Roteiro pela Andaluzia, sem as cidades grandes


O roteiro que proponho é feito de carro (tem cerca de 1400 km, da primeira à última paragem e cerca de 1600 km desde a fronteira de entrada em Espanha até à fronteira de entrada em Portugal). Foi desenhado para mim, mas pode ser aproveitado por famílias que gostem de fugir à rotina e à sua zona de conforto e, por isso, inclui locais que já conheço.
Esta pode ser uma ótima oportunidade para passear com os seus filhos, mas também para estreitar laços e reforçar a cumplicidade na família e para desenvolver a capacidade de resolver problemas e de participar na tomada coletiva de decisões. A pensar nas famílias, tentei que o roteiro fosse variado.
Apesar de o foco não ser a praia, se for verão, leve fato de banho porque terá oportunidade de o usar. 
É possível que não consiga visitar todos os pontos que indico. Além disso, se seguir este roteiro vai passar perto de cidades com grande interesse (indico-as mas não as incluo por serem os destinos mais comuns na Andaluzia). Selecione os locais que lhe despertar mais interesse e investigue. Negocie com a família o roteiro final ou deixe para decidir ao longo do passeio. 
Vá disposto a mudar de planos, isto porque em cada local que proponho pode ficar uma hora ou um dia inteiro. É por isso mesmo que não indico tempos nem a duração do passeio. Tudo dependerá do ritmo e de quanto tempo quiser ficar em cada local.
Espero que seja uma experiência enriquecedora.

Proponho um roteiro com as seguintes paragens:


Não conheço a maior parte das paragens, por isso parte das fotografias não são minhas.

Antes de chegar à 1.ª paragem passará junto a Sevilha. Se não conhece, vale a paragem. Na volta, passará por aqui também.

 
Arcos de la Frontera

Arcos de la Frontera é uma aldeia da ruta de los Pueblos Blancos e, como nos restantes povoados desta rota, não espere encontrar monumentos espetaculares. A sua visita vale pelo pitoresco e pelo conjunto. A localização do povoado, no topo de um monte, permite uma ótima vista para o rio Guadalete, além de ser um lugar esplendido  para ver o nascer do Sol, segundo li.
Passando a Porta Matrona, único acesso que subsiste da antiga muralha árabe, chega-se ao centro histórico que é formado por ruelas estreitas de herança árabe (por isso deixe o carro no parque de estacionamento fora da muralha). O centro histórico de Arcos de la Frontera foi declarado Bem de Interesse Cultural.
No centro localiza-se a praça do Cabildo, em redor da qual se concentram alguns dos edifícios mais emblemáticos da localidade, como a Câmara Municipal e o Castelo Ducal, fortaleza muçulmana reconstruída no século XV. Frente a estes edifícios encontra-se o Parador de Turismo que ocupa a antiga Casa do Corregedor
Merecem ainda uma visita a Basílica de Santa María de la Asunción (séculos XIII-XIV) e a igreja de São Pedro
Entre os séculos XV e XVIII instalaram-se em Arcos de la Frontera algumas ordens religiosas, de que são vestígios os conventos da Encarnação (século XVI) e o da Caridade (século XVIII) e o hospital de São João de Deus (século XVI). 
Durante o passeio surgirão também algumas casas solarengas, como o palácio do Conde del Águila (século XV).
A festa mais importante de Arcos de la Fronteira acontece na Semana Santa, que se finaliza no Domingo de Ramos com o encerro do Touro da Aleluia.
Se quiser almoçar na terra saiba que os pratos mais tradicionais são o guisado com acelgas (uma sopa), a alboronía (prato feito com abóbora, grão-de-bico e tomate), bem como os guisados de carne e de peixe. 

Arcos de la Frontera. Foto de Diego Delso, via Wikimedia Commons


Rua de Arcos de la Frontera. Foto de Enrico, via Wikimedia Commons

 Jerez de la Frontera

Esta é a maior cidade do roteiro. Incluo esta paragem por considerar que merece uma visita, apesar de nunca a ver nos roteiros. 
Em Jerez pode visitar:

Alcázar Almohade
O termo "alcazar" vem do árabe al-qasr e é um conjunto de edifícios, cercado por uma muralha, sede do poder político e militar da época islâmica. O Alcazar Almohade foi construído no séc. XII, a sua muralha tem um perímetro de 4 km e cercava uma cidade de 46 hectares, com uma população de 16 000 habitantes.
Da fortaleza islâmica original estão preservadas as duas portas, a mesquita, os banhos árabes, a torre octogonal e o pavilhão do pátio Doña Blanca.
De épocas posteriores, há a salientar a Torre da Homenagem, do final do século XV, e o palácio barroco de Villavicencio e o Moinho de azeite, do século XVIII.

Pode consultar preços e horários aqui.

Catedral (séculos XVII-XVIII)
A construção desta igreja iniciou-se em 1695 e durou 80 anos. A sua elevação a catedral ocorreu em 1980.
O interior da catedral tem uma estrutura gótica, com 5 naves de diferentes alturas. Aí está desenhado um percurso, visitando-se a própria igreja e os "bastidores".
A fachada principal possui uma porta tripla e duas portas laterais, e é decorada com imagens e motivos barrocos.

- Igreja de San Miguel (século XV-XVI)
A construção da igreja de San Miguel começou no final do século XV e teve como inspiração a catedral de Sevilha e o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. No interior da igreja é de destacar o retábulo-mor.

É possível comprar bilhetes para a igreja de San Miguel e para a catedral combinados. Pode consultar preços e horários aqui.

