Tanah Lot está aberto das 6:00 h às 19:00 h e o bilhete, para estrangeiros, custa 75 mil IRD. Todos os dias, às 18:00 h, este templo leva a cabo um espetáculo de dança tradicional (Kecak Dance Show), cuja entrada custa 100 mil IRD.
O Templo Batu Bolong é um pequeno mas pitoresco santuário construído na falésia. O seu nome vem das palavras indonésias "batu" que significa "pedra" e "bolong" que significa "buraco", isto porque a rocha onde se encontra forma uma ponte natural, uou seja tem um buraco.

Mesmo que não vá ao pôr-do-sol nem consiga chegar ao templo devido à maré, a ida a este ponto da costa vale muito a pena porque ambos os templos, mesmo vistos de longe, são muito bonitos. Se não entrar em Tanah Lot, uma hora vai dar para visitar à vontade o local.



Este e os próximos dois dias tinham ficado em aberto no roteiro e não tínhamos reservado hotel para estas três noites. Poderíamos ficar mais um dia ou dois em Bali, poderíamos ficar uma noites em cada Nusa... resolvemos ir diretamente para Nusa Penida.
Como não tínhamos comprado bilhete de barco, o taxista levou-nos a uma das agências de venda. O bilhete de barco para Nusa Penida custou a cada uma de nós 120 mil IRD, um pouco mais do que tínhamos visto aqui (neste site pode ainda ver o transporte de Bali para Lombok ou para as Gili, se não quiser fazer paragem em Nusa Penida).

Apesar de no site ser indicado que a viagem de lancha demora 30 minutos, a nossa viagem demorou um pouco mais (com o tempo de embarque e desembarque passou de 1 hora). 

Uma vez em Nusa Penida, fomos almoçar junto ao porto e enquanto isso reservámos alojamento por duas noites pelo Booking.

 Não sei se todos os barcos que fazem o trajeto de Bali para Nusa Penida atracam no mesmo porto, mas o nosso atracou num local onde só havia um ou dois restaurantes, umas casas junto ao mar e nada mais, o que dificulta grandemente a negociação para o transporte. O nosso alojamento ficava a cerca de 8 km do porto, estamos de mochilas às costas e os taxistas sabem que não será fácil encontrarmos outra forma de nos deslocarmos e por isso abusam.
Passo a relatar a negociação:
Começaram por pedir 300 mil IRD.
Ofereci 50 mil IRD.
Veio outro taxista, que tinha ouvido o primeiro "lance" e disse que fazia o transporte por 600 mil IRD (nitidamente para ficarmos com pena de não ter aceitado a primeira oferta).
Disse que não e comecei a andar (não tinha para onde ir, mas mesmo assim andei...).
Veio outro taxista e pediu 150 mil IRD.
Ofereci 60 mil IRD.
Fizemos negócio por 70 mil IRD.



O resto da tarde foi passada a explorar os arredores do alojamento e a dar um mergulho na praia. As fotografias seguintes mostram como as imagens podem ser diferentes, dependendo do ângulo...



OU



Hotel
D`Transit -2 noites: total 38 €. É um alojamento local, pequeno e muito simples, mas que atendeu aos nossos requisitos (limpo, quarto com 2 camas e casa de banho privativa com boas condições). Pelo preço, não se pode esperar melhor. Para o bem e para o mal, fica junto ao mercado e anuncia que fica em frente à praia. É verdade, mas a praia mais próxima não é das melhores. Próximo não tem muitas opções para comer, mas não se pode dizer que não existam. O alojamento não tem pequeno-almoço incluído, mas próximo existe onde comprar e há um terraço onde se pode fazer um chá e prepara algo para comer (ver dica 20). 
A escolha deste alojamento teve a ver não só com o preço mas também com a sua localização, uma vez que pelo google.maps tínhamos visto de onde partiam os ferries para Lombok (a nossa próxima paragem) e queríamos ficar próximo. Não sei se há outros pontos da ilha de onde saem ferries com esse destino, mas deixo o mapa de onde confirmo que saem (o circulo vermelho identifica o porto e o preto a localização do alojamento).





