Dicas para escolher roteiros de agências de viagens

Nem toda a gente gosta/quer/pode viajar por conta própria. É a essas pessoas que dedico este post, sobretudo às que não têm grande experiência na análise das propostas das agências de viagens. É evidente que o que é importante para umas pessoas, não é para outras, mas os aspetos que listo são os que considero mais importantes na avaliação do preço da proposta e na sua adequação aos nossos gostos e, portanto, a ver com atenção na hora de comparar propostas. Em relação ao que escrevo sobre cruzeiros, estou a "pensar com os dedos das mãos", já que nunca fiz nenhum.

1) Itinerários: Podem parecer todos iguais mas há sempre algumas diferenças. Vale a pena pesquisar previamente sobre o destino que se pretende (ler blogues/sites de viajantes "profissionais" é uma boa forma) e fazer uma lista dos locais que, para nós, são mais importantes ou que não podem faltar. Depois é só comparar a nossa lista com as propostas que temos. Por exemplo: num circuito a Itália valerá a pena incluir Pompeia? Para umas pessoas sim, para outras pessoas não. Ou: um itinerário inclui Pompeia e outro Milão, qual escolher? o segredo é pesquisar, umas pessoas irão escolher o primeiro, e outras o segundo. Outro exemplo: no Peru, um circuito faz Lago Titicaca - Cusco - Machu Picchu - Lima, outro faz mais ou menos o inverso. Qual será melhor? Pesquisando verão que o segundo é melhor porque permite ao corpo habituar-se à altitude. 
Tenha atenção ao tempo previsto no itinerário em cada local. Uma vez apareceu-me um que se chamava "Oslo e fiordes da Noruega" mas a Oslo chegava-se à noite e partia-se no dia seguinte de manhã, ou seja, não estava prevista a visita a Oslo.

Outra coisa que vale a pena é ler a descrição dos itinerários e perceber o significado. Por exemplo: A descrição diz "visita panorâmica a Paris" - isto significa que vão dar uma volta de autocarro pela cidade. Ou outro caso: o itinerário prevê um jantar ou uma experiência num local romântico. Imaginem que vão sozinhos na viagem. Equacionem se vale a pena. Ou: o itinerário prevê um passeio a pé por uma montanha e vocês não são dados a passeios a pé. O conselho é ler tudo muito bem para não ter surpresas e defraudar expetativas. 

Vou fazer aqui uma referência aos cruzeiros.

Fonte: https://pt.pngtree.com

Por vezes há ofertas de cruzeiros bastante tentadoras, mas é necessário que o entusiasmo não nos impeça de ver:
  • De onde sai o cruzeiro. Em grande parte dessas boas ofertas, o embarque é em Barcelona. É, portanto, necessário somar ao preço inicial, a viagem de ida e volta a Barcelona e, muito provavelmente, uma dormida na cidade na ida e outra na volta. Façam contas. 
  • Itinerário do cruzeiro: Há cidades que "naturalmente" fazem parte dos circuitos turísticos (terrestres). Por exemplo, quantos circuitos a Itália, de agência, não incluem Roma? poucos certamente. Então, valerá a pena fazer um cruzeiro que inclua Roma? Há que pensar bem nas cidades que vamos visitar num cruzeiro. 
  • Visitas opcionais. Normalmente, os cruzeiros oferecem a opção de em cada porto se fazer uma excursão à cidade correspondente. Essas excursões são caras. Na expetativa de não elevar o preço, há pessoas que resolvem não comprar as ditas excursões e fazê-las por conta própria. Nesse caso, ATENÇÃO: deve-se ver bem os portos/cidades onde os navios atracam. Alguns destes portos ficam a mais de 70 km da cidade (é o caso do porto que serve Roma). Há portanto que contabilizar o custo desses passeios e prever a forma como os vão fazer.
Há ainda outros aspetos dos cruzeiros que importa considerar:
  • Escolher ou não o "tudo incluído" - Normalmente esta opção inclui todas as bebidas. Mas será que é uma mais-valia? Veja a diferença de preço e pense no que costuma beber neste tipo de circunstâncias antes de optar.
  • Escolha de "quarto" - Cabine interior ou exterior, com ou sem varanda faz toda a diferença no preço. Pondere antes de escolher. Outra coisa que vale a pena ponderar é a localização da cabine. As que ficam mais próximas das áreas mais movimentadas (piscinas, restaurantes, áreas de entretenimento) são as que podem ter mais barulho e movimentação mas também as que têm janelas maiores e melhor vista e provavelmente as que não necessitam de elevador. 
2) Tardes/manhãs livres: Há quem goste, há quem não goste. Uma coisa é certa, o preço dos circuitos difere consoante estejam previstas mais ou menos manhãs/tardes livres. Quem escolher circuitos com mais tempos livres deverá ter noção que o preço inicial vai subir com a contratação de excursões opcionais. Quem optar por circuitos com mais tempo livre para passear de forma autónoma precisa de ter atenção em que momento estão previstas essas manhãs/tardes livres. Haverá alguma coisa para fazer? o hotel fica aonde? no centro de uma cidade e dá para dar uma voltinha, ou no meio do nada? a ideia é ficar no hotel a descansar?

