Viagens com "pedras" - parte 3

Desta vez, a viagem com "pedras" inclui uma visita anunciada, uma surpresa, uma experiência melhor do que esperava, um quase desalento e uma emoção de quase chegar às lágrimas.

Turquia - 2004
Esta viagem foi um misto de circuito organizado e de viagem por conta própria. A primeira semana foi feita em excursão. A segunda, por nossa conta.
Na escolha do circuito, apareciam uns que incluíam a Capadócia, cuja descrição não passava de qualquer coisa como: «visitará chaminés de fadas, extraordinárias formações rochosas, onde segundo a tradição popular viviam personagens de fantasia».  Isto às minhas companheiras de viagem passava ao lado.

Depois de ler e reler os roteiros, estavam em cima da mesa duas ou três propostas. Caía a preferência sobre uma delas, quando eu digo: alto aí, esta não! Porquê? perguntavam as minhas companheiras. Ora, porque não vai à Capadócia! E a Capadócia é o que nos ficará na memória desta viagem! Pronto, elas encolheram os ombros e pensaram "lá temos nós de ver uns pedregulhos".
E foi assim que vimos as, até hoje, intituladas «Fadas do Lar». É este o nome que uma das minhas amigas chama às chaminés de fada. E não é por brincadeira, é porque acha mais jeito ao nome!

Chaminés de fada (foto minha - digitalizada)


A viagem prosseguiu e numa tarde, quando eu pensava que vinham aí mais umas ruínas, aparece esta formação espantosa - Pamukkale. É pena nessa altura ainda não haver (ou eu não ter) fotografias digitais. São o equivalente às nossa grutas calcárias mas à superfície.

Pamukkale (foto minha - digitalizada)


Peru - 2017
Quando percebi que os passeios em Paracas incluíam normalmente a praia Roja, isto é de areia vermelha, fiquei descansada. Não era preciso esforçar-me. Apesar disso, não tinha grande esperança que a areia da dita praia fosse da cor que a via na internet. Mas é! Vermelha!

Praia de areia vermelha - Peru (foto minha)

Vimos a praia do topo da falésia... a areia vermelha estava ali tão perto e ao mesmo tempo tão inacessível. Chegou a hora de ir embora e eu não levava a areia comigo.
A agitação apoderou-se de mim. Por um lado queria trazer a areia, mas por outro não queria atrapalhar o passeio de 6 pessoas. E descer para apanhar a areia não demoraria menos de meia hora.
Eu parecia o Calimero em versão ainda mais triste do que é costume.
Foi então que o guia reparou em mim e me perguntou o que se passava. Disse-lhe que queria muito trazer areia... ao que me respondeu qualquer coisa como: «Mujer, no te vas sin las piedritas».
E pronto, lá fui eu e o senhor, não à praia mas a um sítio mais próximo dela, onde havia a dita areia. E trouxe uma garrafa com areia vermelha, que afinal eram mesmo pedrinha redondinhas. Mais umas gerações de alunos a verão.


Bolívia - 2017
Quando se lê as descrições das agências de viagens sobre os lugares é sempre bom não elevar demasiado as expetativas. Tinha lido que o Valle de la Luna é "um lugar onde o passar do tempo em conjunto com a erosão provocou a formação de uma paisagem que muito se parece com um mundo paralelo". Isto pouco me disse. Vi fotografias, mas mesmo assim pensei «isto pode ser muito giro...ou então uma desilusão...». Contudo, como ir é o melhor remédio, fui!
E fiz bem. É realmente diferente, pela dimensão das colunas e dos sulcos e pela extensão. A água esculpiu, em arenito, sulcos, formando-se, assim, colunas de metros, em vez de centímetros, como estamos habituados a ver.


Valle de la Luna, perto de La Paz - Bolívia (foto minha)


E agora comigo:

Valle de la Luna, perto de La Paz - Bolívia. Estou em cima de um passadiço (foto minha)

E finalmente....
A emoção aproximava-se!
Percorríamos, de jipe, a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, no deserto Siloli, na Bolívia. Eu sabia perfeitamente ao que ia, já havia agitação em mim.  O condutor não percebia a minha emoção. Nunca ele tinha guiado uma turista tão entusiasmada! As minhas duas colegas tinham uma ideia, que conviver comigo dá nisto, e as três alemãs, que nos acompanhavam, no alto dos seus vinte anos, não faziam a mínima ideia do que se aproximava. Como se deduz pela fotografia, deviam estar a pensar «logo nos foi calhar esta tuga maluca!». Tenho a sensação que, por elas, nem tínhamos parado!

Árvore de Pedra - Bolívia. Enquanto as minhas companheiras registam o momento para a posteridade, duas das alemãs pensam: «mas isto nunca mais acaba?» (foto minha)


Expliquei ao guia que este é o exemplo de erosão eólica que primeiro conheci e que tinha medo de um dia a Árbol de Piedra cair (sim, um dia ela parte-se e cai) e de não a conhecer como a vi toda a vida, nos livros. Digo-vos, foi uma grande emoção!

E agora a tuga maluca:

A Árvore de Pedra é o resultado da erosão do vento sobre um bloco de tufo vulcânico (foto minha)

continua...

Podem ler relatos de outras viagens com "pedras" em parte 1,  parte 2, parte 4 e parte 5.



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