DICA 20 - Levo sempre café solúvel (ou em saquetas ou mesmo num saco de plástico com fecho). Dá para matar saudades da nossa "bica" e dá para fazer um cafezinho de manhã.


Balanço do dia (e da estadia em Bali)
Pensando na permanência em Bali, considero que cometemos vários erros:
- Ter perdido tempo a ir ao templo de Lempuyang.
- Não ter ido a uma praia de Bali - a maioria das pessoas vai à ilha para ir à praia. Nós nem a vimos!
Acho que foi um pecado! (nem que fosse para dizer que não gostei...).
- Não ter visitado os campos de arroz de Tegallalang. Embora menores do que os de Jatiluwith, são, pelo que vi, também muito bonitos.
- Não ter visitado pelo menos uma ou duas cascatas, das muitíssimas que existem em Bali. Das que vi fotografias, estas são as que mais me despertaram a atenção:
  • Sekumpul (as mais altas de Bali).
  • Banyumana (pode-se nadar na piscina natural formada pela cascata).
  • Gitgit (com 35 metros de altura e rodeada por floresta).
  • Aling-Aling (com diversas quedas de água).
  • Tibumana (tem também piscina natural e parece-me muito bonita).
  • Kanto Lampo (muito fotogénica e perto de Ubud).
  • Leke Leke (uma das mais bonitas)
Tibumana (à esquerda); Banyumana, Sekumpul, Aling-Aling e Leke Leke (no centro, de cima para baixo); Kanto Lampo, Gitgit (à direita, de cima para baixo)


Para ver, pelo menos em parte, tudo o que ficou por ver em Bali, teríamos de ter ficado na ilha pelo menos mais um dia, idealmente dois dias. Com o tempo que dispúnhamos, tal teria sido possível, mas com ajustes relativamente ao que fizemos mais à frente.
Outra coisa que não visitámos em Bali foi o Pura Luhur Uluwatu (outro templo junto ao mar emblemático) e não teria custado muito fazê-lo. Enfim...
Em relação às Nusas Lembongan e Ceningan, resolvemos não ir, mas para quem não quiser deixar de visitar sugiro uma de duas alternativas:
1- Fazer um "bate e volta" de um dia de Bali à Nusa Lembongan (há vários ferries que fazem o trajeto aqui) e ir daí à Nusa Ceningan a pé ou de transporte (são cerca de 3 km e há uma ponte que liga as duas Nusas).
2- Passar 2 ou 3 dias em Nusa Lembongan e fazendo praia aí e visitando a Nusa Ceningan.
Caso pretenda viajar par Nusa Penida, poderá fazê-lo de Nusa Lembongan, uma vez que daí existe ferry com destino a Nusa Penida.


DIA 16
Passeio em Nusa Penida

Perto do nosso alojamento havia um hotel e foi para essa área que nos dirigimos para arranjar transporte para o dia. Conseguimos por 650 mil IRD, por 8 horas. Neste dia, visitámos, por esta ordem: 
- Angel`s Billabong 
- Broken Beach 
- Kelingking Beach 
- Crystal Bay 
Em todos estes locais, andámos um pouco a pé e tirámos fotografias. Em Crystal Bay, fizémos uma paragem mais demorada para fazer um pouco de praia. Em Kelingking Beach, resolvemos não descer à praia. Achámos que não valeria a pena o esforço, considerando o tempo que tínhamos. 






Balanço do dia
Não visitámos a totalidade da ilha, fomos apenas aos locais que considerámos mais emblemáticos. O meu conselho é que, se quer ir a Nusa Penida com intenção de fazer praia, faça uma pesquisa apurada, porque, na minha opinião, nem todas as praias são realmente boas. Por exemplo, a praia mais próxima do nosso alojamento tinha uma areia suja e era difícil tomar banho porque havia bastantes rochas na água.


