Peru, Bolívia e Chile com paragem em Toronto - Roteiro (parte 3 -Chile e Toronto)

No final do artigo anterior (aqui), estávamos no 16.º dia do roteiro. Até aqui, o nosso itinerário tinha sido este:
Lima - Paracas - Nazca - Arequipa - Puno - Cusco - Machu Picchu - Cusco - La Paz - Uyuni - Salar de Uyuni.

Ao 16.º dia, estávamos, ao fim da manhã, a atravessar a fronteira entre a Bolívia e o Chile, de autocarro. O nosso destino era São Pedro de Atacama, com a expetativa de passar a tarde a descansar.
Ora vamos ver o que aconteceu...


DIA 16
Algures no Salar de Uyuni -  San Pedro de Atacama
Quando o autocarro parou em São Pedro de Atacama, depois de cerca de 1 hora de viagem, era por volta do meio dia. Fomos de táxi até ao alojamento (Hostal Miskanty). Pusemos as malas e voltámos ao centro do povoado para almoçar. No caminho passámos pela agência de passeios em Atacama Flávia Bia, que tínhamos contactado meses antes, por email. Esta agência é de uma brasileira que nos tinha dito, nesse contacto, ser impossível fazermos, no mesmo dia, os dois passeios que pretendíamos e que o melhor seria escolhermos presencialmente, uma vez que não faziam todos os passeios diariamente. Esta conversa, a possibilidade de nos atrasarmos na chegada a São Pedro de Atacama e a incerteza de nesta altura do roteiro ainda estarmos capazes de fazer passeios levou-nos a não marcar previamente nada para São Pedro de Atacama. Vimos a oferta que Flávia Bia tinha e os respetivos preços e fomos andando, que o estômago já dava horas.
Assim que entrámos na rua principal percebemos que oferta de passeios em Atacama não falta (fica a dica). Há uma agência em cada esquina (li que havia 50 agências registadas). Comprámos um passeio para a tarde numa dessas agências, voltámos à Flávia Bia para comprar o passeio do dia seguinte e demos umas voltas no povoado. Quando regressámos do passeio já era noite. Isto é que foi uma tarde de descanso!!

Apreciação do dia:
A ligação entre a Bolívia e o Chile, por autocarro, está bem coordenada com os passeios no Salar de Uyuni. Tudo bateu certo. Quando entrei em São Pedro de Atacama tive a sensação que já conhecia a terra. Tudo me era familiar, não sei bem porquê. A "fauna" humana que aí se encontra é muito especial. A terra terá uns 3000 habitantes mas tem outros tantos jovens mochileiros de todo o mundo, a fazer lembrar o festival do Sudoeste há 20 anos (LOL). Há muitos brasileiros, alguns dos quais que já se fixaram, daí que seja fácil encontrar passeios com guias que falam português. Na terra, a maioria das ruas é em terra batida e, como vive sobretudo do turismo, os preços estão inflacionados.
O salar de Atacama e o vale da Lua são muito diferentes dos que tínhamos visitado na Bolívia. Não achei tão bonito mas a paisagem continua a ter cores indescritíveis. Considerei uma falha da agência em que comprámos o passeio o facto de não nos terem avisado das condições físicas necessárias para o mesmo. Tivemos de andar por cima e por baixo de pedras, nada adequado a alguém com menos destreza física, o que não é o nosso caso mas podia ser.
Em relação à hospedagem, o Hostal Miskanty não fica exatamente no centro mas em 10 minutos a pé estamos na rua principal. Tem uma cozinha para os 5 ou 6 quartos (foi o único hotel sem pequeno almoço incluído). Todos os quartos dão para um enorme quintalão com estendal (para nós foi importante, uma vez que, como disse no primeiro artigo, uma das amigas perdeu a mala - ver o relato aqui). Recomendo.

FOTOS DO DIA
(não liguem às datas e horas, as máquinas estavam baralhadas)
Calle Caracoles, rua de San Pedro de Atacama onde tudo acontece .

Formação a que chamam "Três Marias", no Valle  de la Luna, embora uma das Marias tenha sido destruída, ao que parece, por um turista.

No Valle de la Luna, o aperto entre as rochas não dá para ter claustrofobia. 

O salar do Atacama não tem nada a ver com o de Uyuni mas a paisagem continua bonita.



Valle dela Muerte

O contraste das cores do céu, do vulcão e da rocha envolvente é realmente maravilhoso.

Pôr do Sol no deserto de Atacama. Bonito, não é?


