Transportes - parte 1: O comboio

Quando se viaja pode utilizar-se diferentes meios de transporte. Desde logo, o avião, mas também o comboio, o barco, o carro, o táxi (devem concordar que, a maior parte das vezes, o táxi é um tipo de carro muito especial, que merece referência especial...), o autocarro e outras camionetas e, no meu caso, também a motorizada, para não falar dos pés... é um meio de transporte... pelo menos quem já percorreu 240 km a pé! Prometo que um dia irei de bicicleta! (estou com os dedos cruzados para a promessa não valer, que andar de bicicleta cansa).

Quanto ao avião, não há histórias, ou melhor há, mas são, provavelmente, mais indicadas para contar numa consulta de psicólogo/psiquiatra do que num blogue. Adoro o momento de entrada no aeroporto e a ideia de andar de avião. Sabe-me a férias. Mas, paradoxalmente, tenho medo de andar de avião. Passo o tempo de viagem a tentar perceber se o avião está a ganhar ou perder altitude, se as hospedeiras estão com ar sereno ou não, se os barulhos que oiço são normais, se a asa está a funcionar bem... e mesmo que esteja a morrer de sono, nunca durmo (e até me irrita quem dorme). Enfim, uma canseira.
Eu disse que era assunto para psicólogo!

Arrumado o assunto dos aviões, vamos ao comboio e desta vez para começar pelo fim, a última vez que andei de comboio em viagem. Foi em 2015 e a viagem decorreu de Hanoi para Sapa (Vietname).

A viagem ao Vietname foi feita por conta própria, com uma amiga. Programámos tudo, incluindo a viagem noturna de comboio da capital do país à região a norte, onde iríamos ver os terraços de arroz. Comprámos os bilhetes pela internet e escolhemos compartimento com cama (que ir uma noite inteira num banco de pau já não é para a nossa idade). Pouparíamos, assim, tempo (a viagem é noturna) e dinheiro (evitávamos uma noite de hotel).
Sabíamos que o compartimento tinha 4 camas, mas quanto a isso nada a fazer já que não havia só de duas. Isto significava que teríamos de dividir o espaço com outras duas pessoas e, consequentemente, rezar para que não ressonassem nem se queixassem do meu "respirar alto"... (eu não ressono!).

Tudo preparado, chegou o dia.

Vamos andando... que o comboio não espera(Foto minha)


Chegámos cedo. O compartimento era minúsculo e as camas em beliche. Calhava-nos uma cama no "rés-do-chão" e outra no "primeiro andar". Fiquei com a de cima. As camas eram estreitíssimas (passei a noite a acordar com medo de cair) mas o meu pouco mais que metro e meio permitia pôr a mochila aos pés. Sim, não havia sítio para pôr a mochila, que não aos pés da cama! Aí veio a primeira dificuldade: como "lançar" a mochila para o primeiro andar? Eu mal conseguia com ela, quanto mais pô-la nas alturas. Nada que moço que por lá passou não conseguisse fazer facilmente (nesta altura ainda não tínhamos companheiros(as) de "quarto") . Assunto resolvido!

Eis se não quando surge a segunda dificuldade, esta bem mais difícil de resolver: Como é que eu subia para a cama?
É certo que havia uns apoios para os pés mas eu não chegava a eles...
Pensei... "isto deve ter um truque" e fui a outro compartimento  perguntar a umas moças. Não havia truque... nem dificuldade... para quem tinha metade da minha idade (eu e minha amiga éramos as pessoas mais velhas daquele comboio) e tem pernas que são meu tamanho!

Reduzida ao meu tamanho, lá voltei para o compartimento. Este vídeo mostra como subi para a cama.
Nota: no vídeo dcometo um erro científico. A unidade de temperatura é grau Celsius e não graus centígrados. Às vezes calha...


Agora, só faltavam os (as)  companheiros (as). 

E os companheiros chegaram!

Dois matulões de 1,90 m (sabe Deus como se arrumaram naquelas camas com as mochilas...), suíços.
Sou incapaz de relatar condignamente a entrada deles naquele compartimento, mas garanto-vos que consegui ler o pensamento dos rapazes! Sabem aqueles placards que existem nas farmácias que mostram a temperatura e outras informações? parecia que tinham um na testa com os pensamentos, de tão claros que eram! 
E o "placard" dizia: "Oh que grande azar, com tantas moças novas no comboio, logo nos foi calhar estas idosas, com idade para serem nossas mães!!"

Lembrar-me da cara deles à entrada do "quarto" ainda hoje me faz rir.

P.S. Os rapazes não ressonaram!


Continua...
Podem ler a parte 2 desta história aqui.

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