DIA 17
Ida de Nusa Penida para Lombok

No dia anterior, tínhamos dito ao taxista que hoje iríamos para Lombok e pedido que nos arranjasse um bilhete para o ferry. Arranjou, embora não tivesse sido fácil (vários postos de venda onde parou já não tinham bilhetes). Ver dica 21.
Saímos de Nusa Penida por volta das 10:00 h e chegámos a Lombok já passava do meio dia. Pagámos cada uma 200 mil IRD pelo bilhete de ferry.
Tínhamos reservado alojamento em Lombok, para uma noite, mas para o dia seguinte, o que significava que neste dia não tínhamos onde dormir. Fomos em primeiro lugar ao alojamento reservado para ver se haveria disponibilidade para hoje. Não havia. Então procurámos próximo. Encontrámos na mesma rua, no local onde almoçámos. O sítio, em termos de restaurante é básico, mas ok, mas em termos de quarto é mauzinho. O restaurante chama-se Taman Sari e, se puderem, não pernoitem lá.

A tarde foi passada a andar pelas redondezas e a dar um mergulho na praia. 

Dica 21 - Se a intenção é fazer o mesmo percurso que nós, pergunte no alojamento se arranjam bilhetes para o ferry, no dia em que chegar. O nosso alojamento arranjava e nós não sabíamos.

Pôr-do-sol em Lombok


Balanço do dia
Este dia não teve muita história. Acho que fizemos bem ficar próximo do porto de onde parte o barco para Lombok.



DIA 18
Ida à Nusa Trawangan, em Lombok

Este dia tinha sido destinado a descansar e fazer praia.
Logo de manhã fomos ao alojamento reservado deixar a pequena mochila que tínhamos levado para o alojamento onde tínhamos pernoitado (a restante bagagem já tinha ficado no alojamento deste dia).
Gili quer dizer "pequena ilha" e junto à ilha Lombok existem muitas, três das quais perto do lado da ilha onde ficámos: Gili Trawangan, a maior, Gili Meno (onde há as famosas esculturas subaquáticas) e a Gili Air, a mais próxima da costa. Era numa destas "gilis" que passaríamos o dia. A escolha recaiu pela Gili Trawangan não sei muito bem porquê. Pagámos 23 mil IRD pelo transporte de barco para cada lado (ver dica 22). 

Dica 22 - Não compre na internet o bilhete de barco de Lombok para as Gili. O preço é absurdamente elevado. No porto de Lombok (Bangsal Port) há guichets que vendem dois tipos de bilhetes: barco normal, onde vão os locais e para o qual o bilhete custa 23 mil IRD para a Gili Trawangan e 21 mil IRD para a Gili Meno e bilhetes em barcos turísticos que custam 85 mil IRD (para cada lado). Cada um escolhe o que acha melhor.

Horários e custo do bilhete dos transferes turísticos para as Gili, em agosto de 2023




As fotografias mostram a viagem e a praia de Gili Trawangan


Hotel
Bangalôs Arnel -1 noites: total 18 €. O alojamento é, como o nome indica, numas casinhas de madeira e é muito agradável. Como já não havia uma casinha com 2 camas alugámos duas (o preço que indico é das duas). O critério de escolha teve a ver com a localização: a 850 metros do porto de chegada (e pensámos nós de partida). Fomos a pé. O único "senão" ocorreu de manhã, quando descobrimos que não havia água quente. Estava calor e não foi dramático. Não sei se foi um problema circunstancial ou se é mesmo assim, mas há a ter em conta este facto.


Balanço do dia
É certo que não conheci muitas praias na Indonésia e portanto não tenho muitos termos de comparação, mas mesmo assim arrisco-me a dizer que a Gili Trawangan e a Gili Meno têm, em termos de praias, do melhor que existe na Indonésia. Para quem quiser usufruir de praias de areia branca, água de mar de uma transparência que até dói e a uma temperatura ótima, estas ilhas são o destino ideal. As Gili Trawangan e Meno são muito próximas (da praia onde estávamos, em Trawangan, víamos a praia de Meno mesmo em frente, diria a cerca de 1 km). 