- Antiga Câmara Municipal
Construído em 1575, é um edifício nobre com três fachadas, a principal para a Plaza de la Assunção, decoradas com motivos renascentistas. 

- Igreja de San Dionísio
Foi construída na primeira metade do século XV no estilo gótico-mudéjar, embora alterada por transformações barrocas no século XVIII. Após o terremoto de Lisboa em 1755, novas obras foram realizadas. O retábulo vale a visita. 

Se considera o programa demasiado extenso, visite apenas o Alcázar e a Catedral e passeie nas ruas do centro histórico. Será um passeio agradável.
Jerez de la Frontera (fotos minhas)

Cartuja Santa Maria de la Defensión ou Monasterio de las Hermanas de Belén
A caminho de Medina-Sidonia (próxima paragem deste roteiro), a pouco mais de 5 km de Jerez, vai encontrar um edifício (do lado direito da estrada) que vai dar nas vistas. É um convento do séc. XV. Páre. A igreja está aberta durante as missas (há uma ao fim da tarde) e os jardins e pátio principal está aberto de terça a sábado, das 07.00h às 19.00h. Se tiver a sorte de a sua passagem coincidir com a missa, entre na igreja porque vai ficar maravilhado com os cânticos.

Monasterio de las Hermanas de Belén (foto minha)


Medina - Sidonia

Existem vestígios da presença humana nesta região desde a Pré-história. Antes da ocupação cristã, a região foi ocupada pelos romanos, pelo império Bizantino e pelos muçulmanos. É uma terra pequena e simpática.
Andar pelas ruas pitorescas já vale a visita, mas pode aproveitar para ver as igrejas de Santa Maria la Mayor la Coronada, a de Santiago e a da Vitória, passar pelos Arcos de Belén e da Pastora, pela Porta do Sol ou pelo edifício da Câmara Municipal Praça de Espanha.

Antes da próxima paragem do roteiro passará próximo de Gibraltar. É uma possibilidade de visita.
Medina-Sidonia (fotos minhas)

Casares

É um dos povoados mais bonitos da província de Málaga, o que lhe valeu a declaração de Aldeia de Importância Histórica e Artística, em 1978.
A origem remonta à época romana, quando Júlio César encomendou a sua construção em agradecimento pela cura que obteve ao mergulhar nos Baños de la Hedionda. Apesar disso, o núcleo atual corresponde à época árabe.
Falando em baños, antes de apreciar o casario, pode parar nos Baños de la Hedionda que são uma nascente de águas sulfurosas, cuja temperatura oscila entre os 18ºC e os 20ºC. A sua utilização remonta ao final da Idade Média, embora as obras do edifício das Termas tenham começado no séc. XVII e o seu uso terapêutico a partir do séc. XVIII. Apesar do acesso ser gratuito, é obrigatório fazer a reserva na época alta, de julho a setembroAs reservas podem ser feitas neste site.

Casares (Fonte: Wikimedia Commons)

Ronda

Ronda é uma das mais bonitas terras da Andaluzia e é considerada o berço da tourada (a praça de touros de Ronda data de 1785, sendo a mais antiga de Espanha). A cidade esta dividida em duas por um desfiladeiro calcário com cerca de 100 metros de profundidade, conhecido como El Tajo de Ronda (penhasco de Ronda), por onde passa o rio Guadalevín e se localiza a Puente Nuevo (Ponte Nova), o ex-libris da cidade.
Apesar do nome, a Ponte Nova foi construída em 1793. Nas extremidades da ponte e em vários pontos da cidade há miradouros para o desfiladeiro. Os miradouros mais afamados talvez sejam o Mirador Puente Nuevo de RondaMirador de los Viajeros RomanticosMirador de Aldehuela, Mirador Paseo Blas Infante e o Mirador De Ronda.
Além da Ponte Nova, há muitos outros pontos de interesse na cidade. Desde logo, a Puente Viejo (Ponte Velha), construída em 1616, que permite a travessia apenas de pedestres.
A cidade era cercada por muralhas, onde existiam diferentes portas. A Puerta de Almocábar (séc. XIII) dava acesso à zona urbana pelo sul; a de Carlos I (séc. XVI) situava-se no extremo norte e a Puerta de La Exijara conduzia ao bairro judeu.
Situados bairro de San Miguel, os Banhos Árabes são abastecidos pelas das águas de Las Culebras,  através de um sofisticado sistema hidráulico. Conserva as três zonas habituais neste tipo de complexos termais: as salas de banho frio, morno e quente. Também se conservou a área de caldeiras que servia para aquecer a água, e que após a conquista cristã da cidade foi convertida para o tratamento de couros e peles. Ainda deste lado da cidade é possível visitar o Palácio e Jardins do Rei Mouro, em que o jardim se dispõe em vários patamares, bem como o Palácio do Marquês de Salvatierra, a Igreja de Santa María La Mayor, o Palácio de Mondragón, a Plaza Duquesa de Parcent e a 
Casa Museo Don Bosco. Do outro lado do rio, não deixe de passar pela Plaza del Socorro,  pela Câmara Municipal (Ayuntamiento), pelo Parador e Praça de Touros e tirar mais umas fotos nos miradouros deste lado. 
Vistas em Ronda (fotos minhas)

Ponte Nova - Ronda (Fonte: Pixabay)

Banhos Árabes de Ronda (Foto de Julia Kostecka, CC BY 2.0 via Wikimedia Commons)

No roteiro, mais à frente, encontrará outros banhos árabes. 