DIA 17
São Pedro de Atacama
Hoje íamos ficar em Atacama. É importante que, à medida que a viagem se aproxima do fim, se abrande a correria. Já não temos propriamente 20 anos! Mas esta paragem não significou que passámos o dia a descansar, já que pouco passava das 6 da manhã quando nos levantámos. Era cedo mas estávamos com esperança que valesse a pena. E valeu!
A escolha recaiu sobre as Lagunas Altiplânicas (Miscanti e Miniques), com passagem pelo trópico de Capricórnio e digo-vos, a paisagem é de cortar a respiração.  O passeio incluía pequeno-almoço. Não sei se voltarei a comer uns ovos mexidos num sítio tão espetacular.
De volta a São Pedro da Atacama, esperava-nos um almoço no quintal anexo às instalações da agência. Também estava incluído.
Quando tudo terminou, já estávamos a meio da tarde. Agora é que íamos descansar!
Ou talvez não... que sentada estou eu todo o ano!
Até há hora de jantar, não houve buraco em San Pedro de Atacama que não metessemos o nariz! (LOL)

Apreciação do dia:
Há agências que fazem este passeio mais barato mas, não conhecendo as outras, gostei do trabalho da Flávia Bia. Fomos às lagunas sozinhas numa carrinha, sem pressas. Confesso que estar no trópico de Capricórnio também foi uma emoção (embora não tenha nada demais).
Quando o dia chegou ao fim, estávamos cansadas mas felizes.

FOTOS DO DIA
(Não liguem à hora das fotos)










DIA 18
São Pedro de Atacama - Santiago do Chile
Finalmente acordámos tarde (praí... às 9.00h LOL). Resolvemos dar mais uma voltinha no povoado, não sabendo nós que íamos encontrar uma festa. No dia 30 de Agosto comemora-se, em São Pedro de Atacama, o dia de Santa Rosa de Lima. Não percebi nada da festa, já que, sendo uma comemoração religiosa, parecia mais um carnaval. Diferentes grupos desfilavam, uns vestidos com roupas coloridas e outros de urso ou coisa parecida.
Ainda houve tempo para percorrermos o mercado de artesanato outra vez e de almoçar calmamente. A seguir fomos de táxi para Calama, onde se localiza o aeroporto mais perto. O trajeto faz-se numa hora e meia mas nós contámos com duas horas, não fosse haver algum imprevisto.
Em 2011 tínhamos viajado pelo sul do Chile e nessa altura ficámos com pena de não ter ido à capital do país. Tinha chegado o dia.
Por voltas das 21.00h chegámos ao aeroporto de Santiago (que infelizmente já conhecíamos desde o primeiro dia de viagem - vejam porquê aqui), apanhámos um táxi e fomos para o alojamento, que aqui foi o Hostal de la Barra.
Quando fomos jantar já era tarde mas na zona do alojamento não faltavam restaurantes e bares.

Apreciação do dia:
Fiquei com pena de não visitar mais coisas em San Pedro de Atacama, nomeadamente o maior observatório astronómico do mundo (ALMA) que fica a 50 km de San Pedro e cujas visitas são gratuitas e até incluem transporte, mas que ocorrem apenas ao sábado e ao domingo e com marcação (aqui) (fica a dica).  
Durante o voo adorei ver as explorações de cobre, a céu aberto. Se fizerem a viagem de dia, tentem ficar num lugar à janela. As grandes escavações são realmente impressionantes.
Em relação ao hostal de Santiago, é, como todos os outros, simples mas bem localizado e agradável. Era um mini apartamento com kitchenette. O pequeno-almoço foi básico, com produtos deixados nessa mini cozinha. Recomendo.

FOTOS DO DIA







DIA 19
Santiago do Chile
Tínhamos marcado, pela internet (aqui), uma visita guiada ao Palácio da Moneda, que é gratuita. Por isso, às 9.30h já estávamos no palácio. Fomos a pé, de forma a ter uma noção da cidade.
Quando saímos do edifício, e antes de começarmos a explorar a cidade, mais uma manifestação de professores (os professores perseguem-nos!).
Não fizemos grande programa. Basicamente andámos pelas ruas da cidade. Fomos à catedral e ao mercado, onde almoçámos. Atravessámos jardins e acedemos a miradouros.
À noite jantámos próximo do hotel, num restaurante bem catita.

Apreciação do dia:
Conhecer o Palácio é conhecer a história do Chile. Gostei. A cidade é grande e podia ser de um qualquer país da Europa (já tinha sentido o mesmo em Buenos Aires). Tivemos a hipótese de, neste primeiro dia, ver tudo o que tínhamos programado e, no dia seguinte, ir a Valparaíso, mas decidimos não o fazer. Seria arriscado, tendo em conta a hora do voo e era preciso acalmar. 

FOTOS DO DIA
Parte das fotografias deste dia e do seguinte ainda estão num telemóvel que entretanto avariou. Por isso, partilho as possíveis...










DIA 20
Santiago do Chile - Toronto
Logo de manhã fomos à La Chascona, a casa de Pablo Neruda em Santiago. Faz-se um percurso por dentro da casa. Muito giro.
A seguir subimos o Cerro de San Cristóbal de funicular. Infelizmente, estava muita nébula (ou poluição) e a paisagem não foi a que poderia ter sido. Depois de percorrermos o bairro dos artistas, almoçámos e demos mais umas voltas.
Estava na hora de apanhar o táxi para aeroporto. A noite dormiríamos a bordo!