3) Refeições: É outro fator que influência o preço dos circuitos ou das estadias em resorts. A opção de "tudo incluído", por um lado, tira a liberdade de escolha mas, por outro, dá a (quase) certeza de que a comida será adaptada ao nosso gosto (ponto positivo ou negativo, dependendo das pessoas) e evita andar à procura de onde comer (e de experimentar comidas novas....). Na expetativa de tornar a viagem mais barata, muitas vezes opta-se por não incluir as refeições, mas ATENÇÃO que em alguns países comer em restaurante (se for essa a opção) é bastante caro e nem toda a gente consegue comer comida de rua (local).
Em férias de resort, o "tudo incluíndo"  restringe a possibilidade de fazer passeios mais longos ou leva a desperdiçar esse serviço. Por vezes, no "tudo incluído" pode-se ter um "upgrade" (muito usual em resorts) para incluir todas as bebidas. Valerá a pena? vão fazer uso do serviço? Há que ponderar.

4) Hotel. Há quem dê muita importância, há quem não dê assim tanta. A minha experiência em circuitos organizados diz-me que (quase) sempre os hotéis correspondem à expetativa dada pela agência. Mas, mesmo assim, vale a penas fazer uma série de perguntas (em vez de ficar preso só ao número de estrelas):
  • O hotel corresponde ao tipo de férias que quero ter? Por exemplo: vou para um resort com uma criança e quero fazer férias de piscina com umas idas à praia - O hotel tem piscina para adultos e crianças? são boas? tem animação para crianças? a praia fica perto? é boa? OU quero almoçar e jantar no hotel - O hotel tem vários restaurantes?
  • Onde fica o hotel? Quero aproveitar e conhecer a cidade à noite - O hotel fica no centro da cidade? Não fica, mas há transportes? Prefiro um hotel de 3 estrelas no centro de uma cidade, ou de 5 estrelas longe?
  • Que serviços tem o hotel? Por exemplo: o circuito é longo e não quero andar carregado com malas nem lavar a roupa à mão - O hotel tem lavandaria?
  • O hotel é adequado ao meu feitio, fobias e manias. Por exemplo: Tenho medo de andar de elevador - O hotel é um arranha céu? Ou: Vou carregado de malas - O hotel tem elevador? Ou ainda: Tenho fobia a osgas e outros bichos - O hotel é um bungalow rodeado de floresta? 
Vale sempre a pena dar uma espreitadela na internet e ver os hotéis que a agência propõe.
5) Tipo de guia: Quando se compra uma viagem organizada, ninguém esquece de perguntar em que língua é guiada. Há, no entanto, outros pormenores que muitas vezes nos escapam. Que tipo de guias nos vão acompanhar?
Um guia turístico (em Portugal chama-se oficialmente guia-intérprete) tem a função de acompanhar os turistas em viagens e visitas a locais de interesse (museus, monumentos...) zelando pelo seu bem estar. Durante os circuitos têm que prestar informações de caráter histórico, cultural ou outros.
Um correio de turismo trabalha como representante da agência de viagens. Presta informações aos clientes e assegura que o programa é cumprido. Nos programas aparece referenciado como "nosso representante".
Um transferista tem por tarefa orientar os turistas que chegam aos aeroportos e acompanhá-los até ao local de hospedagem.
Um guia pode desempenhar tarefas de transferista e de correio de turismo. O contrário não é válido. Em muitos países, apenas pessoas com carteira profissional de guia turístico podem acompanhar grupos e prestar informações em monumentos e locais históricos. Daí que nos programas propostos pelas agências se refira que o grupo é acompanhado por um representante da agência e depois visita determinado monumento com um guia local.
Já vi programas em que o grupo apenas é acompanhado pelo representante da agência e em que não se fala de guia. Para algumas pessoas isso pode não ter importância, mas é sempre bom saber o que se pode esperar de cada profissional. Não esperem que este acompanhante vos forneça todas as informações sobre a história do local. Não é suposto dá-la (embora por vezes isso aconteça).

Atualmente existem agências que oferecem outro tipo de acompanhantes. São os chamados líderes de viagem. Os líderes não são guias turísticos. São pessoas (por vezes até figuras públicas) que conhecem muito bem o destino e que acompanham pequenos grupos, fazendo a viagem com eles. Mais do que fornecer informação sobre os locais, os líderes promovem experiências.

6) Pequenas mordomias. Estou a falar, por exemplo, de serviço de carregamento de bagagens ou de oferta diária de água. Penso que não será por isto que se vai optar por uma proposta ou não mas é bom saber se estes serviços estão incluídos ou não.

Fonte: https://pt.pngtree.com

Boas escolhas!

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