Zahara de la Sierra
A cidade de Zahara está localizada no Parque Natural da Serra de Grazalema, faz parte da ruta de los pueblos blancos e é considerada uma das mais bonitas da Andaluzia. Zahara foi palco de disputas entre mouros e cristãos e devido à sua localização, entre Sevilha e Ronda, foi aí construído um castelo que pode visitar se tiver coragem para enfrentar a subida.


Próximo do povoado existe a "La Playita" onde se pode dar um mergulho. Esta praia fica na Área Recreativa Arroyomolinos e é um lago em miniatura, próximo do grande lago (embalse de Zahara-El Gastor) formado no rio Guadalete que domina a região.


Setenil de las Bodegas


Setenil de las Bodegas também faz parte da ruta de los pueblos blancos.
Apesar de ter alguns monumentos para visitar, a característica mais deslumbrante de Setenil são as casas construídas sob as rochas e encaixadas nelas. As rochas foram aproveitadas como telhados das habitações ou "tetos" de ruas, o que ajuda a protegê-las do sol, calor e frio.
Andar pelas ruas de Setenil de las Bodegas por um par de horas será a melhor atividade que poderá aí fazer. 

Setenil de las Bodegas (Fotos minhas)

Caminito del Rey

Caminito del Rey original data de 1905 e era uma passagem a cerca de 100 metros acima do rio, com aproximadamente 3 km de extensão e 1 metro de largura, construído nas paredes do "Desfiladero de los Gaitanes", entre Ardales e El Chorro (Álora).
O caminho foi construído porque a Sociedad Hidroeléctrica del Chorro, proprietária do Salto del Gaitanejo e do Salto del Chorro, precisava de um acesso entre as duas quedas de água para facilitar tanto a passagem dos trabalhadores da manutenção como o transporte de materiais e sua vigilância.
Com os anos, o estado de deterioração do caminito foi-se agravando até que deixou de ter condições para ser usado.
Em 2014 iniciaram-se as obras de restauração e em 2015 o Caminito foi aberto ao público, agora com ótimas condições para todos o percorrerem. É um caminho bonito e embora as fotografias que deem a ideia de que é um caminho perigoso isso não é verdade. Foi em tempos perigoso sim, mas atualmente tem toda a segurança. Se o quiser fazer visite o site oficial e reserve os bilhetes aqui
Nota: a idade mínima para fazer o Caminito é de 8 anos.

Caminito del Rey atual e antigo (Foto de By Eliza Saroma-Stepniewska - Own work, CC BY-SA 4.0, via wikimedia commons)

Caminito del Rey (foto minha)

El Torcal de Antequera

A Área Natural de El Torcal de Antequera, próximo de Villanueva de la Concepción (quando chegar à povoação siga as indicações de El Torcal), é conhecida pelas formações rochosas aí existentes, sendo uma das mais  impressionantes paisagens calcárias da Europa.
Se vai com filhos, explique-lhes que toda esta área estava sob o mar até há 150 milhões de anos, tendo-se aí formado, por precipitação de carbonato de cálcio dissolvido na água, as rochas calcárias que vemos. Os movimentos tectónicos (se as crianças já fizeram o 7.º ano saberão o que são mas se esqueceram diga-lhes que são os movimentos das placas formam a superfície da Terra) forçaram a subida das rochas, formando elevações com cerca de 1 300 metros de altura. O calcário manteve os estratos horizontais originais, mas, ao longo dos anos, estes foram sendo erodidos pela água e pelo vento. A água da chuva dissolveu o carbonato de cálcio que constitui o calcário formando as incríveis formas (modelado cársico) que são visíveis hoje.

Junto à zona de estacionamento do parque encontra-se um centro de informação, um pequeno museu sobre a flora e fauna e a história geológica da região, um café (servem refeições) e um observatório astronómico. É o ponto de partida das caminhadas.

Existem três rotas pedestres no parque, marcadas com setas de cores diferentes. A rota verde é a mais curta e fácil. Tem 1,5 km e leva cerca de 40 minutos a ser feita. A rota amarela cobre a maior parte da área verde e tem 2,5 km. Tem vista panorâmica de Málaga. A rota vermelha é a mais longa e difícil. Tem 4,5 km e demora cerca de três horas a ser percorrida. Permite avistar toda a zona do Torcal e, em dias sem neblina, a costa africana.


El Torcal de Antequera (fotos minhas)

A cerca de 30 km do parque de Torcal fica a cidade de Málaga que vale a visita. A 33 km de Málaga fica Mijas também interessante.
Parando ou não em Málaga, se continuar o roteiro que proponho, o percurso até à próxima paragem é feito junto à costa. Se tiver intenção de fazer praia esta é a altura. Se não fez praia no percurso, não se preocupe, a próxima paragem também tem praia.