Apreciação do dia:
Foi um dia calmo. Se podíamos ter visto mais coisas em Santiago, podíamos mas não nos apeteceu. Deu para sentir a cidade.
O Chile e Portugal não têm nada a ver mas, tal como da primeira vez em que estive no país, senti-me em casa. Inexplicavelmente, senti-me em Santiago como em Lisboa. 

FOTOS DO DIA



Estivemos quase para aproveitar a excursão!


DIA 21
Toronto - Cataratas do Niagara - Toronto - Lisboa
Chegámos ao aeroporto de Toronto por volta das 6 da manhã. É claro que não dormi nada! O voo para Lisboa era às 23.10h, o que dava um dia livre. Tínhamos uma de duas opções: ou dávamos uma volta pela cidade ou íamos às Cataratas do Niagara. Tendo em conta todo o roteiro e a noite sem dormir, previmos (e acertámos) que deveríamos estar cansadíssimas e portanto a opção foi irmos às Cataratas e em excursão. Por isso contratámos uma agência, por internet, que nos fosse buscar ao aeroporto. A primeira que contactámos apenas partia do centro de Toronto mas deu-nos o contacto de uma outra que ia ao aeroporto (aqui).
O passeio foi uma típica excursão turística, com paragem em lojas e prova de vinhos. Apesar de tudo, o passeio cumpriu o objetivo. Gostei de ir a Queenston e de ver que até as vinhas da região parecem jardins e ainda gostei mais de ver as cataratas. São realmente espantosas.
Percebe-se que as pessoas daqui vivem bem, qualquer que seja o referencial que tenhamos mas se estamos a chegar da América Latina ainda parece que vivem melhor.... 

Apreciação do dia:
O voo que escolhemos era, de longe, o mais barato, isto porque, à primeira vista, era o pior. O número de horas que mediava a saída de Santiago e a chegada a Lisboa era enorme e era fácil excluí-lo à partida. Mas, como disse aqui, há voos maus que afinal são excelentes e este deu-nos a oportunidade de ver uma das maravilhas do mundo.

FOTOS DO DIA







DIA 22
Chegámos a Lisboa pouco passava das 11 da manhã. Era hora de voltar para casa e dormir?
Era, mas quando o pai faz 75 anos ainda há umas coisas a fazer: Pegar no carro, conduzir 80 km para norte, tomar um banho e almoçar com a família. Depois, fazer mais 300 km rumo a Sul e finalmente dormir, que o dia seguinte era dia de trabalho!


FINALMENTE...
Apesar desta viagem ter começado no dia 13 de Agosto, iniciámos a sua organização nos finais de Janeiro. Os voos de ida e volta foram comprados no final de Março (começo sempre pelos voos) e nos meses de Abril e Maio fizemos a maior parte das reservas. Algumas destas reservas foram pagas apenas no local, outras pagámos na altura em que as fizemos. Porém, tentámos, nem sempre com sucesso, pagar antecipadamente apenas uma parte.
Pagar passeios antecipadamente deixou-nos um pouco desconfortáveis mas o que é certo é que correu tudo bem e ninguém se "esqueceu" de nós.
Foi necessário fazer visto para entrar no Canadá, o que também fizemos pela internet.
Em relação ao dinheiro, levámos dólares americanos, dólares canadianos e euros, mas parte das coisas pagámos com cartão de crédito.
Referi que em La Paz, o pequeno almoço foi muito fraquinho. E nós somos pessoas de alimento! Então fica aqui a dica: não se esqueçam de levar na mala de porão qualquer coisa que se possa comer em situação de crise (LOL). Nós levámos um paio, que é coisa que não se estraga. Além disso, também levámos, como sempre, pacotes de café instantâneo. É que na maioria dos países, o café é péssimo.

Agora vamos a contas:
Esta viagem (toda a viagem, não apenas a parte que relato neste artigo) organizada por uma agência teria custado seguramente mais de 6 mil euros a cada uma. Planeada por nós não chegou a metade, mesmo sendo feita em época alta e com um voo de ida e volta a ultrapassar os 1200 euros.
É possível fazer esta viagem ainda com menos dinheiro. Os alojamentos em que ficámos, sendo todos eles simples, não eram os mais baratos que encontrámos. Comemos sempre refeições completas em restaurantes, não evitámos gastar dinheiro em visitas, comprámos os assentos de autocarro mais caros, fomos ao Salar de Uyuni numa das agências mais caras e fizemos os transferes de e para os aeroportos em táxi.

Se está à procura de alojamento, pesquise aqui. NÃO PAGARÁ MAIS e ajudará a manter o Vou Andando. Obrigada.


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