Dias 19, 20, 21 e 22
Viagem de barco de Lombok até às Flores

Nesta viagem à Indonésia havia uma coisa que fazia muita questão de ver: os dragões de Komodo. Também era importante para mim mergulhar para ver corais e já agora ir à ilha Padar para ter a vista de três praias com areia de três cores: amarela, cor-de-rosa e preta. Estudei como fazê-lo e concluí que havia três formas:
1- Ir de avião de Lombok para Flores e aí comprar um tour de um dia que incluísse estas visitas. Esta hipótese foi à partida descartada, isto porque não sabia se na ilha das Flores seria fácil de encontrar estes tours. Sei agora que é muito fácil. Existem muitas agências com porta aberta que o fazem, pelo menos em Labuan Bajo, que foi estive nas Flores.
2- Comprar o tour pela internet e ir de Lombok para Flores de avião. Neste caso, o dia 19 da viagem seria para fazer a viagem de Lombok para flores, o dia 20 para fazer o tour e teria os dias 21 e 22 para visitar a ilha das Flores. Pelos preços que vi na altura, gastaria cerca de 135 € no voo, 80 € (ou mais) no tour e entrada no Parque Komodo e ainda teria de reservar alojamento para pernoitar 3 noites.
3- Ir de barco de Lombok até às Flores (4 dias e 3 noites) gastando 164 €/pessoa (inclui viagem, dormida, comida e entradas). Optei por esta hipótese!
Apesar de esta terceira possibilidade ter a nítida vantagem de ser a mais barata, tem algumas desvantagens de que falarei no balanço que farei mais à frente destes 4 dias.

A compra da viagem de barco foi feita quase dois meses antes do início da viagem aqui, mas há outras companhias. Quando entrei e contacto com a companhia para tentar reservar uma cabine foi-me dito que cabines (3 milhões e 200 mil IRD) já não havia, mas que podia reservar dormida no deck (2 milhões e 800 mil IRD). Não pensei duas vezes e reservei o barco, com dormida no deck. 
NOTA: vi agora no site desta mesma companhia que os preços já não são estes. Entretanto subiram.

No dia da partida, foram buscar-nos ao alojamento às 8:30 h. Levaram-nos até ao ponto de concentração, onde fizemos o pagamento e nos abastecemos 😉 (ver dicas sobre a viagem de barco para saber que abastecimento foi este). 

Transporte de recolha

Ponto de concentração dos passageiros

Pensava que o barco sairia do porto Lombok onde tínhamos chegado, mas enganei-me (porque não li bem a informação do site da companhia). O barco saiu do outro lado da ilha, o que implicou o transporte de todos os passageiros até lá, de autocarro. No caminho fez-se mais uma paragem num supermercado. Entrámos no barco já passava das 13 horas. Foi nessa altura que tive a real noção do que era o deck, o sítio onde iríamos dormir! (ver fotos mais à frente quando falo do barco).
Almoçámos e iniciámos viagem.
Neste primeiro dia, fizemos uma paragem na ilha de Kenawa. Algumas pessoas subiram a um monte para ver o pôr-do-sol outras ficaram na praia.
Navegámos durante a noite.

Ao fundo vê-se o barco onde fizemos a viagem

Primeira paragem


No segundo dia, acordámos na Baía de Seleh com o majestoso espetáculo de tubarões-baleia (e algumas tartarugas)a passar por nós. Mergulhámos junto destes enormes animais. Foi muito giro.
À tarde, fizemos uma paragem e mergulhámos do barco.




No terceiro dia, fomos à ilha de Komodo para visitarmos o Parque e vermos os dragões que são, realmente, impressionantes. Adorei! a visita é feita sempre com um guia do Parque e os visitantes não podem sair dos trilhos marcados.
À tarde, fizemos uma paragem na ilha Pink Beach que, como o nome indica, tem areia cor-de-rosa (ver dica 23). A cor da areia deve-se aos fragmentos de corar que contém. Aí fizemos praia e snorkel para ver corais.
Neste mesmo dia, ao fim da tarde, fizemos nova paragem, na ilha Padar. Subimos (muitos degraus) para ter a vista das 3 praias com cores de areia diferente. Uma paisagem que vale a pena.