 Nerja e grutas de Nerja

As praias e a zona velha de Nerja, com as ruas estreitas e sinuosas, valem a visita. Os que se lembram da série "Verão  Azul" ainda podem encontrar o Barco de Chanquete à entrada da povoação. Pode-se visitar de canoa a chamada Gruta do Lobo do Mar (Cueva del lobo marino) ou La laguna, um "lençol" de mar cuja é abertura é de apenas um metro e meio, ou fazer praia. Porém, vou dar o destaque às grutas (Cueva de Nerja) que poderão ser visitadas em alternativa às de Aracena (última paragem deste roteiro) ou em acumulação com estas.
Classificada como Sítio de Interesse Geológico de Relevância Internacional, a Cueva de Nerja é uma gruta calcária com 4 283 metros, sendo que apenas um terço da extensão é visitável. As formações geológicas (espeleotemas) mais conhecidas são as estalactites, estalagmites e colunas, mas aqui há mais. Aliás, a gruta é considerada um "museu de espeleotemas", pela abundância, variedade e singularidade das formações aí presentes. Macarrão, discos, bandeiras, pérolas rupestres, nuvens, cones rupestres ou leite da lua são algumas variedades de espeleotemas existentes.
Os espeleotemas, rochas e sedimentos da Cueva de Nerja são importantes registos científicos, cujo estudo permite conhecer vários aspetos do passado, tanto da Terra como do ser humano. Por exemplo, o estudo dos espeleotemas fornece dados sobre o clima e a vegetação predominantes na região no passado e permite conhecer fenómenos geológicos ocorridos há milhares anos, como um grande sismo ocorrido há 800 mil anos e do qual há vestígios na câmara do Cataclismo.
A presença humana na Cueva de Nerja data de há cerca  de 40 000 anos. É possível ver pinturas rupestres antropomórficas e representações simbólicas e de animais, bem como peças de cerâmica e utensílios diversos. Numa das salas é ainda possível ver um enterro do ano 6 300 a.C. 
No site oficial aqui pode encontrar toda a informação, horários e comprar os bilhetes. Também pode comprar o bilhete aqui.

Praia em Nerja (foto de Tuxyso / Wikimedia Commons)

Cueva de Nerja (Fonte: https://www.cuevadenerja.es/)

Salobreña

Salobreña fica numa região com excelentes praias que pode aproveitar. Mas Salobreña tem também um interessante centro histórico com casas de fachadas caiadas, dispostas em volta do seu castelo árabe localizado no topo de um rochedo. A cidade tem origem na época fenícia, tendo sido povoada também por romanos e árabes até ser conquistada pelos Reis Católicos
Os diferentes bairros da cidade como La Loma, La Fuente, El Brocal e Albaycín contam com lugares medievais onde se abrem portões, abóbadas e janelas. Um passeio por estes bairros dar-lhe-á uma ideia de como era a terra em tempos remotos.
Com 320 dias de sol por ano e 6 km de praia, certamente que encontrará em Salobreña um ótimo sítio para fazer praia e apreciar a excelente comida da região.

Salobreña (fotos de Samu from Alpedret, Neil Thompson e Dirk Hartung via wikimedia commons) 

Até à próxima paragem poderá aproveitar a praia. Ao passar pela zona de Almeria aproveite para mostrar aos seus filhos o que é a agricultura intensiva e os seus malefícios ecológicos e humanitários. Poderá obter alguma informação lendo por exemplo este artigo.

De Salobreña para Tabernas, poderá fazer um caminho mais secundário e passar por Pampaneira, uma aldeia muito característica onde pode comer belos petiscos.
 
   Tabernas

A vila de Tabernas é muito pequena. Não é por ela que incluo este ponto no roteiro, mas sim pelo "deserto de Tabernas", que é o que a  Europa tem de mais próximo a um deserto. Esta é a região mais seca do Velho Continente, com temperaturas a variarem entre os -5 ºC e os 48 ºC. Em todos os sites que li, o conselho é que se visite o deserto de Tabernas na primavera ou outono, quando as temperaturas são mais amenas. Porém, se vai experienciar um dia no deserto, que melhor altura haverá se não o verão? Proteja-se e vá.
Devido às semelhanças com a paisagem de determinadas zonas do Arizona e da Califórnia, este "deserto" (tecnicamente é um semideserto) foi cenário para inúmeros filmes de cowboys. Os locais e cenários de filmagem deram origem a parques temáticos, havendo três próximos uns dos outros: Oasys MiniHollywood (aqui)- conta com shows ao vivo, visitas guiadas, oficinas para crianças, uma reserva zoológica com mais de 800 animais de 200 espécies, área de piscina e de restaurantesatividades educativas e organização de eventos e comemorações; Fort Bravo (aqui)- são apresentados diversos shows, tanto no saloon como na rua, há passeios de charrete, piscina, estúdio de fotografia, podem alugar-se cavalos e até há cabanas onde se pode pernoitar; e Western Leone, o mais pequeno dos três parques, mas onde também pode percorrer cenários de filmes e assistir a shows.
Deserto de Tabernas (Foto de Dgalan via Wikimedia Commons)

Fort Bravo (Foto de Luis Rogelio via Wikimedia Commons)

Este é o ponto mais distante deste roteiro. As seguintes paragens são de volta a casa.



    Guadix

Guadix é um dos assentamentos humanos mais antigos de Espanha. Foi uma importante colónia romana, chamada Julia Gemella Acci, e uma das primeiras dioceses cristãs do país. Sob o domínio muçulmano, a cidade adquiriu o traçado urbano árabe que ainda prevalece em algumas ruas. Nos séculos XI e XII, tornou-se, juntamente com Beaza, uma das taifas (pequenos reinos) mais prósperas.

Guadix tem diversos pontos de interesse, nomeadamente a Alcazaba (castelo mourisco), classificado como Monumento Nacional, a Catedral e as igrejas de Santa Ana, Santo Domingo e São Francisco, mas o mais característico do povoado é o bairro Las Cuevas, um bairro "troglodita", onde existem mais de 2 000 casas subterrâneas (cuevas) escavadas nos montes argilosos, em que muitas vezes apenas a entrada e a chaminé se encontram acima da superfície. A tradição troglodita surgiu após a reconquista, pelos reis católicos, tendo este tipo de casas sido o refúgio para minorias não integradas. Muitas destas casas estão a ser reabilitadas e algumas foram convertidas em alojamento para turistas que aí podem desfrutar de uma casa moderna com os benefícios (temperatura constante entre 18 ºC e 20ºC e silêncio) que lhe é dado pelo isolamento que a argila confere.

Em Guadix existe o Centro de Interpretação das Cuevas de Guadix (Praça Padre Poveda s/n), cujo bilhete custa 2,60€. Aí pode descobrir história destas construções, saber como viviam as pessoas, as suas tradições e ofícios. 
Na povoação também existem miradouros que permitem ver as casas, sendo possível visitar algumas delas.

As casas subterrâneas não são exclusivo de Guadix. Em povoados próximos, como Almagruz e Sacromonte, também existem. 

Vista geral de Guadix (Foto: https://commons.wikimedia.org)




















Guadix (foto de https://guadix.es/turismo/barrio-de-cuevas/)





































































 





































































Entre Guadix e a próxima paragem passará próximo de uma cidade fantástica -  Granada






















































Jaén
Jaén é a capital da província com o mesmo nome. É conhecida pela "Capital Mundial do Azeite de Oliva"(li que há na região 65 milhões de oliveiras) e dizem ser uma cidade encantadora.
Dos vários pontos de interesse destacam-se o Castillo de Santa Catalina, a Catedral de Jaén e os Banhos árabes.

No cume do Cerro de Santa Catalina já existia, no século IX, uma fortificação muçulmana, mas após a conquista da cidade por Fernando III, em 1246, foi construído o castelo cristão que existe hoje. No século XIX, aquando a invasão das tropas napoleónicas, o castelo sofreu uma série de remodelações. Perto do castelo, na década de 60 do séc. XX, foi construído o edifício que alberga hoje o Parador Nacional (pousada). Do castelo é possível ter uma visão de toda a cidade.
O preço do bilhete para entrar no castelo é de 3,50€, mas à quarta feira a entrada é gratuita. Existem autocarros do centro da cidade até ao castelo. 
Todas as informações sobre horários, o autocarro ou outras podem ser consultadas no site oficial do castelo (aqui).



A Santa Igreja Catedral da Assunção da Virgem é a catedral de Jaén e o monumento mais emblemático da cidade. Foi construída no século XVI, no estilo renascentista, sendo considerada uma das mais bonitas da Espanha.
A catedral pode ser visitada das 10h30 às 14h30 e das 16h30 às 19h30, de segunda a sábado, e das 16h00 às 19h30 aos domingos. O bilhete de entrada custa 8,00€, mas pode ser comprado conjuntamente com a entrada na catedral de Baeza (próxima paragem) custando 14,00€.

Catedral de Jaén. Foto de Alejandro Flores, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

Construídos no século XI, os Banhos Árabes estão localizados na parte subterrânea do Palácio Villardompardo e são os maiores que podem ser visitados em Espanha. 
Após a conquista da cidade por Fernando III, a utilização destes Banhos continuou durante os primeiros anos do domínio cristão. Pensa-se que foi entre os séculos XIV e XV que a função de banho desapareceu, quando os cristãos passaram a usar as instalações para o tratamento de couro.
No final do século XVI, Dom Fernando de Torres y Portugal, Conde de Villardompardo e Vice-Rei do Peru, construiu o seu Palácio por cima dos Banhos, deixando-os em parte escondidos entre as fundações e caves. Assim permaneceram durante os séculos XVIII e XIX.
Em 1913, uma pequena parte dos Banhos foi descoberta e atualmente a estrutura destes Banhos Árabes está classificada como Monumento Nacional.

Os Banhos estruturavam-se em 4 áreas diferentes: o vestíbulo, de mármore e arcos vermelhos e brancos, a que se seguia a sala fria e as salas morna e quente. Existiam caldeiras contíguas à sala quente que filtravam seu calor mediante um sistema de chaminés dispostas entre os muros das dependências. O chão da sala era formado por pequenos pilares de tijolos por onde circulava o vapor do ar quente. 
Atualmente, o Palácio alberga, para além dos Banhos Árabes, o Museu Internacional de Arte Naïf e o Museu de Artes e Costumes Populares

O Palácio (e os Banhos) está fechado à segunda feira e a entrada é gratuita. Pode ver os horários de funcionamento no site oficial (aqui).
Banhos Árabes de Jaén (Foto de https://www.xn--baosarabesjaen-rnb.es/)

Baeza   Úbeda

Faz sentido visitar Baeza e Úbeda em conjunto devido à sua nítida complementaridade.

Baeza e Úbeda são duas pequenas cidades próximas (distam pouco mais de 9 km), cujos Conjuntos Monumentais Renascentistas são Património Mundial da UNESCO, desde 2003. Estes Conjuntos Monumentais têm uma dimensão urbana e uma dimensão arquitetónica e refletem as importantes transformações que ocorreram nestas cidades de passado islâmico e posterior tradição mudéjar (estilo artístico que se desenvolveu nos reinos cristãos da Península Ibérica, que incorpora influências, elementos ou materiais de estilo ibero-muçulmano), durante o século XVI, com o advento do Renascimento.

A importância dos Conjuntos Monumentais Renascentistas de Úbeda e Baeza é um exemplo excecional da dualidade complementar mantida por estas duas cidades desde o século XVI (período do seu crescimento socioeconómico). Esta dualidade pode ser percebida através da distribuição das funções urbanas dos seus conjuntos monumentais, com funções públicas, eclesiásticas e educativas em Baeza e com funções nobres e palacianas em Úbeda.