No último dia, fizemos uma paragem da ilha Menjerite para mergulhar com snorkel e ver corais. Devo dizer que foi absolutamente espetacular e inesquecível. Neste dia parámos ainda na ilha Kelor. Mergulhámos também aí para ver corais, mas nada tinham a ver com o que já tínhamos visto.
A maior parte do trajeto foi feito com ilhas à vista, o que proporciona um nascer e pôr-do-sol fantásticos.
Por volta das 16:00 h chegámos a Flores e desembarcámos.




Dica 23 - Se for à ilha Pink Beach não apanhe areia. Não havendo nenhum aviso, nem os tripulantes da embarcação dizendo nada, apanhei. Veja mais à frente o que aconteceu.


Em relação aos dragões de Komodo, deixo um resumo da informação que recolhi na visita ou que já sabia antes:
Os dragões de Komodo existem unicamente em 4 ilhas da Indonésia (Komodo, Rinca, Gili Motong e Flores), estimando-se que existam 5700 exemplares ao todo. Estes animais são unicamente carnívoros, podendo alimentar-se apenas 1 vez por mês. As fêmeas põem cerca de 20 ovos em ninhos abandonados de outros animais  e incubam-nos durante 8 meses. As crias nascem com cerca de 30 cm. Em adultos, os dragões podem atingir os 3 metros de comprimento. Apesar de tomarem conta dos ovos, as fêmeas não  cuidam das crias. Até as podem comer. Por isso, as crias nascem mais coloridas do que os adultos para se poderem camuflarem na vegetação. Além disso, conseguem correr e subir às árvores, enquanto as mães não.
Estes animais podem nadar, embora não sejam bons nadadores. Pensa-se que povoaram as várias ilhas atravessando o mar a nado. 
Os machos podem viver 50 anos e as fêmeas 25 anos.
Um dado curioso é o facto de as fêmeas poderem reproduzir-se por partenogénese, ou seja, podem reproduzir-se sem ser fertilizadas por um macho. Neste caso, apenas nascem machos.



Em Flores, parecia que estávamos em Portugal. E a ilha tem um pouco de Portugal! Os missionários portugueses deixaram na ilha a fé cristã, fazendo com que ainda hoje a maioria da população daqui seja católica. Apenas demos uma volta pela cidade, fomos ao mercado, vimos peixe seco (como víamos antigamente na Nazaré), assistimos ao pôr-do-sol e jantámos peixe grelhado no calçadão junto à baía. 
A viagem tinha chegado ao fim e era o descanso das "guerreiras", só que não... leia até ao fim  e verá porquê. 

Funcionamento do barco com dicas para a viagem:
  - Quando se entra no barco, as mochilas vão para o porão e os sapatos ficam numa caixa. Cada pessoa deve ficar apenas com o essencial. Neste aspeto, a dica é que faça uma mochila pequena com o que vai precisar. Não se esqueça de colocar uma roupa mais quente para dormir (sobretudo se dormir no deck), fato de banho e toalha, produtos de higiene e uns chinelos. Não é preciso muita roupa, já que a maior parte do tempo vai andar de fato de banho.
   - Abasteça-se em terra. Se bebe ou fuma leve o suficiente para os 4 dias. Nós comprámos cerveja e uns amendoins (ou afins...). O barco tem uma grande arca cheia de gelo onde se colocam as bebidas devidamente identificadas (há uma caneta para marcar com o nome). Durante a viagem não há onde comprar.
   - Há alguns momentos mortos em que se pode apanhar sol, mas se levar um livro ou umas cartas vai dar jeito.
    - O barco tem eletricidade e pode carregar o telemóvel. Não precisa de ir preparado para isso. Se tiver cartão também vai ter internet em grande parte do trajeto. Porém, o período em que a luz está ligada é limitado, por isso é bom que leve uma lanterna.
     - A comida no barco é razoável e há água engarrafada. Não precisa de levar comida nem água, mas uns snacks podem dar jeito.
    - As instalações sanitárias são constituídas por um compartimento com sanita, um lavatório ao fundo de um corredor e um chuveiro para as pessoas passarem o corpo por água doce. Vi jovens com champô, mas francamente não achei de bom tom (a água doce é limitada, há gente à espera já que só há um chuveiro para todos os passageiros e o que sai do banho vai para o mar). 
    - Se tem tendência a enjoar, leve comprimidos para o enjoo. Não sei se é habitual, mas uma noite foi dura ao nível de balanços do barco (mesmo!).
   -Vá preparado para fotografar debaixo de água. Vai ter vontade. As proteções de telemóvel para a água não deixam fotografar. Foi o que eu levei. Não consegui tirar nem uma fotografia dos corais.
    - Não precisa de se preocupar com o material de snorkel. É fornecido.
NOTA: O que escrevo reflete o que vivi no barco, não sei se em todas as companhias é assim.