Baeza é uma cidade calma, onde passear nas ruas já é uma lição de história. São inúmeros os edifícios históricos da cidade, conforme pode ver neste mapa:
Mapa de Baeza (Fonte: https://www.ciudadespatrimonio.org/publicaciones/mapa-turistico/2021-Mapa-Turistico-Baeza.pdf)

No entanto, há três praças que devem merecer especial atenção: Plaza de Santa Maria, Plaza de Santa Cruz e Plaza del Pópulo

A Plaza de Santa Maria está localizada no centro histórico de Baeza e é um ótimo ponto para começar o passeio. No centro da praça encontra-se a Fonte de Santa Maria (n.º 13 do mapa), um monumento que comemora a chegada da água à cidade, em 1564. A rodear a praça pode observar as Casas Consistoriales Altas (n.º 12 do mapa), cuja construção remonta ao século XV e em cujas paredes se pode admirar os brasões de Juana la Loca e Felipe el Hermoso. Ainda na praça encontra-se a Catedral da Natividade de Nossa Senhora (n.º 11 do mapa) que assenta num antigo templo romano, posteriormente transformado em templo visigótico, depois em mesquita e finalmente, em 1227, em catedral. Também merece uma visita o Seminário de San Felipe Neri (n.º 10 do mapa), fundado em 1660. O edifício deixou de servir como seminário em 1969 e atualmente é a sede da Universidade Internacional da Andaluzia. A sua fachada é em cantaria  sóbria, destacando-se a porta principal com arco semicircular. Contudo, o que mais chama a atenção neste edifício são as inscrições em letras vermelhas feitas por ex-alunos com as quais pretendiam encorajar-se e deixar um registo da sua passagem pelo seminário. 
Plaza Santa Maria (Fonte: https://turismo.baeza.net/pt/imprescindiveis/)

Na Plaza de Santa Cruz pode visitar a Igreja de Santa Cruz (n.º 7 do mapa), o Palácio Jabalquinto (n.º 8 do mapa) e a antiga Universidade (n.º  2 do mapa). 

A Igreja de Santa Cruz é de estilo românico tardio, uma raridade na Andaluzia. É composta por três naves separadas por colunas românicas e tem duas capelas góticas que correspondem a ampliações. De pequenas dimensões, apresenta um exterior românico austero que contrasta com o estilo renascentista do Palácio Jabalquinto, que fica em frente. A porta principal, sustentada por colunas com capitéis de folha de acanto, provém da antiga igreja de San Juan Bautista, outro templo românico de Baeza.  A porta sul é original, também semicircular com arquivoltas que incluem pontas de diamante. Uma terceira porta localizava-se na parede norte, mas foi tapada aquando da construção da capela gótica.

Em frente à Igreja de Santa Cruz encontra-se o Palácio Jabalquinto, um dos maiores expoentes do estilo gótico tardio. Foi construído no final do século XV. 
A fachada exterior do palácio é em estilo gótico com variadíssimos elementos decorativos e a porta principal tem um arco ogival, em cujos "troncos" sobem 14 figuras de crianças. Acima estão quatro janelas gradeadas com colunas de mármore. Podem-se observar oito escudos, quatro do senhor de Jabalquinto e quatro de sua esposa, Doña Beatriz de Valencia. A fachada é encimada por cinco arcos semicirculares.
O pátio do palácio também é renascentista, embora mais tardio, pois foi construído quase um século depois da fachada. O jardim é neoclássico.
O palácio deixou de ser residência senhorial em 1720. Até a década de 1970 foi utilizada como Escola Menor. Mais tarde, foi sede da Escola Oficina de Reabilitação do Património Baeza.

Baeza é uma cidade universitária, tendo a Universidade sido criada em 1538 por uma bula do Papa Paulo III. A localização original da universidade é onde atualmente está sediado o Museu Baeza. 
A estrutura do edifício da antiga Universidade corresponde à tipologia típica dos palácios renascentistas: um amplo pátio de duplo arco e uma escadaria coberta por uma cúpula de caixilhos. A fachada está organizada em três pisos e o pátio ou claustro é formado por dupla arcada com arcos semicirculares sobre finas colunas toscanas. Na cave fica a antiga prisão estudantil. 
Este conjunto completa-se com a capela de San Juan Evangelista concluída no início do século XVII. A fachada principal forma um corpo único com o edifício principal e podem ser vistos os escudos do fundador. 
Palácio Jabalquinto e antiga Universidade (Fonte: https://turismo.baeza.net/pt/imprescindiveis/)

A Plaza del Pópulo tem no centro uma pitoresca fonte com quatro leões - Fuente de los Leones (n.º 6 do mapa) - de crinas encaracoladas que deitam água pela boca e "cuidam" da figura de Imilce, princesa ibérica esposa do general cartaginês Aníbal
Além da fonte, aqui encontra o antigo talho (n.º 5 do mapa), hoje edifício judicial. O antigo talho, um edifício do século XVI, destinava-se à recolha e venda de carne. Na fachada do edifício pode ver um grande escudo imperial, elemento muito presente na ornamentação de Baeza. Uma águia bicéfala com coroas, símbolo importado da heráldica alemã, protege o emblema. 

O edifício situado no lado sul da praça é a Casa do Pópulo (n.º 4 do mapa), edifício plateresco (um estilo arquitetónico exclusivo do Renascimento espanhol) da primeira metade do século XVI que alberga o Posto de Turismo. O nome deve-se ao facto de antigamente uma tela da Virgen del Pópulo estar pendurada numa das suas varandas. Este é mais um exemplar da arquitetura renascentista de Baeza, em cuja fachada se destacam grandes escudos, o imperial e o municipal, entre outros detalhes e ornamentos.
 
Ligado à Casa do Pópulo estão a Porta de Jaén e o Arco de Villalar (n.º 3 do mapa).
A Porta de Jaén pertencia à muralha medieval que Isabel, a Católica, mandou destruir em 1476. Os confrontos entre famílias, ocorridos nas ruas de Baeza, serviram de pretexto para a rainha inutilizar a muralha. A Porta foi reconstruída durante o reinado de Carlos I.
Adjacente à Porta de Jaén está o Arco Villalar, construído em 1521 para comemorar a vitória do Imperador Carlos I sobre as Juntas Comuneras da cidade de Villalar (Valladolid). Juntas Comuneras foram grupos de castelhanos rebeldes que se opuseram, entre 1520 e 1522, à governação de Carlos I. Em Baeza, onde também ocorreram disputas comunais, a família Carvajales, leal ao rei, ordenou a construção deste arco para celebrar o triunfo militar.
Plaza del Pópulo (Fonte: https://turismo.baeza.net/pt/imprescindiveis/)

Todas as informações sobre Baeza, incluindo a gastronomia típica e o seu património, podem ser encontradas neste site.

Em Úbeda, existem outros tantos monumentos para visitar e ruas para percorrer, além de uma agenda cultural intensa. Este é o mapa de Úbeda:

Mapa de Úbeda (Fonte: https://www.ciudadespatrimonio.org/publicaciones/mapa-turistico/2021-Mapa-Turistico-Baeza.pdf)

Se quiser ver um mapa mais completo pode aceder aqui.

O impressionante conjunto de palácios de estilo renascentista italiano de Úbeda é a melhor prova do poder da nobreza dos séculos XV e XVI. 
Um ótimo ponto para começar a visita à cidade é a Plaza Vázquez de Molinao centro do complexo monumental mais importante da cidade. Rodeada por um conjunto de edifícios civis e religiosos construídos em apenas cinquenta anos, esta praça constitui o grande complexo arquitetónico renascentista de Espanha e um dos mais importantes da Europa. Aqui encontra o Palácio Juan Vázquez de Molina (n.º 1 do mapa), construído em meados do século XVI, em cuja cave pode visitar o Centro de Interpretação sobre Andrés de Vandelvira, o arquiteto do edifício e um dos melhores arquitetos do Renascimento espanhol. Ainda nesta praça fica Palácio de Dean Ortega (n.º 2 do mapa), também construído por Vandelvira, em meados do século XVI, a Basílica de Santa Maria dos Alcáceres Reais (n.º 6 do mapa), a principal igreja da cidade, que ocupa o local da antiga mesquita principal da cidade e é o resultado de um processo muito longo de construção que vai do século XIII ao século XIX, e o Palácio do Marquês de Mancera (n.º 3 do mapa), construído no final do século XVI e início do século XVII. Este palácio é uma das casas com torre, um elemento que faz lembrar as antigas torres com função de defesa dos castelos, mas que num contexto urbano não tem qualquer significado, a não ser representar o poder dos donos da casa.

Ainda neste núcleo de monumentos, há a visitar a Capela Sagrada de El Salvador (n.º 4 do mapa), sem dúvida o templo mais ambicioso de toda a arquitetura privada do século XVI, e, muito perto, o Hospital de los Honrados Viejos del Salvador (n.º 5 do mapa). No final da rua ergue-se a porta mudéjar de Santa Lucía, que fazia parte da muralha medieval. Esta porta situa-se numa praça com o mesmo nome, onde um miradouro nos oferece as mais espetaculares vistas da área envolvente. 

Plaza Vázquez de Molina (Fonte:CC BY 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=14624841)

Na vizinha Plaza del Ayuntamiento encontramos, numa esquina, o Palácio Vela de los Cobos (n.º 11 do mapa). Foi construído na segunda metade do século XVI e serviria de modelo para numerosos palácios de então. É um dos poucos palácios que ainda são habitadas pelos seus proprietários.

Muito perto fica a Plaza 1º de Mayo, popularmente conhecida como Paseo del Mercado, porque é aqui que o mercado da cidade é feito desde a Idade Média. No centro está o monumento a San Juan de la Cruz e num dos cantos da praça encontramos as Antiguas Casas Consistoriales (n.º 9 do mapa). Estas foram construídos em 1604, seguindo o modelo dos edifícios públicos civis do Renascimento italiano. Da galeria superior, os membros do conselho assistiam a todos os eventos públicos, como touradas ou execuções, que aconteciam nesta praça.
A praça é dominada pela bela Igreja de San Pablo (n.º 8 do mapa), fundada no século XIII sobre uma mesquita anterior. 

Igreja de San Pablo (Fonte: Daniel Villafruela, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons)

Os serviços de turismo de Úbeda desenharam 4 percursos pedestres na cidade:
- Rota do Renascimento do Sul (duas horas e meia de duração e passa por 15 monumentos/locais de interesse)
- Rota dos Bairros Tradicionais (duas horas de duração e passa por 13 monumentos/locais de interesse)
- Rota das Três Culturas (duas horas de duração e passa por 12 monumentos/locais de interesse)
Rota do Bairro Alfarero e Santo Tomás (uma hora e meia de duração e passa por 7 monumentos/locais de interesse)
Existe um guia (aqui) com a descrição de cada uma destas rotas e onde se indicam também outros percursos guiados e contactos das empresas que os fazem.

Aqui pode encontrar tours a pé em Úbeda e em Baeza. Alguns são pagos e outros gratuitos (no final dá-se uma gorjeta ao guia no valor que entender).

Até à próxima paragem haverá várias pequenas aldeias onde vale a pena parar e passará por Córdoba, que vale muito uma visita. 