Hotel
Komodo Lodge - 1 noite: 36 €. Este alojamento está classificado no Booking com 2* e 7,2 na avaliação dos clientes, no entanto recomendo sem reservas. As instalações são novas, o quarto era grande e limpo, a casa de banho moderna e boa e ainda tem uma varanda. Dá para ir a pé do porto até lá. As fotografias que estão no Booking correspondem totalmente ao que encontrámos. Nada a dizer.


Balanço/desafios dos quatro dias da viagem de barco

Vantagens
- O preço. Como já disse esta foi a opção indiscutivelmente mais barata.
- O descanso. Depois de muitos dias de viagem, sabe bem 4 dias de puro descanso, mergulhos e sol.
- A experiência. Para mim, foi muito giro fazer a viagem.
- As visitas. Pelo que vi, nos tours de um dia não se faz tudo o que nós fizemos, embora se faça o principal, nem com tanto tempo.

Desvantagens
- A companhia em que reservei o tour de barco sai de Lombok em dias fixos (segundas e quintas), então é preciso programar a viagem tendo em conta o dia de embarque.
- O tempo de viagem. A opção do tour de barco ocupou 4 dias. Se a opção tivesse sido outra poderia ter tido dois dias para visitar Flores. Desta forma, não visitei a ilha, para além de uma volta na cidade.

Desafios
- Dependendo da idade, dormir no deck pode ser um desafio, já que se dorme em colchões colocados ao lado uns dos outros. No deck pernoitaram 24 pessoas. Pode não ser para todos.
- A idade dos companheiros de viagem. Para mim, foi engraçado, mas pode não ser para todos a convivência durante 4 dias com cerca de 30 jovens (os que dormiram no deck e os que tinham cabine)  na casa dos vinte e poucos anos.
- As condições precárias de banho. Para mim não foi um problema, mas percebo que tomar um banho de fato de banho em que só se passa água pelo corpo possa ser um problema para algumas pessoas.
- Como já disse, numa das noites, o barco balançou muiiito. Não sei se no deck se sente mais do que nas cabines nem se é o normal, mas deitada e ao escuro, sem perceber a real situação do mar, digo que foi bastante assustador.



Dia 23
Volta a Lisboa

Este era o dia de voltar a casa.
Ainda no barco, tinha recebido um e-mail da empresa onde tinha comprado o voo de Flores para Jacarta. Não liguei. Devia ser para fazer o check-in! Só que não era, e eu só descobri na noite antes do dia da partida. O que o e-mail dizia era que o voo tinha sido anulado. Como assim?! Nós precisávamos de estar em Jacarta a horas de apanhar o voo de regresso! Sinceramente pensei que tinha caído numa burla. Tentámos ir ao aeroporto. No alojamento disseram-nos que não valia a pena porque sendo muito pequeno fecha à noite. Restava comprar na internet dois bilhetes para outro voo. Não foi fácil, mas conseguimos. Veja dica 24.
Neste dia, dia do voo, fomos para o aeroporto e a primeira coisa que fiz foi ir ao balcão da companhia aérea explicar o sucedido com o bilhete comprado. Registaram a queixa. Veja a dica 25.