Carmona

A apenas 30 km de Sevilha, Carmona é uma cidade pitoresca que vale a visita. As suas origens remontam ao Neolítico (entre 10 000 a. C. a 2 200 a. C.), tendo sido encontrados vestígios desta época nos arredores. Destaca-se pela monumentalidade e pelos vestígios das diferentes culturas que povoaram o local ao longos dos tempos, nomeadamente tartessos (povo que habitou territórios do sul da Península Ibérica e cuja civilização prosperou entre os séculos VIII e IV a.C. - ver mapa), fenícios, romanos e árabes.

Ocupação dos Tartessos (Fonte do mapa: International Journal of Modern Anthropology. 2(19): 1154 - 1181 DOI: http://dx.doi.org/10.4314/ijma.v2i19.6)

Igrejas, palácios e muralhas fazem parte do património do centro histórico de Carmona, dominado pela imponente fortaleza, o Alcázer del Rey Don Pedro (ou Alcázar de Arriba). De facto, D. Pedro I de Castela apenas mandou restaurar, no século XIV, a fortificação que já existia desde o século X. Aquando do restauro foi construído um grande palácio semelhante ao que construiu em Sevilha. 
O terramoto de Lisboa de 1755 afetou fortemente a fortaleza (se visita Carmona com filhos, esta pode ser uma ótima para falar do catastrófico evento que foi o terramoto de 1755).

Ao sair do recinto do Alcázar, é possível avistar o "cubete", um forte de forma oval que foi construído na época dos Reis Católicos, no final do século XV. Este tipo de forte foi construído em resposta aos avanços tecnológicos aplicados aos conflitos bélicos, a partir do século XV, que exigiam fortalezas muito mais resistentes. Por isso, as fortalezas com forma quadrangular, muito mais fracas nos ângulos, foram sendo substituídas por estruturas de formas cilíndricas e ovais, como neste caso. Esta fortaleza serviu de modelo a outras que mais tarde foram construídos na Península Ibérica. 

Dentro das antigas muralhas, o bairro antigo de Carmona conserva aspetos de medina árabe e são abundantes as casas em estilo mudéjar, construídas entre os séculos XV e XVII e edifícios renascentistas e barrocosSão também numerosas as igrejas. Destacam-se a igreja de Santa María la Mayor, construída no século XV sobre uma antiga mesquita árabe, a de São Felipe (século XIV), em estilo mudéjar, e a de São Pedro, cuja torre se assemelha à Giralda sevilhana.O roteiro por Carmona pode continuar com a visita ao Convento das Descalças e ao Alcácer da Porta de Sevilha, de origem cartaginesa. 

Não muito longe do centro, podem ser visitados a Necrópole e o Anfiteatro, cuja descoberta ocorreu no final do século XIX.
A Necrópole remonta a cerca do século I, sendo a cremação o ritual funerário mais comum. Os cadáveres eram cremados em queimadores escavados na rocha, que às vezes também serviam como sepulturas.
Em frente à Necrópole encontramos o Anfiteatro, que era utilizado para espetáculos de animais silvestres e outros eventos artísticos e culturais.

Carmona (Fonte: https://turismo.carmona.org/)

O site (aqui) do turismo de Carmona é muito completo. Nele pode encontrar não só a descrição de cada monumento, como toda a informação que possa precisar se quiser visitar a terra.

Para chegar à última paragem, volta a passar junto a Sevilha.


Aracena - Gruta das Maravilhas

Monumentos como o castelo-fortaleza e a Igreja do Priorado anexa (século XIV), os Antigos Paços do Concelho (século XV), a igreja de Nossa Senhora da Assunção (século XVI) ou as ermidas mudéjares (séculos XV e XVI), o Museu de Arte Contemporânea ao Ar Livre (MACA), o Museu do Presunto – Centro de Interpretação do Porco Ibérico e o Centro de Interpretação Aracena são algumas das atrações de Aracena. Contudo, em Aracena nenhuma atração é maior do que as suas grutas.

A Gruta das Maravilhas fica por baixo da localidade de Aracena. A primeira referência histórica desta gruta data de 1850, mas foi aberta ao público em 1914, sendo a primeira com exploração turística em Espanha.
O comprimento total deste complexo subterrâneo é de 2 130 metros, dos quais 1200 são visitáveis. Na caverna, a temperatura é constante, entre 16º C e 19ºC, e a humidade ronda os 98%.
A visita à gruta faz-se em grupo e com guia, num percurso circular com duração aproximada de 50 minutos. Depois de uma descida por escadas, o primeiro grande espaço de paragem é na chamada Sala das Conchas, onde a água é abundante. Daí passa-se às salas seguintes: o Salão dos Brilhantes e a Sala dos Mantos de Manila, a primeira com cristais e a segunda com estalactites de várias cores. Mais adiante fica o grande lago, o último ponto antes de chegar ao segundo nível, onde grandes colunas dão as boas-vindas à Sala da Catedral. Depois só faltará conhecer a Vidraria de Deus, a Sala dos Grãos de Bico, com seus pequenos cristais, e finalmente, antes da saída, a Sala dos Desnudos. 

O número de visitantes por dia está limitado a 1000 pessoas, pelo que deverá reservar os bilhetes (aqui) e estar na entrada da gruta 10 minutos antes da hora marcada para a visita. Os bilhetes incluem a descida à gruta, a visita ao castelo e a visita ao Museu do Presunto e o seu custo é diferente consoante a altura do ano. Poderá encontrar mais informação sobre as grutas (horários, custo dos bilhetes, etc) e sobre Aracena aqui.

Gruta das Maravilhas (Fonte: https://www.andalucia.org/es/la-gruta-de-las-maravillas-un-tesoro-bajo-tierra)

Em Aracena está a cerca de 70 km da fronteira (Rosal de la Frontera).
Boa viagem!



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