Dica 24 - Compre sempre os voos nas companhias aéreas e quando na companhia aérea não existe o voo que aparece noutros sites não arranje desculpas. O voo não existe!
Explico: quando procurei o voo de Flores para Jacarta aparecia-me um a uma hora muito favorável, só que indo à companhia aérea que o realizava, esse voo não existia. Ingenuamente (não sei o que me passou pela cabeça...) comprei o dito voo no site em que aparecia (uma empresa de Hong Kong). Quando expus a situação no balcão da companhia, no aeroporto, foi-me dito que esse voo existe realmente mas é substituído por outro, a outra hora (que foi o que apanhámos) no verão. Tenha cuidado. Nós até tivemos sorte porque o horário do novo voo ainda deu para apanhar o voo de regresso, em Jacarta, mas podia não ter dado.

Dica 25 - Vale a pena fazer reclamação. Reclamei no balcão da companhia aérea e mais tarde no site que me tinha vendido o voo. Contra todas as minhas expetativas, devolveram-me o dinheiro.


Balanço do dia
Além do stress em relação ao voo, há outro aspeto que merece um balanço e esse aspeto tem a ver com a dica 23. Como disse, na praia de areia cor-de-rosa não havia avisos para não apanhar a areia, nem a tripulação do barco me disse nada. Então apanhei talvez mais do que 1 kg de areia. Sou professora, e areia cor-de-rosa não é coisa que os meus alunos conheçam. Trouxe para ficar na escola. Quer dizer.... não trouxe. No aeroporto despachei a mochila grande e lá dentro ia a areia (e muitas outras rochas). Durante a espera, fui chamada a uma sala e a areia foi retirada. Fiz um choradinho e a muito custo deixaram-me trazer um pouquinho (uma mão-cheia). Não implicaram com as outras rochas. Fica o aviso.


Balanço final e custos
Naturalmente que o preço da viagem depende dos hotéis onde fica, das visitas que faz e como as faz, dos sítios onde come, das compras que faz, da capacidade ou jeito para negociar e do número de pessoas com que vai. No meu caso, fui com uma amiga. Dividi quarto e transportes. Se fosse sozinha teria ficado mais caro, se fosse com mais duas pessoas, teria ficado mais barato a cada uma. Comi em sítios modestos (mas raramente comida de rua) e poucos "recuerdos" trouxe (para além de rochas!). Em relação aos preços, por exemplo, dos transportes, vai encontrar na internet valores mais baixos. Não sei se são reais, o que sei é os que indico são os que consegui, em agosto de 2023. Somando os gastos que indiquei dá cerca de 2400 € por pessoa (total da viagem), sendo que mais de metade foi  para os voos. A esta despesa é necessário acrescentar o almoço, jantar e saídas à noite. O que gastei nesta viagem de 23 dias não chegou a 2800 €, certamente menos de um terço do que gastaria se fosse por uma agência. Porém, é preciso dizer que preparar a viagem deu trabalho e demorou tempo e que há sempre a incerteza se vamos conseguir fazer o que programámos, o que não acontece se formos por agência de viagens.  
Deixo uma mensagem para quem leu o meu relato e pondera fazer uma viagem semelhante:
Tentei fazer um relato objetivo e o mais sincero possível. Eu adorei fazer esta viagem, já a queria fazer há muito tempo e foi a concretização de um objetivo, mas leia com atenção toda a minha experiência e não desvalorize o que lhe parecer menos positivo. Foi uma viagem exigente e acredito que este modo de viajar não seja para todos. 

Pôr-do-sol nas Flores

Finalmente, uma dica extra para quem vive fora de Lisboa e que responde à questão: Onde deixar o carro 23 dias?
Vivo em Odemira e viajar para o aeroporto de transportes públicos não é opção (porque não os há à hora que preciso). Então, é preciso ir de carro e deixá-lo em Lisboa. Não o deixo em parque de estacionamento pago. Deixo-o numa zona residencial. Desta vez, foi em Camarate. Gastei 6,28€ no Uber que me levou de lá ao aeroporto.

Boa Viagem!

 
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